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Maestro português Bruno Borralhinho rege concerto da Sinfônica de Campinas

11/05/2019
 
fonte: www.campinas.sp.gov.br

Celebração dos 90 anos da OSMC

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas apresenta-se no Teatro Castro Mendes neste sábado (11), às 20h, e domingo (12), às 11h. A regência será do maestro Bruno Borralhinho, que tem apoio da Embaixada de Portugal e cujo repertório vai da música barroca à contemporânea.

O concerto começa com a música do compositor e organista luso-brasileiro de música erudita, Marcos Portugal, com a obra Abertura “II Duca Di Foix”. 

Em seguida, será executado o Concerto para Violoncelo e Orquestra nº 1, do compositor Joseph Haydn, que produziu incrível quantidade de obras. 

Ao final do concerto, a Sinfônica apresenta a obra do compositor Johannes Brahms, Sinfonia nº4, Op.98. O compositor alemão foi uma das mais importantes figuras do romantismo musical europeu do século XIX. 

A participação do maestro Borralhinho na temporada 2019 é resultado da parceria entre a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC), com   Camões - Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa e a Embaixada de Portugal no Brasil.



Bruno Borralhinho

Bruno Borralhinho é diretor musical e artístico do Ensemble Mediterrain e membro da Orquestra Filarmónica de Dresden. Recebeu importantes impulsos de regentes como Christian Kluttig, Jorma Panula e Juanjo Mena e interrpetou o mais variado leque de repertório –da música barroca à música contemporânea- à frente de orquestras e agrupamentos como o Ensemble Mediterrain, a Berliner Symphoniker (Alemanha), a Deutsches Kammerorchester Berlin (Alemanha), a Filharmonie Bohuslava Martinu (República Checa), a Orquestra Sinfônica de Campinas (Brasil), a Orquestra Sinfónica Portuguesa (Portugal), a Orquestra de Camara Portuguesa (Portuga), a Orquestra Clássica do Sul (Portugal), a Orquestra Clássica da Madeira (Portugal) e a Orquestra Clássica do Centro (Portugal). Como violoncelista, se apresenta regularmente como solista com orquestra, em recitais a solo, com piano e de música de câmara. Estudou com Luis Sá Pessoa na Covilhã (Portugal), sua cidade natal, com Markus Nyikos em Berlim e com Truls Mørk em Oslo. Obteve o 1.º Prémio no Concurso Júlio Cardona (1999) e o 1.º lugar no Prémio Jovens Músicos (2001) e orientou masterclasses em Portugal, no Brasil, na China e em Espanha. Enquanto solista, tocou acompanhado pela Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra do Norte, Orquestra Clássica da Madeira, Orquestra Clássica de Espinho, Orquestra de Câmara Cascais e Oeiras, Orquestra de Câmara Portuguesa, Orquestra Clássica do Sul, Orquestra XXI e Orquestra Sinfônica de Campinas e Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília. Considerado pelo jornal "Público“ como «embaixador da música portuguesa», Bruno Borralhinho grava em 2009 o CD duplo Página Esquecida e, em 2016, o selo discográfico NAXOS lança o CD Portuguese Music for Cello and Orchestra (Bruno Borralhinho/Orquestra Gulbenkian), ambos inteiramente dedicados à música portuguesa. Em 2018, lançou um novo trabalho discográfico, desta vez dedicado a obras de R. Strauss e A. Zemlinsky, e uma versão inédita de Canções de G. Mahler. Concluiu o mestrado em Gestão Cultural na Universitat Oberta de Catalunya (Barcelona) em 2011 e é atualmente doutorando em Humanidades da Universidad Carlos III (Madrid). Ao longo da sua carreira, apresentou-se em algumas das mais importantes salas de concerto por toda a Europa, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Coreia do Sul, Japão, China e América do Sul, e trabalhou com conceituados maestros como Claudio Abbado, Daniel Barenboim, Franz Welser-Möst, Kurt Masur, Kent Nagano, Herbert Blomstedt, Christoph Eschenbach, Paavo Järvi e Andris Nelsons.


