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CONCERTO OFICIAL - 15 e 16 de Julho: Sinfônica se apresenta no Centro de Convivência

12/07/2006

 

 

Os solistas 

 

 

As obras

 

SERGUEI PROKOFIEV (Sontsovka, Ucrânia, 1891-Moscou, 1953)
Sinfonia Clássica

Uma das primeiras composições do século XX a adotar o neoclassicismo, tendência que buscava o retorno ao estilo musical do passado, a Sinfonia Clássica estreou em 1917 na cidade de Leningrado (atual São Petersburgo) e, embora seu nome oficial seja Sinfonia nº 1 em Ré Maior, ninguém a identifica assim.
Alheio aos acontecimentos que convulsionaram a Rússia naquele ano de 1917, (dizia que música e revolução não combinam), Prokofiev passou todo o verão em uma casa de campo próxima à São Petersburgo, dividindo o seu tempo entre a música e a leitura de textos do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), conforme escreveu em sua autobiografia. Como não tinha um piano à sua disposição, resolveu dar vazão a uma idéia que cultivava desde os tempos de estudante, escrever uma sinfonia no estilo de Joseph Haydn (Rohrau, 1732-Viena, 1809), expoente maior, ao lado de Mozart, do classicismo do século XVIII. Acreditava que sem o apoio do piano a composição ficaria mais transparente e próxima à escrita deste compositor. Também tentava responder a uma questão que o intrigava há tempos: se Haydn estivesse vivo até o século XX, como teria conciliado seu estilo musical com os novos elementos da música contemporânea? 
Assim surgiu a Sinfonia Clássica, que recebeu esse nome não só porque seguia os padrões da música do século XVIII, mas também, como Prokofief revelaria posteriormente, ele desejava “divertir e provocar”, fazendo um trocadilho com a palavra “clássica”. Além de evocar um estilo de composição, ele queria também insinuar que a peça se tornaria um “clássico” da música ocidental. Ironia juvenil ou desejo sincero, o fato é que essa obra tem seu lugar garantido no repertório das melhores orquestras do mundo.
Apesar da fidelidade às regras do classicismo, inseriu alguns procedimentos que não seriam possíveis nem admissíveis no tempo de Haydn, como dissonâncias, contrastes abruptos de dinâmica, paródias e elementos de humor e ironia. Dentro do padrão clássico, a orquestra tem instrumentação discreta (pares de madeiras, trompas e trompetes, além de tímpanos e cordas) e está estruturada em quatro movimentos. O primeiro, Allegro, é fiel ao estilo de Haydn, com dois temas, desenvolvimento, reexposição e coda; o segundo e o terceiro trazem reminiscências de antigas danças, Polonaise e Gavota respectivamente, e o Finale é cheio de dinamismo rítmico.

IGOR STRAVINSKY (Lomonosov, Rússia, 1882- Nova Iorque, 1971)
Sinfonia em Dó

A Sinfonia em Dó foi escrita entre 1939-40, período difícil da vida de Stravinsky, que perdeu em poucos meses uma filha, a esposa e a mãe. Logo depois eclodiu a II Guerra Mundial, que o forçou a deixar Paris, onde vivia desde que deixara a Rússia, embarcando para os Estados Unidos. Ali completou os dois últimos movimentos e em novembro de 1940 ele próprio regeu a Orquestra Sinfônica de Chicago, que havia comissionado a obra para comemorar o cinqüentenário de sua fundação.
Por ter dois movimentos escritos em Paris e dois nos Estados Unidos, em condições completamente diversas, a sinfonia ficou dividida em duas partes de características distintas, a primeira de feições mais clássicas, e a segunda mais afinada com a linguagem contemporânea.
Embora considerada uma das peças mais tradicionais de Stravinsky e bastante representativa do neoclassicismo, ao qual havia aderido já em 1920, quando compôs o balé Pulcinella, baseado em música atribuída ao compositor italiano Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736), é preciso lembrar que a Sinfonia em Dó foi escrita pelo mesmo compositor que em 1913 havia abalado os pilares da música ocidental com A sagração da primavera. Embora algum tempo depois tenha aderido a um tipo de composição mais contida, em seu período neoclássico não se limitou a reproduzir modelos do passado, mas os traduziu de acordo com sua ótica particular, a de um homem do século XX, a esta época já bastante amadurecido musicalmente.
Apesar de utilizar a seqüência típica de quatro movimentos, as mudanças em geral são abruptas e os contornos quase distorcidos. Esta obra já foi, inclusive, descrita como um “retrato cubista” de uma sinfonia, ou seja, alguns procedimentos da escrita musical seriam semelhantes àqueles utilizados por Pablo Picasso, que retrata pessoas e objetos fielmente, mas sem respeitar as regras da perspectiva clássica.
Uma característica do primeiro movimento é o tema baseado em três notas si-dó-sol, que reaparece em outros momentos da obra. O segundo movimento é uma ária florida e contrapontística em estilo barroco. O terceiro é construído em rápidas repetições de um intervalo de quarta e é o mais representativo das típicas alterações de tempo de Stravinsky; na seção central há referências à uma antiga forma de dança, o passepied. No final reaparece o motivo de três notas do início.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)
Sinfonia Concertante em Mib, K. 297b (Versão para flauta, oboé, fagote e trompa)

