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Autores e Obras

20/08/2011

 

 
WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)
Idomeneo – Música de balé
A primeira apresentação de Idomeneo, considerada a primeira ópera da fase madura de Mozart, ocorreu no Cuvilliés Theatre em Munique em janeiro de 1781. O libreto de Gianbattista Varesco recebeu acréscimos do próprio Mozart, que o achou medíocre. É baseada em um texto de Antoine Sanchet, que por sua vez se inspirou na  Ilíada de Homero. Idomeneo, re di Creta ossia Ilia e Idamante (Idomeneo, rei de Creta ou Ilia e Idamante) é o nome completo desta obra que se enquadra no gênero opera seria, que, em oposição à opera buffa, tem sempre um fundo moral e heroico, com libretos em sua maioria baseados em obras de Metastasio.
Durante séculos acreditou-se que Tróia pertencia ao reino da mitologia, até que na década de 1870 o arqueólogo Heinrich Schliemann confirmou a sua existência ao descobrir suas ruínas no lugar hoje conhecido como Hisarlik, na Turquia, quebrando a magia do mito do cavalo de Tróia, de concurso de beleza entre deusas, de Páris e Helena. É provável que a Guerra de Tróia tenha sido uma das muitas travadas entre gregos e troianos pelo controle de rotas comerciais.
A escolha deste tema para uma ópera não foi de Mozart, já que em 1780 ele e o libretista Varesco foram convidados pelo eleitor da Baviera, Karl Theodor, para escrever uma ópera com tema previamente determinado. Como o nome indica, Idomeneo era rei de Creta e, enquanto lutava ao lado de Agamenon e Menelau contra Tróia, deixou o reino nas mãos de seu filho Idamante. Este se apaixona (e é correspondido) por uma prisioneira, a princesa troiana Ilia, a filha do rei Príamo.
No seu retorno da guerra, Idomeneo sofre um naufrágio e, ao atingir uma praia deserta, relembra o voto que havia feito a Netuno, caso se salvasse: iria sacrificar a primeira criatura viva que ele encontrasse. E sua primeira visão foi  justamente seu filho Idamante. Não encontrando forças para cumprir a promessa, ordena a ele que nunca mais o procure. No final o rei consegue preservar a vida do filho com anuência do próprio Netuno e a ópera tem um final feliz com a união de Idamante e Ilia e de seus reinos.
 
A música de balé para Idomeneo é raramente executada quando há representações desta ópera, que foi redescoberta no século XX. Pairam dúvidas sobre o local exato das peças de balé dentro da composição, mas há indicações de que pertenceriam ao primeiro e ao terceiro ato, embora alguns afirmem que todas as peças fariam parte do terceiro ato. Trata-se de um conjunto de cinco danças que atualmente é apresentado na seguinte forma: chacona, passpied, gavota, chacona e  Pas Seul de Monsieur Legrand.
As informações que restaram sobre estas peças indicam que a gavota foi dedicada “para as mulheres de Creta” e há indicações de que era executada ao final do primeiro ato. A segunda chacona (terceira peça do conjunto) tem a indicação “La chaconne, qui reprend” porque na parte central aparece um trecho da chacona que inicia a peça.  O Pas Seul, que fecha a obra, leva o nome do bailarino e coreógrafo Claudius LeGrand, que atuou na estreia em Munique.
 