Autores e Obras


MARCOS PORTUGAL (Lisboa, 1762-Rio de Janeiro, 1830)
Il Duca di Foix – Abertura
Portugal foi um compositor renomado em seu tempo, suas óperas eram apresentadas nos mais importantes teatros da Europa. Também atuou na música sacra e, em Lisboa, foi Mestre da Capela Real, do Seminário Patriarcal e regente-compositor do Real Teatro São Carlos.  Provavelmente, pela falta de perspectivas em Portugal após a mudança da corte para o Brasil, aporta por aqui em 1811.
Sua presença estimulou a vida artística no Rio de Janeiro, com apresentações de óperas e concertos. Assumiu o cargo de mestre de capela da Sé do Rio de Janeiro, ocupado, desde 1808, pelo padre José Maurício Nunes Garcia, com o qual dividiu, por algum tempo a atividade.
A Capela Real, que teve momentos grandiosos após a chegada da corte portuguesa, começou ter dificuldades para manter o grande aparato musical introduzido por D. João VI.  Há registros de atrasos no pagamento dos músicos desde 1812, época em que Marcos Portugal passa a comandar toda a música na corte, seja na Capela Real, no Paço da Boa vista, ou na Fazenda de Santa Cruz. 
A saída da corte foi desastrosa para as finanças do país e as dificuldades financeiras obrigaram D. Pedro I a reduzir pela metade os salários dos músicos da agora denominada Capela Imperial. Em 1828 os músicos, incluindo Portugal e José Maurício, enviaram uma petição ao imperador solicitando o pagamento dos salários atrasados. Ao que consta, não foram atendidos.
Marcos Portugal escreveu 42 óperas, entre elas o “drama per musica” em dois atos, Il duca de Foix, que estreou no Teatro São Carlos de Lisboa em 1805. O libreto de Giuseppe Caravita foi baseado no drama de Voltaire, Amelie ou Le Duc de Foix. A abertura se descolou da ópera e vem sendo apresentada como peça de concerto. Inicia-se com um tempo lento, Andante sostenuto, mas logo muda seu caráter para um tempo mais vivo, Allegro.

JOSEPH HAYDN (Rohrau-sur-la-Leitha,  1732- Viena, 1809)
Concerto para Violoncelo e Orquestra nº 1, Hob.VII:1

Trabalhando por décadas como músico a serviço do príncipe Esterházy, Haydn produziu incrível quantidade de obras, em geral executadas na propriedade da família em Esterhaza, região da atual Hungria, então parte do império austro-húngaro. Ali tinha à sua disposição uma pequena, mas selecionada orquestra, com músicos escolhidos por ele próprio entre os melhores da Europa. Entre estes estava o violoncelista tcheco Anton Kraft, para quem Haydn, em 1783, escreveu o seu primeiro Concerto para Violoncelo.
Kraft participou da Orquestra Esterhazy de 1778 até sua extinção em 1790, quando passou a integrar a Orquestra Lobkowitz em Viena. Ali se tornou amigo de Beethoven e teria inspirado o músico alemão a escrever o Concerto Triplo para piano, violino e violoncelo de 1804.
Durante muitos anos este Concerto para Violoncelo em Ré Maior foi atribuído a Kraft, que foi aluno de composição de Haydn. Entretanto, na década de 1950 foi localizado, no porão da Biblioteca Nacional da Áustria, o manuscrito original de Haydn, esclarecendo definitivamente a autoria. O que se acredita é que Kraft colaborou com a composição dando conselhos sobre aspectos técnicos de seu instrumento e passagens virtuosísticas.
Como é padrão em um concerto clássico, são três os movimentos. O primeiro, Moderato, é tranquilo, mas há momentos de grande intensidade para o violoncelista. O próprio solista introduz o segundo movimento, Adagio, um trecho subdividido em cinco partes e cheio de lirismo. O movimento final, Allegro molto, é um rondó, no qual há um tema recorrente, entremeado por uma seção mais dramática, logo substituída pela leveza inicial.  

