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Concerto Oficial 11 e 12 de novembro: Sinfônica recebe maestro Lutero Rodrigues

11/07/2006

Um repertório complexo, composto por obras raras, cômicas e pouco executadas. Essas são as principais características dos concertos que a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas realiza no dia 11, às 20 horas e no dia 12, às 17 horas, no Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes. Desta forma, a OSMC que será regida pelo maestro convidado Lutero Rodrigues, inicia os concertos interpretando “II Matrimonio Secreto”, abertura da ópera buffa (comédia) do italiano Domenico Cimarosa, autor contemporâneo de Mozart, com quem disputava atenção do mesmo público.

“Concerto nº. 1 para Trompa e Orquestra em Mi bemol”, obra de Richard Strauss, um dos mais importantes compositores do período pré-romântico e que terá o solo do trompista Alex Ado, antecede o intervalo. “Sinfonia nº. 4 em Si bemol, op. 60”, complexa e pouco executada composição de Ludwig van Beethoven encerra as apresentações da orquestra campineira. Os ingressos custam R$ 10,00 e podem ser obtidos nas bilheterias do Centro de Convivência a partir da próxima quarta-feira, dia 08 de novembro. Aposentados e estudantes tem direito a meia-entrada. Mais informações pelo telefone (19) 3237.2730

 

As Obras

DOMENICO CIMAROSA (Aversa, 1749-Veneza, 1801)
Abertura da ópera Il matrimonio segreto
Cimarosa, que foi contemporâneo de Mozart e disputava com ele o mesmo público, escreveu mais de sessenta óperas. De origem humilde, estudou música no Conservatório Santa Maria di Loretto de 1761 até 1772, ano em que estreou em Nápoles sua primeira ópera, La stravaganza del conte, com a qual ganhou imediato reconhecimento. Viveu entre Nápoles e Roma e suas obras corriam a Europa até que em 1787 foi convidado por Catarina II da Rússia para uma temporada em São Petersburgo. Posteriormente foi contratado como mestre de capela em Viena, posição antes ocupada por Antonio Salieri.

Il matrimonio segreto (O matrimônio secreto) é sua obra mais conhecida e estreou em Viena em 1792, poucos meses após a morte de Mozart. É uma ópera buffa e fiel ao gênero seu enredo é cheio de confusões, enganos e trapaças: Paolino, um humilde funcionário, e Carolina, filha de um mercador, casaram-se em segredo. O pai da moça, Geronimo, havia arranjado um casamento para sua outra filha com um conde, mas este é apaixonado por Carolina. A irmã de Geronimo, Fidalma, uma fogosa viúva, por sua vez é apaixonada por Paolino. Após muitas peripécias, o casal é obrigado a admitir o casamento, o conde se casa com a irmã de Carolina e tudo se encaminha para um final feliz. Embora não seja tão bem construída como Le Nozze di Figaro de Mozart, com a qual guarda algumas similaridades, Il matrimonio segreto tem momentos refinados, incluindo uma cena apimentada de Fidalma, na qual exalta os prazeres do matrimônio, e a aria de Carolina no último ato, quando imagina estar sendo traída pelo marido secreto.

RICHARD STRAUSS (Munique, 1864-Garmisch-Partenkirchen, 1949)
Concerto nº 1 para Trompa e Orquestra em Mi bemol
Strauss foi um dos mais importantes compositores ativos entre o fim do século XIX e meados do XX. Sua vasta produção musical inclui sinfonias, poemas sinfônicos, óperas, concertos e canções. Uma de suas obras mais conhecida é o poema sinfônico Also sprach Zarathustra (Assim falou Zaratustra), tema do filme 2001: Uma odisséia no espaço, dirigido por Stanley Kubrick em 1968.

Seu pai, Franz Strauss, um dos mais respeitados trompistas da época, tocou na Orquestra da Corte da Bavária por mais de quarenta anos e participou de estréias históricas de obras de Richard Wagner como Tristão e Isolda, Os mestres cantores, O ouro do Reno e As Valquírias. De acordo com Hans von Büllow (a quem já nos referimos em programa recente como aquele a quem Tchaikovsky dedicou seu Concerto nº1 para Piano e Orquestra), Franz Strauss era o “Joachin da trompa”, uma comparação com o mais importante violinista da época.
Talvez por influência do pai, Richard Strauss foi o primeiro compositor após Mozart a escrever um concerto para trompa. Tinha então dezenove anos e recebeu orientações técnicas do pai e sugestões do maestro von Büllow para que fizesse algumas alterações na parte solo do concerto. Sabe-se desse fato através de uma correspondência de Strauss e Gustav Leinhos, primeiro trompista da orquestra da corte ducal de Meiningen.

