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Concerto Oficial: 02 e 03 de dezembro

27/11/2006

Bethoveen é destaque dos primeiros concertos da OSMC em dezembro

O mês de Dezembro começa em grande estilo para a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas. No dia 2, às 20 horas e no dia 3, às 17 horas, a OSMC que será regida pelo maestro convidado principal Karl Martin, interpreta uma composição do italiano Gioacchino Rossini e dá ênfase a duas das principais obras de Ludwig Van Bethoveen, um dos maiores nomes da música clássica de todos os tempos.

Assim, a parte inicial dos concertos, que acontecem no Centro de Convivência Cultural, será composta pela Abertura da Ópera Tancredi, obra que estreou no Teatro Fenice, em Veneza, e que colocou Rossini entre os grandes nomes da música italiana. Em seguida, a Sinfônica de Campinas enfatiza as obras de Bethoveen com “Sinfonia nº.1 em Dó Maior”, que contará com a performance solo do pianista Fernando Lopes e “Concerto nº.1 para Piano e Orquestra”, obra que encerra as apresentações.

Serviço

As Obras

GIOACCHINO ROSSINI (Pesaro, 1792-Paris, 1868)
Abertura da ópera Tancredi

Rossini foi o compositor de óperas mais famoso antes de Giuseppe Verdi e entre as mais conhecidas estão Il barbiere di Siviglia (1816) e Guillaume Tell (1829), na qual se encontra, na parte final da abertura, a famosa cavalgada, uma das peças mais executadas de todo o repertório da música de concerto.

Tancredi (1813) foi um marco na carreira de Rossini, que a partir daí passou a ser considerado o mais importante compositor de óperas da Itália e bastante reconhecido também no exterior. Baseada na peça de Voltaire (1694-1778), Tancrède (1759), e com libreto de Luigi Lechi, foi escrita em dois atos e estreou no Teatro La Fenice em Veneza em fevereiro de 1813. A abertura foi aproveitada de uma ópera anterior La pietra del paragone (1812) e é um exemplo dos esforços de Rossini para se firmar como compositor de ópera séria, já que até então se destacara mais pelas óperas buffas.

O enredo se desenvolve no ano de 1005 na Sicília, na cidade-estado de Siracusa,  durante um conflito entre o Império Bizantino e os Sarracenos. Tancredi era um soldado, cuja família havia sido expatriada e que lutava por seu retorno à Siracusa.
Na estréia em Veneza a ópera foi apresentada com um final feliz, ao contrário da peça de Voltaire, mas para a apresentação seguinte em Ferrara, o libretista Lechi propôs mudanças na parte final do enredo, aproximando-o do final dramático da peça.
Na versão de Ferrara, Tancredi vence a batalha final contra os sarracenos, mas é ferido mortalmente e sua amada, Amenaide, jura que não o trairá após a sua morte, enquanto na versão de Veneza o herói retorna da batalha triunfante e fica com sua amada. Em uma temporada posterior em Milão, Rossini introduziu algumas mudanças na ópera e ratificou o final feliz.

LUDWIG VAN BEETHOVEN (Bonn, 1770-Viena, 1827)
Concerto nº 1 para Piano e Orquestra em Dó Maior, op. 15

Embora seja nomeado como o primeiro concerto para piano de Beethoven, este foi na verdade sua terceira incursão no gênero: antes ele já havia escrito um concerto em Mi Bemol não publicado (apesar da coincidência de tonalidade, não se trata do Concerto nº 5, que é de 1809), e aquele que foi chamado de nº 2, composto quase dez anos antes, mas só publicado em 1801, depois da publicação deste Concerto nº 1.
Levando-se em consideração que a produção musical de Beethoven é dividida em três períodos distintos, esta obra, que estreou em 1800, insere-se no primeiro, no qual o compositor ainda estava ligado às tradições do modelo clássico de Haydn e Mozart, embora ousadias harmônicas já demonstrem a sua personalidade única.
Como um concerto clássico tradicional, está escrito em três movimentos. O primeiro Allegro com brio, de tom marcial, começa com a apresentação de dois temas pela orquestra, o primeiro de caráter alegre com a orquestra em tutti. Ele é ligado ao segundo tema, mais delicado e lírico. Seguindo uma técnica de composição já utilizada por Mozart, o piano não inicia com o tema apresentado pela orquestra, mas com uma nova idéia musical. No segundo movimento, Largo, o tema é inicialmente apresentado pelo piano e depois por toda a orquestra. Destacam-se aqui diálogos entre clarinete e piano. O último movimento, Allegro Scherzando, é construído na forma de um rondó e começa com um refrão apresentado pelo piano, um tema musical de caráter dançante, que vai reaparecer diversas vezes durante o movimento.

Segundo Lewis Lockwood, biógrafo de Beethoven, o Concerto nº 1 para Piano e Orquestra é elaborado através de oposições dramáticas de idéias, de temas e de sonoridades do piano e da orquestra, num diálogo de curto e longo alcance, que testemunha o novo estilo beethoviano, que encontra seu caminho pela primeira vez no concerto. Lockwood aponta ainda que essa obra se iguala à Segunda Sinfonia, completada quase simultaneamente, na dramatização de todos os elementos básicos – idéias e sonoridades – como se fossem atores de uma peça séria.