Dada como desaparecida, a Sinfonia Concertante K.297b foi localizada somente no século XX entre os documentos do biógrafo de Mozart, Otto Jahn. Acredita-se que este não a tenha divulgado porque duvidava da sua autenticidade, já que se trata de uma cópia anônima realizada por volta de 1869.
Apesar da diferença nos instrumentos solistas (oboé e clarineta, quando no original era flauta e oboé), a peça foi rapidamente aclamada como a Sinfonia Concertante que Mozart havia escrito durante sua estada em Paris em 1778, mencionada em carta a seu pai, na qual contava que iria compor uma “sinfonia concertante para flauta Wending, oboé Ramm, trompa Punto e fagote Ritter”. Em outra carta no mês seguinte, reclamou que, embora os músicos tivessem adorado a obra, intrigas haviam impedido sua performance e só citou os instrumentistas Ramm e Punto.
Ao deixar Paris escreveu à irmã dizendo que vendera a partitura ao empresário Jean Le Gros, e que este pensava ter a única cópia da obra: “mas não é verdade, eu ainda a tenho fresca em minha cabeça e assim que chegar em casa vou escrevê-la de novo”. Ao que parece isso nunca aconteceu e a partitura foi dada como perdida no Catálogo Koëchel publicado em 1862 e que engloba toda a produção Mozart.
Existem várias versões para a mudança de instrumentação. Uma delas presume que Mozart, não tendo apreciado o flautista, teria reescrito esta parte para clarineta (versão contestada, uma vez que Mozart só utilizaria esse instrumento a partir de 1780); outra versão seria que somente as partes instrumentais teriam sido localizadas e o que Jahn possuía seria um arranjo de outro compositor; ou ainda que a parte de flauta teria sido reescrita para clarinete posteriormente.
Embora a dúvida nunca tenha sido dissipada, esta Sinfonia Concertante foi incluída no Catálogo Koëchel com o número 297b. Estudiosos garantem que esta é mesmo a composição perdida de Mozart e não um arranjo ou obra de outro compositor. Além das características mozartianas da composição, o principal argumento está baseado na pergunta: quem, senão Mozart, poderia ter escrito tal peça?
 
Lenita W. M. Nogueira

DICIONÁRIO MUSICAL
Gavota: Dança da corte francesa em voga entre o final do século XVI e início do XVIII.
Neoclássico: termo usado para descrever o estilo de certos compositores do século XX que, sobretudo no período entre as duas guerras, reviveram as formas e processos dos estilos antigos.
Passepied: dança cortesã e forma instrumental francesa dos séculos XVII e XVIII, muito usado em cenas pastorais e em suítes barrocas.
Polonaise: dança polonesa ou peça instrumental em compasso ternário, de estrutura simples e frases curtas.
Sinfonia Concertante: forma do período clássico, uma mistura de sinfonia e concerto,  que se caracteriza por apresentar dois ou mais instrumentos solistas.

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