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Sinfônica se apresenta com obras consideradas raridades brasileiras

25/06/2022





Sob Emmanuele Baldini, programa terá composições de Hekel Tavares e Cláudio Santoro, além do alemão Felix Mendelssohn

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) apresenta sábado e domingo, dias 25 e 26 de junho, no Teatro Castro Mendes, concertos com obras consideradas raridades brasileiras por serem desconhecidas do público em geral, mas de valor “extraordinário”, como a do compositor alagoano Hekel Tavares. 

O regente Emmanuele Baldini foi quem ‘descobriu’ a obra de Hekel Tavares e vai apresentá-la pela primeira vez em Campinas. No repertório também há obras de Cláudio Santoro e do alemão Felix Mendelssohn. 
 
A apresentação no sábado será às 20h e, no domingo, às 10h. Os ingressos estão à venda em  https://bileto.sympla.com.br/event/74437/d/145204 
 
Baldini é spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e traz para este concerto um programa com obras que, como ele próprio diz, "merecem ser conhecidas do público”. Ele preparou um programa especial para este concerto, em Campinas, que foi a primeira cidade a hospedá-lo como solista da OSMC, depois da sua chegada ao Brasil em 2005. 
 
Também violinista, Baldini diz que o concerto tem um carinho especial por justamente ser em Campinas e pelo programa ter entre as obras em particular o “Concerto para violino e orquestra” de Hekel Tavares (1896 – 1969). Esta obra foi uma descoberta dele próprio durante a pandemia. “Eu assumi uma espécie de missão pessoal de pesquisar, descobrir e sobretudo, difundir essa música brasileira,que vale a pena ser divulgada”, justifica. 
 
Baldini foi quem encontrou os manuscritos das partituras junto ao filho do compositor e, a partir delas, encomendou a produção das partes de orquestra, que estavam perdidas. “Com permissão da família do compositor eu fiz o trabalho de digitalizar, editar e extrair todas as partes individuais para poder viabilizar uma redescoberta para este concerto”, explica. 
 
Para ele, o concerto será “um dos mais bonitos para gerir uma orquestra”. A apresentação terá também a obra “Fantasia para violino e orquestra” de Cláudio Santoro, da qual Baldini também diz não ter registro sonoro, nem gravação. O maestro conseguiu autorização da família para gravar as obras junto com a Orquestra Filarmônica de Goiás. 
 
O concerto se encerra com “Sinfonia nº 5”, de Felix Mendelson (1809 – 1847). “Essa sinfonia é extraordinária, que eu já regi em diversas ocasiões, e que considero que fechará com chave de ouro este concerto muito especial”, diz Baldini. 
 
Programa
 
- Hekel Tavares: Concerto para violino e orquestra
(em formas brasileiras), op. 107, no. 4
Vivadíssimo – Modinha 
Lento – Louvação 
Alegro risoluto - Ponteio
 
- Cláudio Santoro: Fantasia para Violino e Orquestra 
Andante 
Allegro molto 
 
- Felix Mendelssohn: Sinfonia nº. 5, op. 107 (“Reforma”) 
Andante – Allegro con fuoco
Allegro vivace
Andante
 
Regente e solista: Emmanuele Baldini
 

Hekel Tavares (1896 – 1969)
Concerto para violino e orquestra (em formas brasileiras), Op. 107, nº4
Vivadíssimo – Modinha
Lento – Louvação
Alegro risoluto - Ponteio

Hekel Tavares é alagoano e representante de uma segunda geração de compositores nacionalistas, ao lado de Heitor Villa-Lobos e Francisco Mignone. Em sua infância, teve contato com uma cultura rica e multiétnica: tradições ameríndias do interior de seu estado, trabalhadores de origem africana da fazenda do pai e festividades regionais. Ademais, a família valorizava a música; seu pai tocava flauta e a mãe, piano.

Aos 24 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde teve aulas com João Otaviano, Francisco Braga e de Henrique Oswald. Compunha canções populares, além das obras sinfônicas e por isso foi chamado por Eleazar de Carvalho de “Schubert brasileiro”. Percorreu o interior do Brasil pesquisando músicas folclóricas, valorizando a música nacional.

Seu Concerto para violino e orquestra é um reflexo dessa valorização, que o seguiu em toda sua trajetória como músico. Os movimentos do concerto são contrastantes e possuem caráter extremamente brasileiro.

Cláudio Santoro (1919 – 1989)
Fantasia para Violino e Orquestra
Andante
Allegro molto

Santoro é manauara e sua família teve um papel importante em sua educação musical. Mudou-se jovem para o Rio de Janeiro, então capital do país, e foi professor do Conservatório de Música da capital. Hans-Joachim Koellreutter foi seu professor e uma influência em suas composições dodecafônicas e serialistas. Alguns anos mais tarde, rompe com o grupo e passa a seguir uma estética próxima a compositores soviéticos.

