Os Compositores – MOZART

A Sinfônica abre o concerto com a obra Sinfonia Concertante, em Mi Bemol, K. 364, para violino, viola e orquestra, do austríaco Johann Chrysostom Wolfgang Amadeus Mozart, que a compôs durante sua transição para sua fase adulta.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756 - Viena, 1791)

Sinfonia Concertante, em Mi bemol Maior, k. 364 para violino, viola e orquestra.

O final do século XVIII marca o advento dos concertos públicos, a música deixava os salões da nobreza para ser apresentada em salas de concerto. Esta mudança propiciou o surgimento de formas menos extensas, que contemplavam os anseios desse novo público.

Seguindo esta tendência a Sinfonia Concertante, uma estrutura sinfônica com elementos de concerto, é uma criação desse período e tornou-se rapidamente popular ao apresentar combinações variadas de instrumentos.

Em 1778 Mozart realizou uma viagem a Paris e ali esboçou duas sinfonias concertantes. A estadia nessa cidade, entretanto, foi atribulada, pois o tempo de menino-prodígio havia passado e a sobrevivência era uma batalha diária. Com a morte de sua mãe em Salzburgo, a contragosto retornou para sua cidade natal em janeiro de 1779. Ali retomou as duas sinfonias concertantes de Paris, mas logo abandonou uma delas, concluindo apenas uma para violino e viola. Esta obra é considerada pelo musicólogo Alfred Einsten como a “coroação das realizações de Mozart no campo do concerto para violino” e a coloca num patamar muito acima dos concertos para cordas escritos anteriormente.

Mozart em salão de concerto

Já Charles Rosen afirma que a sonoridade desta obra é única e o primeiro acorde já é um marco na carreira de Mozart, que através de uma singular combinação instrumental criou uma sonoridade ao mesmo tempo pessoal e ligada intrinsecamente à natureza da obra. Esta peça é reconhecida como uma das obras primas da juventude de Mozart, além de marcar sua entrada na maturidade composicional.

Como Mozart estava na sua cidade natal e não tinha que prestar contas a ninguém, não há referências a esta peça nem em sua correspondência, nem em documentos da época. Assim, não se sabe nada sobre a estréia, orquestra ou solistas, embora se especule que o próprio Mozart teria sido o violista.

Do manuscrito autógrafo restaram apenas algumas anotações do primeiro movimento e das cadenzas. Estas têm valor inestimável, já que são as únicas autênticas entre todos os concertos de Mozart para cordas.

Mozart escreveu a parte da viola em scordatura para a tonalidade de Ré Maior, meio tom abaixo do Mi bemol original, e instruiu o violista a afinar seu instrumento meio tom acima do normal, para que o som resultasse mais brilhante devido ao uso mais freqüente de cordas soltas. Atualmente os violistas preferem trabalhar com a transcrição da partitura para Mi bemol, evitando a mudança de afinação.

A Sinfonia Concertante em Mi Bemol Maior tem três movimentos, nos quais existem notáveis diálogos instrumentais, não somente entre os solistas, mas também entre trompas e oboés, madeiras e cordas, solistas e orquestra. 

No primeiro e último movimentos a orquestra é tratada de forma bastante participativa, o que contrasta com o papel de acompanhamento que desempenha no Andante, onde há um diálogo lírico e lamentoso entre os solistas, que se movimentam em uma estrutura na qual compartilham uma corrente de melodias.

No movimento final há uma introdução bem humorada permeada por um sentimento de tragédia, que é no final dissipado pelo ligeiro Rondó, introduzido pela orquestra, seguido pelos solistas, violino e viola, respectivamente, que executam uma melodia de grande beleza, marcada por pequenas figuras conhecidas como “ritmos lombardos” ou “Chicote escocês”.

 

Karl Martin rege concerto com dois solistas

Os solistas

Os Compositores – BRAHMS

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