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Teatro Castro Mendes recebe a Sinfônica neste final de semana

21/09/2006

 

 

Fantasia para Orquestra, Petite Suite, Sinfonia nº 4 - Trágica

CONCERTO OFICIAL - 30 Set - sáb - 20h | 01 Out - dom -17h

Compositores  |  Regente

 

As Obras 

FERNANDO MORAIS
Fantasia para Orquestra

Esta peça foi escrita em janeiro de 2004 e, como o nome indica, é uma composição  livre, que não se prende a nenhuma forma tradicional. O compositor a escreveu em homenagem a seu filho Gabriel, que aos sete meses de idade, sentado no colo do avô, dedilhou algumas vezes cinco notas na mesma seqüência e ritmo. Imediatamente o compositor percebeu que aquelas notas faziam sentido e configuravam uma célula temática que poderia vir a ser o embrião de uma nova composição musical. Anotou a “composição” do filho e meses depois começou a escrever Fantasia para Orquestra, tomando como base a célula musical criada pelo menino, que é apresentada pelo naipe das trompas logo no início da obra. Este tema permeia toda a peça e é sempre mantido na íntegra no que diz respeito às notas musicais, sofrendo, entretanto, algumas alterações de timbre. A obra, de escrita harmônica e orquestração tradicionais, apresenta várias passagens solísticas, em especial para instrumentos de sopro.

CLAUDE DEBUSSY (Saint-Germain-em-Laye, França, 1862-Paris, 1918)
Petite Suite (1888-1889)
Escrita entre 1888 e 1889, originalmente para piano a quatro mãos, a orquestração não foi realizada por Debussy, mas sim por seu amigo Henri Büsser, considerado um melhores orquestradores de seu tempo.
A peça original estreou em 1889, tendo o próprio Debussy ao piano, ao lado do pianista-editor Jacques Durand. Acredita-se que tenha sido escrita por sugestão deste, que liderava um grupo de músicos amadores, porém habilidosos, muito comuns na época. A Suite, cujo caráter é de diversão e entretenimento, foi estruturada em quatro movimentos. No primeiro, En bateau (Em um barco), uma melodia acompanhada por acordes quebrados sugere ondulações e remoinhos na água. Debussy utiliza neste trecho um de seus procedimentos harmônicos mais característicos, a escala de tons inteiros. O segundo movimento, Cortège (Cortejo), descreve uma parada militar em uma passagem pomposa e triunfante. É seguido por um Menuet (Minueto) e a suíte se fecha com um enérgico Ballet, que, segundo o compositor, sugere uma dança de elfos. Em duas passagens, Debussy trata a melodia em décimas paralelas, sugerindo técnicas que ele viria a explorar posteriomente.

FRANZ SCHUBERT (Viena, 1797-1828)
Sinfonia nº 4, D. 417 – Trágica
“Não há ninguém que compreenda a dor do outro e ninguém compreende a alegria do outro. Acredita-se sempre estar indo para o outro e nunca se pode mais que estar ao lado do outro. Oh, que dor para quem sabe disso! – Minhas criações são fruto de meu conhecimento da música e do meu conhecimento da dor. Aquelas que foram engendradas somente pela dor parecem agradar menos às pessoas.” (Diário íntimo de Schubert, março de 1824).
Schubert era filho de um professor e músico amador que costumava reunir os amigos para concertos em sua casa. Foi ele quem deu ao filho as primeiras aulas de violino, enquanto o irmão mais velho, Ignaz, ensinava piano. À certa altura, percebendo que nada mais poderia ensinar ao filho, o pai enviou-o para a tutela do organista Michael Holzer, que, estupefato com a habilidade do aluno comentou: “Não posso ensinar-lhe nada novo, ele já sabe tudo. De maneira que na realidade não o ensino, apenas converso com ele dissimulando minha admiração.”
Aos onze anos Franz entrou para o coro da Capela Imperial, o que lhe proporcionou a oportunidade de receber educação musical refinada e iniciar sua atividade como compositor. Mas começou indeciso, pois havia em Viena uma sombra que intimidava todos os jovens compositores (e quiçá os mais maduros) e Schubert comentou com um amigo: “Creio que também poderia escrever algo, mas como se pode escrever música depois de Beethoven?”
Em 1813, não podendo mais cantar no coro devido à mudança de voz, retornou à casa paterna e por considerar insegura a carreira de músico decidiu arrumar um emprego de professor. Ao lado de um trabalho que considerava insípido e tedioso, dedicava-se à composição e produziu um grande número de obras entre 1814 e 1816. Por essa época descobre o Lied, do qual seria um dos mais inventivos compositores.
A Sinfonia nº 4 em Dó menor foi escrita em 1816, quando Schubert contava dezenove anos e como a maioria de suas obras nunca foi executada durante sua vida. A estréia iria ocorrer mais de vinte anos após sua morte, no ano de 1849 em Leipzig. Consta que o próprio autor teria anotado a palavra “Trágica” no manuscrito, mas não explicou a razão, já que a sinfonia, apesar da abertura sombria, não tem como um todo um caráter trágico, mas cultiva o gosto do compositor pela beleza e pela melodia, influenciado que foi por Haydn e Mozart. Acredita-se que tenha intitulado assim porque esta foi a primeira de suas sinfonias escrita em modo menor.
O Adagio, a introdução lenta que abre o primeiro movimento, é bastante ligada ao estilo de Haydn e apresenta células em oitavas em um diálogo entre as vozes superiores e inferiores. Porém, uma sucessão descendente surpreende após poucos compassos e o caráter da música muda para Allegro vivace.
A melodia suave da abertura do Andante, como muitas outras passagens da obra de Schubert, é bastante transparente; por duas vezes é interrompida por passagens mais agitadas, mas a cada vez a melodia retorna com a delicadeza típica do compositor. O Scherzo é conhecido por sua idéia principal de caráter cromático e o Finale começa com uma introdução que logo parece se dissolver. Depois de servir como fundo do tema principal, a música agitada vai se transformando para servir como apoio ao segundo tema, que se inicia com um dueto para primeiros violinos e clarinete. Após a  recapitulação, no final reaparecem as oitavas do início da sinfonia. Se ali tinha um caráter trágico e foi apresentado em modo menor, aqui é aparece no modo maior, assegurando que, mesmo sendo “Trágica”, a sinfonia pode ter um final feliz.
Schubert faleceu na miséria aos 31 anos em novembro de 1828 e foi sepultado no cemitério de Viena; apenas três sepulturas o separavam do grande Beethoven, falecido no ano anterior. Tempos depois seus restos mortais foram trasladados para o lado de Beethoven e em 1897 Brahms veio juntar-se a eles. A inscrição na lápide de Schubert resume a tragédia de sua existência: “A música enterrou aqui um rico tesouro e esperanças ainda mais belas.”

Lenita W. M. Nogueira 

DICIONÁRIO MUSICAL
Fantasia. Composição musical livre, não restrita a uma forma específica; em geral é escrita para instrumento solista e tende a assemelhar-se a uma improvisação.
Lied. Palavra alemã que significa canção; escrita quase sempre para voz solista e piano, foi muito cultivado no século XIX, em especial na Alemanha e Áustria. Schubert foi o mais prolífico compositor deste gênero, tendo escrito mais de seiscentas obras, nas quais a música incorpora o senso das palavras. Outros compositores importantes foram Schumann, Mendelssoh, Brahms, Wolf, Mahler e Richard Strauss.
Suíte. Conjunto de peças instrumentais, dispostas ordenadamente e destinadas a serem executadas em uma audição ininterrupta.

 

 

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