Ariane também se inscreveu para o cargo de Professor de Orquestra Sopro III – Solista Especial – Clarineta e Requinta e também se destacou na peça de livre escolha, uma das etapas da segunda fase. Ela foi a única candidata do processo inteiro que teve nota 100. “Obter a nota 100 na execução de uma obra, em especial na segunda fase do concurso, revela alto preparo da candidata, que, apesar da ansiedade inerente a uma prova prática, consegue demonstrar elevada técnica, maturidade e controle emocional, que são importantes para o cargo”, explicou o maestro Carlos Prazeres.

Na segunda fase, ela era era a única mulher disputando uma das vagas para clarineta e requinta. “A prova de clarinete tinha um nível excepcional, colegas de altíssimo nível que estimo muito, então, com a possibilidade de escolher uma peça de livre escolha, pensei em algo que eu pudesse ‘falar’ a minha música da melhor maneira, em que me sentisse confortável e livre em mostrar a minha música e essência de artista”, disse.

Atualmente, Ariane toca na Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e o concurso de Campinas surgiu como uma oportunidade de continuar se desenvolvendo e se especializando no instrumento. Desde a liberação do edital, ela incluiu em sua rotina habitual de estudos o repertório do concurso. “Fico muito feliz com o resultado de todo o esforço, que representa não só a preparação desta prova, mas também de anos de formação musical. Fico mais feliz ainda de, em um meio que ainda é majoritariamente masculino, poder representar as musicistas brasileiras”, concluiu.

Ivenise e o violino

A relação entre Ivenise e o violino começou cedo, quando ela tinha 9 anos, quando participou de um projeto de ensino coletivo oferecido pela Prefeitura de Araras, cidade onde foi criada. Aos 15, ela ingressou no Conservatório de Tatuí, onde ficou por um ano. Depois disso, o destino foi São Paulo, para cursar bacharelado em violino pela Unesp. Na capital, ela trabalhou em algumas orquestras jovens e profissionais. Há 8 anos, ela atua na Orquestra Sinfônica da Unicamp, onde em 2023 finalizou o mestrado em música.
 

“Como iniciei meus estudos de violino em um projeto de ensino coletivo, as orquestras profissionais eram uma referência para mim, onde eu gostaria de chegar profissionalmente. E a Sinfônica de Campinas sempre foi um modelo na região, no estado, no país”, disse Ivenise. “Com certeza tocar nessa orquestra é um sonho, um sonho de infância”, concluiu.

Para ela, além da preparação técnica, a preparação mental também é imprescindível. “É necessário trabalhar a técnica para extrair o melhor de si, de acordo com o que é exigido no edital, e também trabalhar a mente para que no momento da prova, que é único, a gente esteja em condições psicológicas para mostrar o nosso máximo para a banca”, explicou.

Solidária, ela não deixou de citar o professor Davi Graton, de São Paulo, que a ajudou em sua preparação. “Mesmo os atletas de alto rendimento precisam de um treinador. De maneira similar, ao meu ver, o músico que se prepara para um concurso, por mais experiente que seja, também é importante que tenha um direcionamento nos estudos para se preparar da melhor maneira possível”, contou.

Mês da mulher

A divulgação dos resultados das provas da Orquestra Sinfônica de Campinas já estava programado, mas a pontuação das mulheres foi um presente especial para um mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres.

“Temos muitos motivos para comemorar este concurso, tão esperado pela cidade. Primeiro que mesmo tendo um formato diferente, sem prova teórica, tudo correu bem, tanto que nem houve recurso sobre a aplicação da segunda fase de provas, e segundo por estarmos no mês da mulher e termos duas mulheres entre as maiores notas do concurso”, comemorou a secretária de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Eliane Jocelaine Pereira. “É importante termos mais mulheres nos encantando em uma área tão sensível, que é a música”, completou.

Hoje, a Orquestra é composta por 50 homens e 10 mulheres. “Todos são muito importantes em uma Orquestra, independente do sexo, mas é essencial que busquemos garantir igualdade em todos os cargos, inclusive na nossa Sinfônica”, disse.

Juliana Miorin, coordenadora de Concursos, Recrutamento e Seleção, também comemorou a participação das mulheres. “Março é um mês que marca as muitas lutas das mulheres, mas também é muito importante falarmos das conquistas e o que a Ariane e a Ivenise fizeram no concurso foi uma grande conquista. Todas nós nos sentimos representadas no resultado delas”, declarou.

“Em um concurso feito por mulheres, já que a equipe de Concursos é toda feminina, ter mulheres se destacando entre os candidatos também é um presente. É muito bom ver as mulheres se destacando em áreas que costumam ser dominadas pelos homens e isso é algo que temos visto acontecer muito nos concursos”, desabafou Maria Izabel Vasco de Toledo, chefe de setor.

Concurso
 

“O concurso atinge em cheio a alma deste grupo histórico que é a OSMC. Com o quadro de músicos renovado, o grupo se enche de ânimo e determinação para povoar esta cidade com tudo o que há de mais especial na história da música. E isso também inclui a música do nosso nobre campineiro Antônio Carlos Gomes, de quem temos muito orgulho”, concluiu o maestro.

Os resultados da segunda fase da prova prática do concurso da Orquestra Sinfônica e também o resultado da prova de títulos foram publicados no Diário Oficial (www.campinas.sp.gov.br/diario-oficial/) do dia 14 de março e no site da Vunesp (www.vunesp.com.br). A publicação traz as notas de 184 candidatos habilitados, além dos 84 eliminados, ou seja, os que não atingiram a nota mínima que era 70 pontos, além dos 17 ausentes.

Para este concurso, estão sendo oferecidas 26 vagas para vários cargos, com salários que variam de R$ 7.215,04 a R$ 8.869,11. Ao todo, 1.030 candidatos se inscreveram.

Como benefícios, os admitidos no concurso para a Orquestra Sinfônica terão direito ao auxílio-alimentação ou refeição no valor de R$ 1.570,00, além do vale-transporte, que é opcional e válido para Campinas.