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No programa do Concerto Oficial deste final de semana: BACH, HAENDEL e SOLISTAS da SINFÔNICA

24/10/2006

Concerto Oficial: 28 e 29 de Outubro

Após a estréia de seu novo regente titular, Roberto Tibiriçá, e da apresentação ao lado do renomado pianista Arthur Moreira Lima, agora é a vez da Orquestra Sinfônica de Campinas dar destaque a seus próprios músicos. No dia 28, às 20 horas, e no dia 29, às 17 horas, no Centro de Convivência Cultural de Campinas, a OSMC interpreta repertório voltado às apresentações solos e às composições de Johann Sebastian Bach e Georg F. Haendel, dois entre os maiores representantes do período barroco.

Desta forma, o primeiro bloco dos concertos, a serem regidos pelo maestro convidado Parcival Módolo, será composto por “Concerto a due cori, nº 1”, de Haengel e “Concerto de Brandenburgo nº II, em Fá maior”; obra de Bach e que terá os solos de Cláudia Alvarenga Carvalho (Flauta), Carlos Carvalho (Oboé), Clovis Beltrami (Trompete) e Samuel Pires de Lima (Violino).

“Concerto de Brandenburgo nº IV, em Sol maior”, outra obra de Sebastian Bach, e que contará com os solos de Samuel Pires de Lima (Violino) e João Batista de Lira e Cláudia Alvarenga Carvalho (Flauta) da abertura a parte final do programa. Por fim, “Música para fogos de artifícios reais”, uma das mais conhecidas e tocadas obras de Haendel, encerra com chave de ouro as apresentações da OSMC no mês de outubro.

Os ingressos para as apresentações da Sinfônica podem ser obtidos na bilheteria do Centro de Convivência Cultural e custam R$ 10,00. Estudantes e aposentados pagam meia entrada. Para mais informações no site www.osmc.com.br ou pelo telefone (19) 3237.2730.

As Obras

JOHANN SEBASTIAN BACH (Eisenach, 1685-Leipzig, 1750)
Ao tempo de Bach os pequenos estados alemães mantinham em seus palácios pequenos conjuntos orquestrais. Um destes era o do margrave de Brandemburgo, que conheceu Bach quando o músico esteve ali à procura de um cravo para o príncipe de Cöthen, para quem trabalhava. Apreciador e colecionador de música, o margrave encomendou a Bach alguns concertos para serem executados pela orquestra de sua residência e recebeu seis concertos “acommodés a plusiers instruments”. Não se sabe com precisão a data da composição destas obras, mas tudo indica que já estavam escritas antes da solicitação do nobre brandemburguês.
Bach colocou os concertos em um envelope com uma dedicatória em francês, que parecia mais um pedido de emprego: “Não há nada que eu deseje mais, que ser engajado em tarefas mais dignas de sua alteza e seu serviço”. Na frente da partitura vinha a escrito também em francês: “Seis Concertos com muitos instrumentos. Dedicados a Sua Alteza Real Senhor Christian Ludwig, Margrave de Brandenburgo por seu mui humilde e mui obediente servidor Johann Sebastian Bach, Mestre de Capela de Sua Alteza Sereníssima, o Príncipe Reinante de Anhalt-Cöthen. Cötten, 1721”.

Parece que o margrave não deu muita atenção aos concertos, que foram para o arquivo real com a chancela de “curiosidades”. Após a sua morte em 1734 as cópias enviadas ao margrave passaram para as mãos de uma sobrinha-neta e hoje se encontram na Biblioteca Estadual de Berlim. Os manuscritos originais desapareceram e a nomenclatura “Concerto de Brandemburgo” foi adicionada posteriormente.

Concerto de Brandemburgo nº 4 em Sol maior, BWV 1049
Os concertos de Bach não seguem o padrão de seus sucessores, uma peça para um instrumento solista com orquestra. Na maioria das vezes apresentam núcleos contrastantes dentro da orquestra ou são escritos para grupos especiais de instrumentos. O Concerto de Brandemburgo nº 4 tem três solistas: violino e duas flautas. Estas estão indicadas no manuscrito como fiauti d´echo, provavelmente porque elas atuem em algumas partes, em especial no segundo movimento, contrastando com o violino solo que é mais concertante. A parte do violino tem passagens bastante virtuosísticas no primeiro e terceiro movimentos, e no segundo atua mais como apoio para as flautas. Foi adaptada por Bach como o último dos seus seis concertos para cravo, o Concerto para cravo, duas flautas e cordas em Fá maior, BWV 1057.

Concerto de Brandenburgo nº 2 em Fá maior, BWV 1047
O concerto segundo utiliza um quarteto de instrumentos solistas em contraste com as cordas. Os instrumentos solistas são flauta, oboé, violino e trompete (originalmente para trompete em Fá, instrumento típico do período barroco, mais agudo que o atual). Teria sido escrito para o trompetista da corte de Cöthen, à qual Bach prestava serviços, mas o trompete não é utilizado no segundo movimento, talvez porque, devido à alta exigência técnica do primeiro, o instrumentista precisa de um descanso para enfrentar o terceiro movimento, uma fuga de grande elaboração contrapontual. Isto gera um grande contraste de textura entre os movimentos.

