Um pouco de Camille Saint-Saëns

Camile Saint-Saëns  (Paris, 1835-1921)

Concerto n° 3 para Violino e Orquestra

Saint-Saëns era conhecido por sua pluralidade intelectual. Philip Hale, crítico americano, afirmou que ele era “organista, pianista, caricaturista, cientista amador, apaixonado por matemática e astronomia, comediante amador, folhetinista, crítico, viajante, arqueólogo – era um homem que nunca descansava”.

Já o compositor Charles Gounod afirmou que “Monsieur Saint-Saëns possui a mais surpreendente organização musical que conheço. É um músico que possui todas as armas. É um mestre do seu ofício como nenhum outro... Ele toca, e toca a orquestra como faz com o piano”.

Como compositor Saint-Saëns deixou uma obra vasta que ultrapassa trezentas composições em todos os gêneros possíveis. Ele próprio disse que produzia música “como uma macieira produz maçãs”. Essa quantidade é mais admirável se levarmos em conta suas outras atividades: autor teatral, poeta, escritor de um livro sobre arqueologia romana, de ensaios sobre filosofia, botânica, acústica, astronomia e música antiga, sendo que apresentou alguns de seus trabalhos em sociedades científicas.Por outro lado, foi o primeiro compositor de renome a escrever música para filme, L'assasinat du Duc de Guise, de 1908.
 
Considerado um compositor de linha conservadora, Saint-Saëns era adepto da tradição da música francesa na linha que vinha de Couperin e Rameau no século XVIII, e reprovava as tendências da composição musical de seu tempo, que tinha à frente Claude Debussy e Igor Stravinsky. O mesmo se aplica a Maurice Ravel, mesmo que este tenha sofrido grande influência do próprio Saint-Saëns, de quem foi aluno.

O Concerto n° 3 para Violino e Orquestra foi escrito em 1880 especialmente para o famoso violinista Pablo de Sarasate (1844-1908), para quem Saint-Saëns já havia escrito seu Primeiro Concerto para Violino, executado por Sarasate aos 15 anos. Posteriormente dedicou ao mesmo violinista e peça Introdução e Rondó Capriccioso de 1863, que estreou em Paris em janeiro de 1881 e segue a linha tradicionalista característica de Saint-Saëns, que privilegia sempre a graça, as proporções, a elegância e a claridade.

Sobre o primeiro movimento deste concerto, Allegro non troppo, o escritor Bernard Shaw se encantou com a “atmosfera poética e a energia de suas harmonias”. Este movimento se destaca pelos acordes tremulantes sob uma melodia introdutória tocada pelos violinos na corda mais grave, Sol. Na sequência há uma alternância entre uma seção apaixonada e cheia de ornamentos e outra mais lírica. A melodia da abertura reaparece no final em uma brilhante passagem para o solista.

O segundo movimento, Andantino quasi allegretto, é baseado em uma canção da Sicília, que se alterna entre o solista e as madeiras. No final o solista trabalha com arpejos em harmônicos agudíssimos, dando uma atmosfera de paz.

No último movimento, Molto moderato e maestoso, o violino se contrapõe à orquestra, até que há uma mudança de andamento para Allegro non troppo. Neste trecho destaca-se uma seção intermediária de caráter lírico, um breve coral executado pelos metais conduzindo a um final em andamento furioso.
 

Sinfônica de Campinas se apresenta com Yang Liu.

Regente Titular

O Solista - YANG LIU

O Compositor – HECTOR BERLIOZ