SALA LUÍS OTAVIO BURNIER: CASA DA SINFONICA


Edifício que abriga a Sala Luis Otávio Burnier (Foto: Teo Taveira)

Nomeada em 1996 em homenagem ao falecido ator da Unicamp, a sala recebe a Sinfônica cerca de 60 vezes por ano, segundo a Cotea

Não bastou ser um dos precursores brasileiros dos estudos de antropologia teatral. Luís Sartori Burnier Pessôa de Mello foi além. Falecido em 1995, em Campinas, o ex-professor da Unicamp deixou marcas nos mais diversos segmentos artísticos do Brasil e da região. Dentre suas principais realizações está a idealização e formação do Laboratório Unicamp de Movimento e Expressão (Lume), além da criação e direção de diversas peças teatrais. Entre elas Burna, 1974; La Statuaire Mobile, 1978; Curriculum, 1979, Hablando Com El Cuerpo, 1981, e Linguagem do Corpo, 1982.

No cotidiano da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas o ex-diretor e ator também é lembrado. Isso porque o teatro onde acontecem os concertos oficiais da OSMC leva, desde 1996, o nome Sala Luis Otávio Burnier. A introdução da alcunha ocorreu um ano depois de sua morte, como forma de homenagear o artista. Antes o espaço era chamado de Teatro do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes. Segundo Ricardo Pereira da Silva, coordenador da Coordenadoria de Teatros e Auditórios (Cotea), a Sinfônica registra anualmente cerca de 60 presenças no teatro.  



Placa fixada acima da entrada da Sala Luís Otávio Burnier
(Foto: Teo Taveira)

“A Sala Luís Otávio Burnier é hoje o mais importante e procurado teatro de Campinas. Principalmente agora, que o Castro Mendes está fechado para reforma”, explica. Ele conta que a agenda do espaço tem eventos marcados em todos os dias da semana. “O agendamento deve ser feito com, no mínimo, 60 dias de antecedência”, alerta o coordenador, completando: “para este ano, por exemplo, não há mais disponibilidade”.

Biografia - Luís Otávio Burnier (São Paulo, 1956 – Campinas, 1995)
Luís Otávio Sartori Burnier Pessôa de Mello - diretor e ator. Intérprete e performer de largos recursos, ligado à antropologia teatral, um dos fundadores e líder do grupo Lume.

Luís: juventude (Foto: Google Imagens)

Cursa artes plásticas no Conservatório Carlos Gomes de Campinas, formando-se em 1969, ali também freqüentando cursos de interpretação e direção teatral. Entre 1976 e 1980 faz o curso de estudos teatrais do Institut d'Etudes Theatrales da Sorbonne Nouvelle, Paris, França. Conhece as manifestações asiáticas em 1979, num curso sobre kathakali, no Centre Mandapa, e a Ópera de Pequim, com Mme. Tang (do Musée de l'Homme), na Sorbonne. Em 1983 inicia-se na Antropologia Teatral, através de um estágio com Tereza Nawrot, aprofundado, no ano seguinte, com Togeir Wethal e Roberta Carreri, no Odin Theatr de Eugênio Barba. Em 1985, obtém o mestrado na Sorbonne Nouvelle com uma tese sobre formação do ator. Nos três anos seguintes, faz cursos de mímica nas escolas de Etiènne Decroux e Jacques Le Coq, além de dança moderna com Cynthia Briggs.

Imagem de divulgação da peça “Kafka”, uma das produções recentes do Lume

(Foto: Google Imagens)

Essa formação múltipla leva-o a ministrar aulas no curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, onde cria o Laboratório Unicamp de Movimento e Expressão, LUME, iniciando a pesquisa e divulgação mais estruturada da antropologia teatral no país. Cria, dirige e interpreta muitos espetáculos, com destaque para Burna, 1974; La Statuaire Mobile, 1978; Curriculum, 1979, Hablando Com El Cuerpo, 1981, e Linguagem do Corpo, 1982. Em 1983 faz a direção de atores de Rei Lear, de Shakespeare, montagem de Celso Nunes para o Teatro dos Quatro.

Logo do Lume

Após a criação do LUME dirige Macário, 1984; Circo da Paz, de Juan Rulfo, em Campinas, 1986, e O Guarani, de Carlos Alberto Soffredini, em 1986, no Teatro Ruth Escobar. Em 1988 encena Kelbilim, O Cão da Divindade, solo do ator Carlos Simioni. Em 1991 encena Wolzen, uma adaptação livre da Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues. Em 1995 inicia a direção de Cnossos, com o ator Ricardo Puccetti, trabalho que não chega a concluir, falecendo em meio ao processo.

Burnier participa, ainda, de incontáveis eventos em diversas partes do mundo, ligados à pesquisa, ensino ou divulgação das técnicas da antropologia teatral. Torna-se membro da International School of Theatre Anthropology, ISTA, em 1992. É o tradutor brasileiro de duas importantes publicações: Além das Ilhas Flutuantes e A Arte Secreta do Ator - dicionário de antropologia teatral, ambos escritos por Eugênio Barba.

Analisando seu trabalho, anota a professora Suzi Frankl Sperber: "Com sensibilidade fina, atores e Luís Otávio apreenderam aquilo que caracteriza o universo dos simples do interior do Brasil. Este que parece arcaico e rústico, é uma sabedoria. Está no não dito, na ação, sobretudo nos gestos, na postura física, no corpo do excluído e das personagens. O que é dito não é representação: fundamentalmente é - dando força ao não dito. Este revela e ao mesmo tempo faculta a contemplação e a quietude. Entrelaça atores, personagens e público, num congraçamento que se assemelha a um ritual e com uma força e uma vitalidade que estão fazendo falta no cenário das artes cênicas".

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural Teatro

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