GEORG FRIEDRICH HAENDEL (Halle, 1685-Londres, 1759)
Embora nascido na Alemanha, Haendel teve sua formação musical na Itália no início do século XVIII e sua atuação como compositor deu-se na Inglaterra, onde se radicou em 1712. Adepto da ópera italiana, à qual dedicou grande parte de sua produção, também desenvolveu o gênero oratório, do qual O Messias de 1741 é o mais conhecido, música para eventos e cerimônias reais como a Suíte Música Aquática (1717) e a Música para os fogos de artifícios reais (1749), além de uma grande quantidade de concertos.
Como mestre da Capela Real inglesa, recebia constantemente encomendas para as cerimônias reais, entre elas a coroação do rei George II e sua consorte a rainha Carolina, que ocorreu na Abadia de Westminster, o mesmo local onde o compositor foi sepultado.

Concerto a due cori, nº 1 em Si bemol, HWV 332
Haendel escreveu na década de 1740 três concertos “a due cori”, título que não foi dado por ele, que apenas indicou “primo coro e secondo coro”, ou seja, além de cordas e baixo contínuo, a peça é escrita para dois grupos de sopros trabalhados em forma antifonal. Estes concertos foram provavelmente escritos para serem executados nos intervalos dos oratórios do compositor, como também alguns concertos para órgão e concerti grossi.

O Concerto a due cori nº 1 teria sido composto entre 1747 e 1748, provavelmente como interlúdio do oratório Joshua, hoje pouco divulgado. O Concerto nº 2 teria sido executado entre trechos de O Messias e o nº 3 de Judas Macabeus.

Haendel, sendo o compositor mais célebre da Inglaterra, tinha que produzir muita música em pouco tempo, e não é de se estranhar reutilizasse temas de outras obras suas na criação de seus concertos. Neste Concerto nº 1 foram utilizados temas de diversos oratórios como Alexandre Balus; O Messias, Belshazzar, Ottone, Semele e Lotario. O concerto nº 1 se diferencia dos demais por não utilizar trompas.

Música para os fogos de artifício reais, HWV 351
Esta obra foi composta em 1749 para celebrar a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle, que pôs fim à Guerra da Sucessão Austríaca em outubro de 1748. Os preparativos na Inglaterra começaram já no mês seguinte com a construção de uma grande estrutura de madeira como um arco do triunfo no Green Park em Londres. A música deveria ser grandiosa, já que a performance ao ar livre exigia um grande contingente instrumental. Haendel desejava dezesseis trompetistas e o mesmo número de trompistas, mas resolveu mudar o contingente para vinte e quatro oboés, doze fagotes, incluindo contrafagote, nove trompetes e nove trompas, três pares de tambores e um grande número de caixas.

O ensaio de Música para os fogos de artifício reais no dia 21 de abril de 1749 ficou para a história como um recorde de público na história da performance musical da época, já que se estimou em 12.000 o número de pessoas que teria acorrido ao local, causando um congestionamento nunca visto em Londres.

Entretanto o evento oficial, em 27 de abril de 1749, não teve tanta repercussão. Estava tudo preparado para ser um grande espetáculo, mas o tempo não ajudou e com a forte chuva, os fogos falharam e o fogo acabou por destruir toda a estrutura montada.

A peça foi apresentada meses depois em um lugar mais tranqüilo, na cerimônia de fundação de um hospital. Para essa ocasião Haendel mudou a orquestração para a combinação tradicional de cordas e sopros, sendo esta versão mais executada atualmente. Está estruturada em cinco movimentos, a Ouverture no estilo francês é seguida por Bourrée, La Paix (A paz), La réjouissance (O regozijo) e Minueto. Um segundo minueto em Ré menor, provavelmente uma adição posterior, é introduzido antes do retorno grandioso do minueto principal em Ré maior.

Lenita W. M. Nogueira

DICIONÁRIO MUSICAL
BWV
. Abreviatura de Bach-Werke-Verzeichnis, numeração utilizada para identificação das obras de Bach agrupadas tematicamente, não cronologicamente. Foi definida por Wolfgand Schmieder em 1950.
Concerto Grosso. (plural concerti grossi). Forma típica do período barroco, em geral tem de três a seis movimentos nos quais o material musical é passado entre um pequeno grupo de solistas (concertino) e a orquestra completa (ripieno).
HWV. Abreviatura de Händel-Werke-Verzeichnis, é o catálogo das obras de Haendel. Foi publicado entre 1978 e 1986 por Bernd Basel.
Margrave. Senhores encarregados de governar e administrar as províncias fronteiriças no antigo Império Germânico.
Oratório. Composição musical bastante extensa para orquestra, solistas vocais e coro. Difere da opera por não ser encenado e por dar aos coros um papel mais proeminente. Teve seu apogeu entre os séculos XVII e XVIII.

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