JOHANNES BRAHMS (Hamburgo, 1833-Viena, 1897)
Sinfonia nº 4, em Mi Menor, Op. 98

Brahms iniciou a composição de sua quarta sinfonia no verão de 1884, enquanto passava férias em Mürzzuschlag, na Estíria. Escreveu dois movimentos e completou a obra no verão seguinte. A estreia ocorreu em Meiningen, sob sua regência, em outubro de 1885, com grande sucesso. Em Viena, entretanto, a peça foi recebida friamente.
Brahms já vislumbrara essa possibilidade em correspondência à Elisabeth Von Herzogenberg, de 29 de agosto de 1885: “Posso talvez enviar a você uma composição minha, você teria tempo de dar uma olhada e dizer alguma palavra sobre ela? Em geral minhas peças são desafortunadamente mais agradáveis do que eu e há muito menos nelas para se corrigir! Mas como por aqui as cerejas não se tornam doces e comestíveis, então, se a coisa não tiver bom sabor, não se preocupe com isso”. Em outra carta, ao regente Hans Von Bullow, também recorreu às cerejas: “Eu tenho medo especialmente que ela [a 4ª sinfonia] seja como o clima daqui, onde cerejas mal se tornam doces, você não as comeria!”
Essa impressão já se confirmou quando houve uma apresentação da sinfonia em redução para dois pianos. O crítico Eduard Hanslick afirmou: “Tudo o que senti foi que estava sendo surrado por dois homens terrivelmente inteligentes”. Outro ouvinte, Kalbeck, sugeriu a Brahms que jogasse fora o manuscrito e publicasse apenas a Passacalha (quarto movimento) como uma peça independente. Até mesmo as amigas Clara Schumann e Elisabeth Von Herzogenberg ficaram desconcertadas, mas aos poucos elas, bem como o público, se renderam à grandiosidade da obra. Até mesmo o severo Hanslick reviu sua posição, passando a encarar a obra “como um poço escuro, quanto mais olhamos para ele, mais brilhante as estrelas brilham atrás de nós”.
O primeiro movimento, Allegro non troppo, apresenta dois temas, o primeiro, bastante simples, é apresentado pelos violinos acompanhados por arpejos descendentes nas outras cordas. Após um pequeno desenvolvimento surge o segundo tema, também apresentado pelos violinos. Na sequência, o caráter torna-se mais agitado e não há reexposição do tema.
O segundo movimento, Andante moderato, inicia-se com um solo de trompa, logo depois reapresentado pelas cordas e madeiras. O ritmo tem um aspecto de marcha, mas o segundo tema, apresentado pelos violoncelos, com trechos contrastantes das violas e fagotes, é mais lírico. O terceiro movimento, Presto giocoso, tem a forma de rondó, é alegre e decidido, com ritmos vigorosos e blocos de acordes.
A característica mais marcante da sinfonia está no final, Allegro energico e patetico, estruturado como passacalha, forma do período barroco (c. 1600-1750), na qual um tema ostinato (obstinado, reiterado) de oito compassos se repete nas vozes graves, enquanto outros instrumentos desenvolvem novas ideias em torno dele. O movimento é baseado em uma passagem da Cantata n° 150 de Johann Sebastian Bach e nele aparecem 34 interpretações diferentes da mesma melodia. O tema é apresentado sozinho e na sequência Brahms vai introduzindo pequenas modificações, que a cada variação vão se tornando mais complexas.
A consagração definitiva da Sinfonia n° 4 ocorreu em maio de 1897, durante um concerto em homenagem aos 64 anos de Brahms, que, bastante adoentado, viu sua obra ser ovacionada, como o foi ele próprio. Viria a falecer um mês depois e a Sinfonia nº 4 ficou marcada como um gesto de adeus.

Lenita W. M. Nogueira

 
Serviço
Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas
Horário: 11/05, sábado, às 20h; 12/05, domingo, às 11h.
Local: Teatro Castro Mendes (Praça Corrêa de Lemos,s/nº, Vila Industrial. Campinas). Telefone (19) 3272-9359.

Sábado
R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos), R$ 10,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida) e R$ 5,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino)

Domingo
R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (estudantes, aposentados e maiores de 60 anos), R$ 4,00 (professores das redes municipal e estadual de ensino e pessoas com deficiência e mobilidade reduzida), R$ 2,00 (estudantes da rede municipal e estadual de ensino) 


Observação:
Expressamente proibida a entrada após o início do concerto.
Não será permitida a entrada de menores de 6 anos.



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