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Autores e Obras

05/07/2014

 

 
JOAQUIN TURINA (Sevilha, 1882-Madri, 1949)
La Procesión del Rocío, Op.9
Após estudar em Madri, Turina radicou-se em Paris em 1905, onde permaneceu até 1914. Foi um período bastante importante para sua formação, pois ali entrou em contato com músicos renomados como o compositor francês Vincent d’Indy, o famoso pianista Moritz Moszkowsky e seu conterrâneo Manuel de Falla, que lhe apresentou a música impressionista de Debussy e Ravel. Em 1914 retornou a seu país onde trabalhou como compositor, professor e crítico. Em 1931 assumiu a cadeira de professor no Real Conservatório de Madri.
Suas composições incluem óperas como Margot (1914) e Jardín de Oriente (1923), música instrumental, com destaque para as Danças Fantásticas para piano dedicada à sua esposa e posteriormente orquestrada, La oración del torero, originalmente para quarteto de alaúdes, adaptada para quarteto de cordas e posteriormente para orquestra de câmara, e a Rapsódia Sinfônica para piano e orquestra. Também se dedicou à música para violão, com destaque para Fandanguillo e Hommage a Tarrega, esta escrita para o destacado violonista espanhol Andrés Segovia.
Primeira peça orquestral de Turina e a que o projetou definitivamente como compositor, La procesión del Rocío foi executada pela primeira vez em 1913 pela Orquestra Sinfônica da Madri sob a regência de Fernández Arbós. Apesar do estilo afrancesado, está impregnada pela música andaluza. Enquadra-se no gênero Poema Sinfônico, indicando uma peça instrumental elaborada em cima de um enredo, no caso uma procissão celebrada anualmente em Triana, bairro cigano de Sevilha. A obra está estruturada em duas partes e a primeira, Triana em festa, é bastante animada e descreve a chegada da multidão que se reúne para acompanhar a procissão. A segunda parte é a La procesión e apresenta um solo de flauta e percussão. O elemento religioso é representado por um expressivo coral que se inicia pelos violoncelos e é tomado por toda a orquestra, incluindo sinos no clímax da procissão. Os trompetes apresentam uma marcha de celebração até que a procissão se afasta. Mas a festa recomeça dando conclusão à peça.
 
RODRIGO MORTE
Variações Sobre um Acalanto
Atual diretor da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, Rodrigo Morte é reconhecido por seu trabalho como orquestrador e arranjador. Como compositor teve peças encomendadas por orquestras como a Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo e a Filarmônica de Bruxelas.
Variações sobre um acalanto é uma pequena amostra deste viés de sua produção. Trata-se de uma série de variações livres sobre um tema despretensioso, de caráter pentatônico, que é apresentado logo no início da peça pelo vibrafone solo. Este pequeno motivo melódico, inicialmente apresentado de forma bem simples, é reapresentado e desenvolvido do decorrer da peça com harmonizações modais, texturas orquestrais mais densas e, principalmente, variações rítmicas inspiradas em ritmos brasileiros, o que faz com que se torne mais vibrante e intenso, antes de finalmente ser reconduzido de volta a um estado tranquilo de serenidade característico de um acalanto. (texto fornecido pelo compositor).
 
NEY ROSAURO (Rio de Janeiro, 1952)
Concerto para Vibrafone e Orquestra
Rosauro, um dos mais destacados percussionistas sinfônicos da atualidade, iniciou seus estudos no Rio de Janeiro e estudou composição e regência na Universidade de Brasília. Em 1976 passou a dedicar-se à percussão e tornou-se aluno de Luiz Anunciação, músico da Orquestra Sinfônica Brasileira. Entre 1980 e 1982 fez cursos de especialização em Percussão e Pedagogia Musical na Hochschule für Musik Würzburg na Alemanha. Em 1987 completou o Mestrado em Percussão na mesma escola e em 1992 concluiu Doutorado em Percussão na Universidade de Miami.
Ao lado de sua atuação como solista e pedagogo, Rosauro vem atuando como compositor, já superando uma centena de obras, entre composições e métodos didáticos. Uma característica de seu estilo é a utilização de elementos do folclore brasileiro como base de suas composições, o que se comprova neste
Concerto para Vibrafone e Orquestra, escrito entre 1995 e 1996 para orquestra de câmara e dedicado à percussionista Evelyn Glennie. Em 1996 uma redução para vibrafone e piano foi apresentada no Japan Percussion Festival em Tóquio. A peça foi ampliada para orquestra sinfônica e apresentada no ENCOMPOR, Encontro Nacional de Composição, realizado em Porto Alegre, RS. Há ainda outro arranjo para conjunto de sopros realizado por Rodrigo Morte e pelo compositor.
A peça tem três movimentos, mas não existe a tradicional pausa entre os dois últimos. O primeiro e o terceiro são construídos sobre uma escala que combina os modos lídio e mixolídio, bastante encontrados na música do nordeste brasileiro. O primeiro movimento se desenvolve a partir de um tema cromático e representa a luta constante do povo das regiões secas do nordeste brasileiro. O segundo é baseado na canção folclórica brasileira Tutú Marambá e descreve uma criança que adormece. O movimento final, inspirado pela observação do sol emoldurado pelas formações de pedra do Arpoador no Rio de Janeiro, descreve uma revoada de gaivotas.
 
JEAN SIBELIUS (Tovastehus, Finlândia, 1865-Järvanpää, Finlândia, 1957)
Sinfonia n° 2, em Ré Maior, op. 43
Ao contrário do pensamento comum, a obra de Sibelius não se restringe à música nacionalista, baseada em lendas e mitos de seu país. Ele tinha admiração pelo gênero sinfônico, no qual destacava “a severidade do estilo e a lógica profunda que criava uma profunda conexão entre os diversos motivos.” Por valorizar a estrutura tradicional da sinfonia, sempre negou que as suas tivessem caráter programático, descritivo ou fossem baseadas em algum elemento finlandês. A despeito desta assertiva, alguns afirmam que a Sinfonia n° 2 pode ser considerada a mais nacionalista de todas, em especial o primeiro movimento, que evocaria paisagens da Finlândia. 
Como todas as obras de Sibelius, esta sinfonia foi um sucesso imediato na Finlândia desde sua estreia em 1902, em Helsinki. Entretanto, fora da Escandinávia demorou bastante tempo para que se tornasse a mais popular de suas sinfonias. Segundo os analistas que encamparam a ideia duvidosa do nacionalismo da obra, o primeiro movimento seria uma descrição de paisagens finlandesas, o segundo uma melodia folclórica entrelaçada por pizzicatos nas cordas, sugerindo um pequeno país rodeado por poderosos vizinhos, o terceiro uma chamada às armas e o nascimento do espírito nacional, já o último seria uma canção de triunfo.
Toda esta interpretação, que soa um tanto forçada, deve-se ao fato de que no começo do século XX a Finlândia era dominada pela Rússia e esta sinfonia, com seu final grandioso, seria um libelo da luta pela libertação da Finlândia, chegando mesmo a ser chamada “Sinfonia da Independência”. Entretanto, alguns estudiosos afirmam, que Sibelius, embora nacionalista ferrenho, não se identificava com mensagens patrióticas em suas composições.
Uma das características dessa obra é o motivo de três notas que aparece logo no início e se repete de diversas formas ao longo da sinfonia e é a base do tema final.
 
Lenita W. M. Nogueira

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