O Concerto nº 1 para Trompa e Orquestra foi composto por Strauss entre 1882-83 e segue a trilha aberta por Richard Wagner que havia explorado as possibilidades da trompa de válvulas, instrumento desenvolvido por volta de 1820. A textura tem um toque de clareza e simplicidade ao estilo de Mozart, um dos ícones reverenciados por Strauss. No que se refere à harmonia, é ainda bastante convencional e distante das ousadias que o compositor iria empreender em composições posteriores como as óperas Salomé (1905) e Elektra (1909).

A obra é estruturada em três movimentos: Allegro, Andante e Rondó: Allegro, sem interrupção entre o primeiro e o segundo, procedimento semelhante ao utilizado por seu pai, Franz, em seu Concerto para Trompa e Orquestra op. 8. Muitos anos depois de seu primeiro concerto para trompa e já próximo ao fim de sua carreira, em 1942, Richard Strauss escreveria um segundo concerto para trompa.
O refinamento dos temas do Concerto nº 1 vem de encontro à afirmação de Strauss feita ao crítico e compositor Max Narschalk: “Eu trabalho com melodias há muito tempo; o que importa não é o começo da melodia, mas sua continuação, seu desenvolvimento em uma perfeita forma melódica.”

LUDWIG VAN BEETHOVEN (Bonn, 1770-Viena, 1827)
Sinfonia nº 4 em Si bemol maior, op. 60
Esta sinfonia estreou em 1806 sob a regência do próprio compositor no Palácio do Príncipe Lobkowitz em Viena, onde Beethoven era empregado. A partitura foi dedicada ao “nobre silésio Conde Franz von Oppersdorf”, parente de Lobkowitz, que havia comissionado a obra no ano anterior. Encantado com a audição da Sinfonia nº 2, Oppersdorf ofereceu grande soma de dinheiro a Beethoven para que escrevesse uma sinfonia para ele. Embora num primeiro momento Beethoven tivesse pensado em entregar a Sinfonia em Dó menor, da qual já havia esboçado dois movimentos e que posteriormente seria a Sinfonia nº 5, resolveu escrever uma obra totalmente nova, de caráter oposto à arrojada sinfonia anterior, a de nº 3, Eroica, de 1805.

O musicólogo George Grove sugeriu em seu livro Beethoven e suas nove sinfonias que essa mudança teve razões práticas, já que o compositor percebeu que seria um erro persistir na trilha de seriedade e profundidade da sinfonia anterior. E estava certo, pois a beleza e espontaneidade dos temas, a ausência de motivos trágicos, a perfeição da forma despertaram o entusiasmo de seus contemporâneos.

A Sinfonia nº 3 é de importância capital na história da música ocidental, já que por seu arrojo e quebra de padrões é considerada como a obra que introduziu o período romântico na música, pois as sinfonias anteriores de Beethoven ainda estavam ligadas ao estilo clássico de Haydn e Mozart. Entretanto, após esse avanço, Beethoven optou por um retorno aos padrões anteriores, escrevendo uma peça menos densa, um genial descanso entre duas obras gigantescas, o que levou Robert Schumann a descrever a Sinfonia nº 4 como “uma suave donzela grega entre dois gigantes nórdicos”.

A Quarta Sinfonia, estruturada em quatro movimentos, tem uma introdução lenta, apoiada em um pedal de Si bemol nos instrumentos de sopro, e nela encontram-se temas que recorrem durante a sinfonia. O caráter misterioso desaparece assim que se inicia o Allegro vivace, substituído pelo tom jovial que vai predominar até o final da sinfonia. Dois temas são sucessivamente apresentados num movimento vigoroso, no qual Beethoven demonstra toda a sua capacidade de manipulação rítmica. O segundo movimento, em forma de rondó, é calmo e uma atmosfera mais lírica é introduzida pelos primeiros violinos, enquanto o segundo tema, que tem ressonâncias da sinfonia anterior, aparece nas clarinetas. Já o terceiro movimento começa com um scherzo cheio de vida e se desenvolve de forma bastante livre, que utiliza elementos temáticos apresentados na introdução. O quarto movimento, no qual a atmosfera chega ao mais alto grau de animação, começa com um ritmo agitado que percorre o movimento e que em certos momentos contrasta com motivos mais líricos e expansivos. A coda final apresenta uma surpresa: um trecho mais lento, onde primeiros violinos, fagotes e violas dialogam, até que a orquestra toda se precipita em um fortíssimo que fecha esta Sinfonia nº 4.

DICIONÁRIO MUSICAL
Coda. Trecho conclusivo de uma obra musical.
Ópera buffa. Estilo de ópera cômica italiana, em dois ou três atos, que se desenvolveu em Nápoles na primeira metade do século XVIII.
Pedal. Nota sustentada por longo tempo.
Rondó. Forma musical na qual a primeira seção sempre retorna. No período clássico geralmente aparecia como o ultimo movimento

 

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