Sinfonia nº 1 em Dó Maior, op. 21

A Primeira Sinfonia de Beethoven estreou no mesmo concerto em que ele apresentou o Concerto nº 1para Piano e Orquestra, que ocorreu no Hoftheater em Viena no dia 02 de abril de 1800.  A Sinfonia nº 1 foi dedicada ao Barão Gottfried van Swieten, um antigo patrão do compositor e publicada no ano seguinte pela editora Hoffmeister & Kühnel de Leipzig.
Como o Concerto para Piano e Orquestra nº 1, esta sinfonia pertence ao primeiro período produtivo de Beethoven e está ainda impregnada do estilo clássico, no caso mais especificamente de Joseph Haydn, de quem foi aluno. Mas o compositor já demonstra as características que marcariam sua obra, notadamente o uso freqüente de sforzando e o uso proeminente de instrumentos de sopros.

Em 1795 Beethoven esboçou algumas idéias do que seria o primeiro movimento de uma Sinfonia em Dó Maior, mas abandonou o projeto até 1799, quando revisou o material. Nesse momento percebeu que a música que havia escrito não seria adequada para o primeiro movimento e ela foi adaptada para o Finale, onde aparece como tema principal.
Segundo o compositor francês Hector Berlioz (1803-1869), essa obra “por sua forma, por seu estilo melódico, por sua sobriedade harmônica e por sua instrumentação, se distingue das outras composições de Beethoven que a sucederam. O autor, ao escrevê-la, estava evidentemente preso ao império das idéias de Mozart, que ele expandiu algumas vezes e sobretudo imitou engenhosamente.” 

A obra se inicia com uma introdução breve, Adagio, e após alguns compassos irrompe o Allegro con brio, formado por dois temas. Sobre o segundo movimento, Andante cantabile com moto, Berlioz afirma que “é cheio de charme, o tema é gracioso e se presta bem aos desenvolvimentos fugatos, dos quais o autor soube tirar partido de forma tão habilidosa quanto fascinante”. Como destaque, observe-se a utilização dos tímpanos como acompanhamento, que se hoje parece uma prática comum, não o era na época e já prenunciava a exploração inovadora que Beethoven faria deste instrumento.

O terceiro movimento, Menuetto:Allegro molto e vivace, é a parte que mais se sobressai em toda a sinfonia, principalmente porque aqui Beethoven apresenta o que Berlioz chamou de “deliciosas brincadeiras”, o Scherzo, forma introduzida por Beethoven e que a partir daí substituiu os tradicionais  minuetos em quase todas as suas obras instrumentais, embora nesta sinfonia ainda não tenha usado tal denominação. O movimento é brilhante e tem um conteúdo musical de grande simplicidade derivado de elementos temáticos apresentados anteriormente. A Sinfonia nº 1 termina com um Adagio – Allegro molto e Vivace, que também trabalha com elementos de partes anteriores.

Ao final, ficamos com as palavras de outro compositor, Robert Schumann (1810-1856), que, ao refletir sobre a Sinfonia nº 9 de Beethoven, escreveu: “Ame-o, ame-o verdadeiramente, mas não se esqueça que ele atingiu a liberdade poética depois de perfeito estudo, anos sem fim, e admire seu incansável poder moral. Não procure extrair o incomum, retorne para as raízes da criação, demonstre a genialidade dele não através de sua última sinfonia (...), você pode fazer isso também através de sua primeira sinfonia.”

Lenita W. M. Nogueira

DICIONÁRIO MUSICAL
Fugato. Uma obra ou seção de uma obra que lembra uma fuga, mas não segue as regras estabelecidas para essa forma.
Minueto. Dança de origem francesa em ritmo ternário. Tornou-se um movimento padrão da sinfonia em quatro movimentos e do quarteto de cordas do período clássico (aproximadamente entre 1730 a 1820), em geral o terceiro movimento.
Scherzo. Nome dado a uma peça ou movimento de uma obra longa como uma sinfonia; em geral rápido e ágil, a palavra vem do italiano e significa brincadeira.
Sforzando. Instrução para aumentar a intensidade sonora.
Voltaire (1694-1778). Codinome de François-Marie Arouet, escritor, ensaísta e filósofo do período iluminista francês.

 

 

                                                                                        

 120-

SERVIÇO


CONCERTO OFICIAL

02 dez - sáb - 20h | 03 dez - dom - 17h

 O Regente | O Solista

 

P r o g r a m a

 

 Gioacchino Rossini
Abertura da Ópera Tancredi

Ludwig van Beethoven
Concerto nº 1 para Piano e Orquestra em Dó Maior, op. 15
Solista – Fernando Lopes

Ludwig van Beethoven
Sinfonia nº 1 em Dó Maior, op. 21

 Regente 
 Karl Martin

 

Local: Teatro Interno do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes- Pça. Imprensa Fluminense, s/nº - Cambuí

Ingressos: R$ 10,00 (inteira) | R$ 5,00 (meia-entrada): Aposentados, estudantes, maiores de 60 anos

Bilheteria: (19) 3232-4168

 

Topo

 

 

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