O posicionamento político de Santoro foi relevante para sua carreira. Por conta de sua filiação com o Partido Comunista Brasileiro, teve seu visto negado para estudar nos EUA, mesmo sendo agraciado com uma bolsa de estudos. Com isso, vai para França estudar com Nádia Boulanger e Eugène Bigot. Foi fundador do curso Superior de Música da Universidade de Brasília, entretanto, com o golpe militar de 1964, é demitido da UnB e é exilado na Alemanha. Em seu retorno para o país, continuou projetos que haviam sido paralisados. Faleceu em um ensaio da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, em Brasília.

Sua Fantasia para Violino e Orquestra é uma obra que inicialmente seria um concerto para violino, mas o compositor deu uma outra versão à música. Iniciou seu processo de criação da obra em 1959, entretanto, no ano de 1980, em Roma, chegou em sua versão final. Para o compositor, o concerto de estréia, em 1982 na Sala Cecília Meireles-RJ, foi bem executado pela violinista Elisa Fukuda. A fala faz parte de um depoimento de Santoro de 1986.

Felix Mendelssohn (1809 – 1847)
Sinfonia nº. 5, Op. 107 (“Reforma”)
Andante – Allegro con fuoco
Allegro vivace
Andante
Andante con moto

Mendelssohn veio de uma família abastada e culta alemã. Assim como outros músicos românticos, teve uma vida curta. Quando criança, iniciou os estudos com a mãe e, aos nove anos de idade, deu seu primeiro concerto. Estudou na Universidade Humboldt, mas desde cedo assumiu a música como carreira prioritária. Ainda jovem, em 1829, resgatou a música de J. S. Bach, que não era executada desde sua morte.

Foi diretor da Orquestra de Düsseldorf e com isso conquistou prestígio. Compositores enviavam obras à Mendelssohn com o objetivo de receber uma opinião de suas criações; chegou a perder uma dos manuscritos de Richard Wagner. Tinha uma circulação na corte inglesa e era comum suas viagens para a Inglaterra e outras partes da Europa Ocidental. Além de músico, Mendelssohn pintava aquarelas.

A Sinfonia da Reforma foi composta para celebrar os 300 anos da Reforma protestante na Alemanha. Várias referências influenciam a escrita do compositor. Temas utilizados por Mozart, Haydn e hinos cantados nos cultos luteranos foram incluídos nesta sinfonia. No último movimento, é possível escutar Deus é Castelo Forte, hino escrito por Martinho Lutero.

 
 
Emmanuele Baldini 
 
É o spalla da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, regente titular da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí e membro do Quarteto de Cordas OSESP. Em 2017, recebeu o Prêmio de Melhor Instrumentista da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e em 2021 foi agraciado pelo governo do Estado de São Paulo com a Medalha Tarsila do Amaral para seus méritos artísticos.
 
Venceu o primeiro concurso internacional aos 12 anos de idade e, mais tarde, o Virtuositè de Genebra e o primeiro Prêmio do Fórum Junger Künstler de Viena. Apresentou-se em recitais nas principais cidades italianas e europeias e participou de longas turnês pela América do Sul, Estados Unidos, Europa, Austrália e Japão.
 
Tem gravado mais de 40 CDs, entre os quais se destacam obras italianas e brasileiras de música de câmara para o Selo Naxos e obras virtuosísticas para violino solo para o Selo Sesc.
 
Baldini também foi spalla da Orquestra do Teatro Comunale de Bolonha e no Teatro Giuseppe Verdi de Trieste, atuando também como concertino na Orquestra do Teatro Alla Scala, de Milão. Entre 2017 e 2020 Baldini foi diretor artístico da Orquestra da Câmera de Valdivia, no Chile.
 
Como solista, tocou com a Rundfunk Sinfonieorchester Berlin, a Orchestre de la Suisse Romande, a Wierner Kammerorchester, a Flanders Youth Philharmonic Orchestra, a Orquestra Estatal da Moldávia e a Orquestra do Teatro Giuseppe Verdi de Trieste.
 
Nascido em Trieste, Itália, iniciou os estudos de violino com Bruno Polli e em seguida aperfeiçoou-se na classe de virtuosidade de Corrado Romano em Genebra, com Ruggiero Ricci em Berlim e Salzburgo e, em música de câmara, com o Trio de Trieste e com Franco Rossi, violoncelista do Quartetto Italiano.
 
 
Serviço 
Concerto Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas 
Regente e Solista - Emmanuele Baldini 
Local:Teatro Castro Mendes
 
Data: 25 e 26 de junho 
Horários:   sábado – 20h |  domingo - 10h 
Endereço: Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial, Campinas - São Paulo  
Bilheteria do teatro : Valores R$ 20,00 - R$ 10,00 - R$ 5,00 - R$ 2,00

  
ingressos


 

OSMC - Paço Municipal
Av. Anchieta, 200 - 19º andar
13 015 904 | Campinas - SP
+55 19 2116 0951