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"A obra camerística de José Pedro de Sant’Anna Gomes"

10/04/2008

Centenário do falecimento do Maestro José Pedro de Sant’Anna Gomes

Extrato do artigo “A obra camerística de José Pedro de Sant’Anna Gomes” de Lenita Waldige Mendes Nogueira

José Pedro de Sant’Anna Gomes (Campinas, SP, 1834-1908) é um dos muitos compositores brasileiros que ainda não obtiveram o devido reconhecimento, já que suas obras ainda não foram disponibilizadas a um público mais amplo. Seus manuscritos encontram-se em perfeito estado de conservação no Museu Carlos Gomes em Campinas, SP, e sua obra de câmara já foi objeto de transcrições musicológicas e apresentada em concertos.

O início de sua atividade musical se confunde com a de seu irmão mais novo, Antonio Carlos Gomes, com o qual compartilhou o aprendizado e as primeiras experiências musicais. Separaram-se já adultos, mas apesar da distância – Carlos Gomes fixou residência em Milão e Sant’Anna permaneceu em Campinas – o relacionamento entre eles foi muito sólido e perdurou até a morte do primeiro em 1896.
 
Sant’Anna desenvolveu intensa atividade artística como compositor, regente, instrumentista, professor e empresário. Exerceu por muito tempo a regência da Orquestra do Teatro São Carlos em Campinas, onde se apresentavam diversas companhias de ópera, em especial as italianas, que não tinham orquestra própria e trabalhavam com a do teatro. Foi também empresário de uma Companhia de Zarzuelas Espanholas, gênero muito em voga no Brasil durante o século XIX, mas não há registro de que tenha se dedicado ao gênero como compositor.

Já em seus últimos anos de vida participou da composição da Pastoral, com texto de Coelho Neto, então professor da escola Culto à Ciência em Campinas. A peça estreou nessa cidade no natal de 1903 e contou com a co-autoria de compositores expressivos do período: além de Sant’Anna, que compôs o Prelúdio, Francisco Braga, escreveu a Visitação, Henrique Oswald, Anunciação, e Alberto Nepomuceno, Natal, trecho que foi regido pelo próprio compositor na ocasião da estréia. A parte composta por Sant’Anna infelizmente extraviou-se e no Museu Carlos Gomes há apenas uma página da parte de primeiro violino regente. Foi publicada uma redução para canto e piano da Pastoral, mas dela não consta o Prelúdio.

No que se refere à composição, Sant’Anna transitou por diversos gêneros e seu catálogo inclui peças orquestrais, vocais, duas óperas (uma inacabada) e para banda. Mas é no campo da música de câmara que sua produção é mais representativa, provavelmente porque esta formação era mais adequada para apresentações nos salões e pequenas salas de concerto. Sua afinidade maior era com as cordas, já que era violinista de formação e também tocava viola d’amore. Para esse instrumento escreveu em 1883 a peça Ave Maris Stela, para soprano, viola d’amore e orquestra.

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