Temporada 2009 da Sinfônica começa com teatro lotado no Centro de Convivência

Foto: Luiz Granzotto

O público lotou o teatro do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes neste sábado, dia 7 de março, para assistir ao primeiro concerto da Temporada 2009 da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC). A noite foi dedicada ao dia Internacional da Mulher e foi também a primeira apresentação regida uma mulher, Ligia Amadio, nova maestrina da Orquestra. O evento contou com a participação da soprano Niza Tank.

As mais de 500 pessoas aplaudiram de pé os músicos, que fizeram vibrar a platéia com o comando de seus instrumentos. A primeira música foi tocada por apenas oito violoncelistas e contou com a voz de Niza Tank, que recebeu flores do secretário de Cultura, Arthur Achilles.”Esta temporada será diferente de todas aquelas já realizadas, tanto na parte musical, quanto na parte técnica. A Orquestra honra a terra de Carlos Gomes”, afirmou o secretário.

“Esta é uma noite de muita emoção para mim, minha noite de estréia nesta Orquestra, a qual eu devo muito porque aprendi ouvindo a Sinfônica nos meus tempos de faculdade”, afirmou a maestrina Ligia Amadio.Composições de Villa Lobos, Tchaikovsky e Richard Strauss emocionaram também o público.

Diego Munoz, músico que foi assistir ao concerto, disse que se emocionou, assim como algumas pessoas que foram às lágrimas ao final da música de Tchaikovsky. “É muito bonito ver uma artista conseguir esse som com um repertório que exige um grande trabalho. Fazia tempo que Campinas não via isso”, afirmou Munhoz.

O motivo da emoção foi explicado pela maestrina Ligia Amadio, que descreveu o som dos instrumentos. “Esta música fala sobre a vida de um homem e começamos ouvindo seu coração. Ele luta contra a morte, mas no final acaba sendo vencido por ela, som que representado pelo instrumento oriental de percussão. Logo depois é a transcedenção, que ocorre de forma tranqüila”, afirmou a maestrina. No momento em que foi tocado o instrumento de percussão era possível ouvir algumas pessoas comovidas.

José Elinar Araújo, músico da OSMC conta que essa temporada tem um repertório que exige muita técnica e ensaio dos músicos. “Está sendo bastante trabalhoso tocar nessa peça porque ela é difícil tecnicamente, mas é gratificante”, afirmou Araújo. Niza Tank, a soprano, fez um balanço desta apresentação: “eu sou campineira por título, amo essa cidade. Além disso, é a cidade de Carlos Gomes, que aprecio muito. Quem disser por aí que Campinas não tem público é só olhar aqui. Essa platéia vibrou e se emocionou conosco”, opinou. “A Orquestra vai sentir agora o que é a doçura e a firmeza de uma mulher”, disse Niza, se referindo à maestrina Ligia Amadio.

Temporada

A maestrina Ligia Amadio explica como será a temporada da Orquestra. “Para organizar a temporada procurei me inspirar justamente nas qualidades dela, de ser uma orquestra devotada principalmente ao grande repertório romântico”, afirmou. Para isso, serão levadas ao público sinfonias de Brahms, Tchaikovsky, Rachmaninoff, Schumann, Richard Strauss, Frank e Mahler.

Além disso, serão comemorados aniversários como os de Villa Lobos, Mendelssohn e Cláudio Santoro. Grandes pianistas também serão trazidos para Campinas, como Nelson Freire, Eduardo Monteiro, Jean Louis Steuerman, Fany Solter, Linda Bustani e Luiz de Moura Castro. Entre outros músicos convidados, estão os cantores, como Niza Tank na estréia da temporada, Rosana Lamosa, Denise de Freitas e Marcelo Vannucci.

Em julho, a Sinfônica vai sediar o I Festival Internacional Carlos Gomes, com solistas de metais, como Steve Mead e Pablo Fenoglio. A OSMC vai destacar os talentos da própria Orquestra e participarão como solistas Arthur Huf, Fernando Hashimoto, José Eduardo D’Almeida, Silas Martins de Lima, Silvia Pinotti e Walter Valentini.

Entre os maestros convidados, estarão nomes internacionais: o suíço Karl Martin, o mexicano Jamón Revueltas e os brasileiros Aylton Escobar, Luiz Fernando Malheiro e Jamil Maluf. A Sinfônica vai realizar também viagens, indo ao Festival de Inverno de Campos de Jordão, levando o violinista chinês Yang Liu, tocará na Sala São Paulo, na cerimônia do Prêmio Guarani (dia 11 de maio) e vai tocar na 5ª Sinfônica de Mahler, no mesmo local, dia 18 de outubro.

De acordo com a maestrina Ligia Amadio, os trabalhos da Orquestra não param por aí. Serão implementados neste ano alguns projetos: uma série de concertos didáticos da OSMC, uma biblioteca musical virtual, além de programas apresentados pelo maestro Parcival Módolo, que irão ao ar na Rádio Educativa com a finalidade de democratizar o acesso à música clássica. “Os concertos populares, como sempre, vão enfatizar a missão da Sinfônica de levar boa música a todas as camadas da população”, afirmou Ligia Amadio.

Orquestra

A Sinfônica de Campinas foi a primeira instituição de seu gênero a surgir em uma cidade brasileira que não é capital de seu Estado. Já no início do século XX ela se transformou em rota obrigatória de alguns dos principais programas sinfônicos e de ópera, o que estimulou a criação de uma orquestra local.

Uma das propostas da orquestra é levar a música ao maior número possível de pessoas, valorizando sempre a obra de do Maestro Carlos Gomes, o trabalho de novos compositores campineiros e de grandes nomes da música nacional e internacional.

As Temporadas Anuais compreendem os Concertos Oficiais, os Concertos Didáticos e Concertos Especiais, que acontecem na Sala Luís Otávio Burnier do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes e os Concertos Populares, descentralizados em várias regiões da cidade, possibilitando a todo cidadão o acesso à cultura.

Atualmente tem como diretor o violinista e secretário de Cultura, Arthur Achilles; como regente titular Ligia Amadio; como regente associado, Parcival Módolo; e, como regente convidado principal, Karl Martin. A Orquestra Sinfônica é mantida pela Prefeitura Municipal de Campinas, através da Secretaria de Cultura.