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Autores e Obras

06/08/2011

 

Johannes Brahms (Hamburgo, 1833-Viena, 1897)
Serenata No.1,em Ré Maior, Op. 11, para Grande Orquestra
 
Pelo título “Serenata”, o leitor pode ser levado a pensar que a obra trata-se de alguma composição vocal, feita para ser entoada por algum apaixonado para a sua namorada, mas ledo engano; as serenatas de Brahms são obras puramente instrumentais, compostas por vários movimentos curtos que são construídos e desenvolvidos sobre um material temático de maneira concisa. Brahms escreveu duas serenatas, a No.1, op.11, em Ré Maior, para grande orquestra a No. 2, op.16, em Lá Maior, para pequena orquestra.A Serenata No.1 foi finalizada em 1857, período em que Brahms estava trabalhando em seu primeiro Concerto para piano. Originalmente foi concebida para flauta, duas clarinetas, fagote, trompa e quarteto de cordas, esta versão camerística porém não mais existe, tendo sido destruída pelo próprio compositor. Em setembro de 1858, Brahms, ao piano, mostra a primeira versão de sua Serenata para seu grande amigo Joseph Joachim, que o aconselha e o estimula a adaptá-la para grande orquestra. Joachim estréia as duas versões da Serenata: a versão original em 1859, em Hamburgo e a versão final em 1860, desta vez em Hanover.  A Serenata No. 1 conta com seis movimentos curtos.O primeiro movimento, Allegro molto, inicia-se com notas sustentadas pelos violinos e violoncelos e o anúncio do primeiro tema nas trompas, tema este que é imediatamente repetido e desenvolvido pelo clarinete e oboé. O tema nos remete ao final da última sinfonia de Haydn e é uma homenagem que Brahms faz ao seu compositor favorito. Após ser desenvolvido pela orquestra completa, o primeiro tema se encerra com um clímax vigoroso. O segundo tema aparece nos primeiros violinos e fagotes, passando em seguida para os primeiros e segundos violinos, sendo desenvolvido durante algum tempo. O movimento termina com a repetição do primeiro tema. O segundo movimento, Scherzo, inicia-se com um tema nas cordas e fagote que é longamente desenvolvido e repetido após o Trio. O terceiro movimento, Adagio non troppo, também inicia-se com o tema apresentado nas cordas graves e fagote. Esta combinação de cordas e fagote, combinação que Brahms utilizaria magistralmente em suas sinfonias, é de um enorme e magnífico lirismo e nos mostra toda a melancolia característica do compositor. O quarto movimento é composto por dois leves Minuetos de orquestração reduzida, que foram concebidos de maneira mais camerística que sinfônica. O quinto movimento, outro Scherzo, tem o tema, de caráter brilhante, novamente apresentado pelas trompas. Aqui podemos notar características musicais semelhantes às sinfonias de Beethoven, sobretudo à Sinfonia No.2 e à Sinfonia No. 6, a Pastoral. O último movimento é um Rondo vivo, composto por dois temas: o primeiro para os violoncelos, clarinete, fagote e o segundo para os primeiros violinos com acompanhamento das violas, trompas e violoncelos, que continuam com o espírito cheio de energia do movimento anterior e finalizam a obra de maneira sonora, vivaz e feliz.
 
 
Franz Joseph Haydn (Áustria 1732-Viena 1809)
Sinfonia No. 92, em Sol Maior, Hob.I: 92, “Oxford”
 
