CONCERTO OFICIAL NO FINAL DE SEMANA

Tocando obras de Debussy, André Caplet, Ravel e Joaquin Rodrigo, a OSMC terá a participação do flautista Rogério Wolf; o concerto será regido por Parcival Módulo

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas se apresenta, em concerto oficial, nos próximos dias 09 e 10, com a regência de Parcival Módulo. As apresentações acontecem às 20 e 11 horas, respectivamente, na Sala Luis Otávio Burnier.

No programa, as obras “Children’s Corner”, de Debussy e André Caplet; “Ma mere l’oye, Suíte”, de Maurice Ravel; e “Concerto Pastoral”, de Joaquín Rodrigo. No programa, o solista convidado é o flautista Rogério Wolf.

Segundo a professora e doutora em música Lenita W. M. Nogueira, a obra “Pavane pour une infante défunte”, de Ravel, foi escrita originalmente para piano em 1899. Embora alguns estudiosos acreditem que a infanta do título seria a princesa Margarita, filha do rei Felipe IV, Ravel afirmou que o título não faz menção a nenhuma princesa. Teria sido uma brincadeira de Ravel, que gostou da pronúncia francesa de “infante défunte” e por isso colocou este nome na obra.

A obra “Ma mére I'Oye” (Mamãe Gansa), também de Ravel, baseada em contos de Charles Perrault e da Condessa  d’Aulnoy, foi escrita em 1908 para dois pianos. Ravel, gostava muito de crianças e por isso fez essa peça inspirada em contos de fadas.

De Joaquín Rodrigo, “Concerto Pastoral” reflete a atmosfera ensolarada da Espanha e tem ecos tanto da música barroca espanhola como das melodias populares e instrumentos tradicionais de seu país.

Peça de Debussy, com transcrição para orquestra de André Caplet, “Suite Children’s Corner” é bastante conhecida em sua versão original para piano, composta entre 1906 e 1908. Sua música, formada por seis peças contrastantes, que são por muitas vezes executadas isoladamente, é uma superposição contínua de elementos musicais, sem vínculo com temas, motivos ou ritmos.

Serviço: Concerto oficial, dias 9 e 10, com a regência de Parcival Módulo. Sala Luís Otávio Burnier, às 20 e 11 horas, respectivamente. As entradas são vendidas no local, ao preço de R$ 20,00. Estudantes, idosos (acima de 60 anos) e aposentados pagam meia entrada. As bilheterias são abertas das 16 às 21 horas, de terça a sábado, e das 10 às 11 horas aos domingos. Mais informações no telefone (19) 3232-4168.    

Programa:

MAURICE RAVEL (Ciboure, 1875-Paris, 1937)
“Pavane pour une infante défunte”

Ravel tinha ascendência basca e sua cidade natal, Ciboure, fica próxima à fronteira da França com a Espanha. Por isso composições inspiradas neste país são recorrentes na sua obra, como Rhapsodie espagnole e Bolero. Este é também o caso de Pavane pour une infante défunte, que nasceu de uma sugestão de Fauré, a partir de um quadro do pintor espanhol Velásquez (1599-1660), principal artista da corte de Felipe IV.
 
A primeira apresentação, ainda no original para piano, aconteceu em 1902, na Societè Nationale em Paris, executada pelo pianista Ricardo Vimes, despertando pouco interesse do público. Na época o próprio Ravel achou que a obra sofria de “falta de ousadia”.

Como peça orquestral, a estréia aconteceu nos Concertos Hasselmans, também em Paris, em 1911, sob a regência de Alfredo Casella.

Como aconteceu com inúmeras obras no decorrer da história, a recepção pouco entusiasmada na estréia não impediu que Pavane pour une infante défunte se tornasse uma das peças mais conhecidas e executadas de Ravel.

MAURICE RAVEL (Ciboure, 1875-Paris, 1937)
“Ma mère l’oye”

Conta-se que o pai de Ravel, para incentivá-lo a estudar piano, dava algumas moedas por cada meia hora de estudo ao piano. Já adulto, o compositor utilizava o mesmo artifício com as crianças Jean e Mimi Godebsky, com a diferença que as encorajava escrevendo músicas inspiradas em contos de fada. Ma mère l’oye (Mamãe Gansa), baseada em contos de Charles Perrault e da Condessa  d’Aulnoy, foi escrita em 1908 para dois pianos, de forma que as crianças Godebsky pudessem tocá-las em concerto.

Mas elas ficaram apavoradas com a responsabilidade e a apresentação ficou a cargo de Jeanne Leleu e Geneviève Durony, de onze e catorze anos, respectivamente. No mesmo ano o amigo de Ravel, Jacques Charlot (morto na Primeira Guerra e homenageado no Prelúdio de Le tombeau de Couperin), transcreveu a peça para piano solo. Ravel fez outras duas versões desta suíte, um balé sobre A Bela adormecida e a orquestração da peça em 1911.

JOAQUIN RODRIGO (Sagunto, Valencia, 1901-Madri, 1999)
“Concerto Pastoral”

É interessante notar que esta obra, cheia de ritmos e melodias de cor mediterrânea, foi escrita por um compositor cego desde os três anos. A música de Rodrigo é tão forte para os espanhóis que suas composições teriam estimulado o renascimento da sua cultura após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Embora tenha escrito para as formações diversas, suas obras mais conhecidas são dois concertos para violão e orquestra, sendo o mais famoso o Concerto de Aranjuez (1939), cujo Adagio é uma das peças mais executadas em todo o repertório para violão do século XX. O outro concerto (embora o compositor não o chame assim) é Fantasia para um gentilhombre de 1954, dedicada ao violonista espanhol Andrés Segovia, certamente o “gentilhombre” a que se refere o título.

O Concerto Pastoral para Flauta e Orquestra foi encomendado pelo famoso flautista inglês James Galway em 1978. Este havia conhecido Rodrigo quatro anos antes e, encantado com a sonoridade de Fantasia para um Gentilhombre, solicitou ao compositor permissão para transcrevê-la para flauta. 

CLAUDE DEBUSSY / ANDRÉ CAPLET
Golliwogg’s Cake-Walk (da Suite Children’s corner)

“Nenhuma regra fixa deveria guiar o artista criador. As regras são estabelecidas pelas obras de arte, não para as obras de arte”. Baseada nessa idéia expressa por Debussy, a obra  suscitou polêmicas ao não se enquadrar em nenhuma fórmula pré-estabelecida. Sua música é uma superposição contínua de elementos musicais, sem vínculo com temas, motivos ou ritmos. É música que existe em função da sensação, ou como definiu Oscar Thompson, é a “apoteose da sensação.”

Children’s Corner, apesar do nome (O cantinho das crianças) não foi concebida para ser executada por crianças ou mesmo para crianças. A idéia do compositor foi evocar a essência da infância através de composições inspiradas nas fantasias infantis. A intenção de Debussy era sugerir impressões e sensações, utilizando para isso a riqueza típica da harmonia de Debussy e o manejo do estilo impressionista.

Notas adaptadas do texto de Lenita W. M. Nogueira.

 

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