Sinfonia n° 36, KV 425 – Linz
Esta sinfonia foi escrita em poucos dias no castelo do Conde Johann Joseph Anton von Thun-Hohenstein na cidade de Linz na Áustria, entre o fim de outubro e início de novembro de 1783. Mozart havia passado uma temporada em Salzburgo para apresentar sua esposa Constanze ao pai, que havia sido contra o casamento.
Conforme Mozart escreveu ao pai, no caminho de volta para Viena hospedaram-se no dia 31 de outubro no “castelo do velho conde Thun”, onde no dia 04 de novembro deveria apresentar uma obra. Continua a carta dizendo: “(...) e porque eu não tenho uma única sinfonia comigo, vou escrever uma nova no calor do momento, que terá de ser concluída até então”.
Em quatro dias aquela que seria sua trigésima sexta sinfonia estava pronta e ensaiada para a apresentação em Linz. Instrumentou a peça para cordas, pares de oboés, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos e não deixou uma nota sequer que denuncie a escrita apressada. Ao contrário, é uma obra de fino acabamento, que vai muito além de todas as sinfonias escritas anteriormente.
É a primeira vez que Mozart abre uma sinfonia com uma introdução lenta (Adagio), provavelmente uma influência de Joseph Haydn. Na sequência há uma quebra no clima inicial com a introdução do Allegro, cujo caminho é aberto pelas cordas. No segundo movimento, Poco adagio, no qual também há uma inovação, a participação de trompetes e tímpanos em um movimento lento. A interação destes com as cordas confere ao movimento elegância e solenidade. Segue-se o terceiro movimento, Menuetto, que tem um trecho contrastante em sua parte central (chamada Trio), na qual há um solo de oboé e fagote contra um acompanhamento discreto das cordas, que confere ao trecho um certo caráter pastoral. O movimento final, Presto, é vivo e a sinfonia termina em um clima festivo, adequado a uma  representação da hospitalidade do conde Thun-Hohenstein.
                Esta é a primeira das chamadas Sinfonias de Viena e aqui podemos notar a influência de Joseph Haydn, como, por exemplo, na introdução lenta do primeiro movimento, além de outros trechos. Após esta obra Mozart escreveria outras quatro sinfonias: três anos depois veio à luz a Sinfonia Praga e na sequência as de número 39, 40 e 41 que sintetizam todas as enormes realizações de Mozart no gênero sinfônico.
 
EDVARD GRIEG (Bergen, 1843-1907)
Danças sinfônicas, Op. 64
Grieg é o mais importante compositor da Noruega e um dos principais defensores do nacionalismo em música, tendência importante do final do século XIX, que envolveu compositores como Dvorák, Smetana e Janacek, chegando até o século XX através de compositores como Béla Bartók e Villa-Lobos.
A carreira de Grieg começa quando, em 1858, sua família recebeu a visita do violinista norueguês Ole Bull, que sugeriu ao jovem Edvard que fosse estudar no Conservatório de Leipzig, instituição fundada por Mendelssohn alguns anos antes. Após terminar seus estudos nesta escola (a qual considerava muito conservadora), voltou para sua cidade natal, mas, sendo esta acanhada para seus projetos, mudou-se para a Copenhague na Dinamarca. Nesta altura já tinha escrito várias obras, mas nunca as apresentara em público. O amigo e compositor dinamarquês Rikard Nordraak havia criado a Sociedade Euterpe com a finalidade de apresentar novos talentos e foi neste local que Grieg apresentou duas peças que mais tarde iriam integrar as famosas Danças Sinfônicas, completadas em 1898.
Esta peça foi inspirada pelas orquestrações de melodias folclóricas realizadas pelo compositor norueguês Johan Svendsen, que na década de 1870 apresentou diversas delas em concertos. Este também foi o regente na estreia das Danças Sinfônicas em 1899. Como o título indica, trata-se de um conjunto de danças, mas neste caso têm a peculiaridade de estarem agrupadas como se formassem uma sinfonia. Cada dança tem forma tripartite (ABA) e são construídas a partir de cantos retirados de uma coleção de música folclórica norueguesa publicada por Ludvig Lindeman. Halling é uma dança típica da Noruega e aparece tanto no primeiro movimento, Allegro moderato e marcato, como no segundo, Allegretto grazioso. No primeiro caso a melodia utilizada é Halling de Valdres e no segundo, em andamento mais lento, é Hestebytaren.
Em uma sinfonia tradicional o terceiro movimento seria um scherzo e aqui Grieg trabalha sobre a canção Springar from Åmot, em um andamento Allegro giocoso. O último movimento, Andante – Allegro risoluto, é o mais extenso e sua parte central é baseada em Brurelåt, uma melodia de casamento, que tem base um texto que diz: “Você viu minha esposa, no alto da montanha? Chapéu preto, saia vermelha e uma perna mais longa que a outra.”
 
Lenita W. M. Nogueira
 
 

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