Joseph Haydn completou a sua Sinfonia No. 92, popularmente conhecida como Sinfonia Oxford, em 1789 como parte de um conjunto de três sinfonias que haviam sido encomendadas pelo conde francês d'Ogny. Em estilo galante, a Sinfonia No. 92 recebeu a alcunha de “Oxford” por ter sido executada em 1791na cerimônia em que Haydn recebeu o grau honorífico de doutor em Música na Universidade de Oxford. A Sinfonia No. 92, juntamente com a No. 88, são duas das mais populares sinfonias de Haydn. Assim como as demais sinfonias compostas no período de 1744-88, esta é de proporção ampla, englobando idéias musicais relevantes e expressivas numa estrutura complexa, mas perfeitamente unificada, onde o compositor utiliza sempre da forma mais adequada muitos recursos técnicos variados e engenhosos. É dividida em quatro movimentos que constitui uma regra do período clássico. Um aspecto característico dos primeiros andamentos destas sinfonias é a introdução lenta, cujos temas, por vezes, se relacionam com os do Allegro seguinte. O primeiro movimento inicia-se com uma introdução lenta, seguida por um Allegro em forma sonata, onde o compositor distingue cada seção do movimento pela utilização de fortes contrastes que causam estabilidade e instabilidade. O segundo movimento, Adagio cantabile, é em forma ternária com uma melodia lenta, introspectiva e com uma tranquila coda, onde se dá especial ênfase às madeiras, naipe de grande relevância e destaque em todas as sinfonias de Haydn. O terceiro movimento é composto na forma ABA, com um Minueto e Trio em forma binária com repetições. A fim de criar um movimento mais divertido para o ouvinte, Haydn, conhecido por seu bom humor musical, compõe o minueto com frases de seis compassos, em oposição à habitual frase de quatro compassos, além disso, acrescenta ao movimento síncopes e pausas gerais, causando surpresas e estranhamento ao ouvinte. O Presto final é centrado em sensações de tensão e relaxamento. A fim de transmitir essa qualidade para o ouvinte e criar um clímax final, Haydn escreve este movimento em forma sonata, porém ligeiramente mais rápido e mais curto do que o primeiro movimento da sinfonia.
 
 
Zoltán Kodály (Kecskemét, 1882-Budapeste, 1967)
Danças de Galanta (Galántai táncok)
 
As Danças de Galanta foram escritas em 1933 a pedido da Sociedade Filarmônica de Budapeste, por ocasião da comemoração dos 80 anos do compositor. Estreou a 23 de outubro do mesmo ano. A obra foi inspirada na região de Galanta, hoje uma unidade administrativa da Eslováquia Ocidental, mas que naquela época fazia parte da Hungria. As Danças de Galanta não são obras originais, são baseadas em uma obra anteriormente publicada, contendo cinco danças típicas de sua região, orquestradas e arranjadas no estilo musical húngaro e também no estilo pessoal do compositor. O próprio compositor explicou, na terceira pessoa, a obra: “Galantha é uma pequena cidade mercadora da Hungria, conhecida por viajantes que vinham de Viena para Budapeste. O compositor passou sete anos de sua infância lá. Naquela época era possível encontrar famosos grupamentos musicais ciganos, desaparecidos desde então. Esta foi a primeira sonoridade “orquestral” que chegou aos ouvidos da criança. Há mais de cem anos os antepassados ​​destes ciganos já eram conhecidos. Por volta de 1800 alguns livros de danças húngaras eram publicados em Viena (...). Eles preservaram as antigas tradições. A fim de mantê-las viva, o compositor baseou seus temas principais nessas antigas publicações.”Kodály desejou preservar essas velhas tradições húngaras. Para isso fez uma grande pesquisa sobre as principais edições dessas obras ciganas. As danças são muito antigas, algumas datando do século X. No decorrer dos cinco movimentos das Danças de Galanta, o ouvinte é apresentado ao estilo tradicional húngaroconhecido como verbunkos, estilo musical extremamente rítmico, onde figuras lentas se alternam com rápidas de maneira vivaz. Nesta obra podemos observar a participação particularmente importante da clarineta. Aqui ela imita a função do tóragató, instrumento de sopro típico da música folclórica húngara. Embora o mote principal das Danças de Galanta seja a tradição, elas, no entanto, não devem ser vistas como um mero trabalho de recuperação folclórica. Ao contrário, devem ser entendidas como uma obra moderna, que emula as canções folclóricas tradicionais, sendo retrabalhadas e brilhantemente orquestradas e que, sobretudo, trazem a marca colorida de seu compositor.
 
 
Kátia Kato

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