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Autores e Obras

09/08/2014
JOAQUIN TURINA (Sevilha, 1882-Madri, 1949)
 
La oración del torero
 
No início do século XX havia quatro compositores que se destacavam na música espanhola, Isaac Albéniz, Manuel de Falla , Enrique Granados e Joaquin Turina, este o mais jovem do grupo. Como seus colegas, Turina foi para Paris onde conheceu a música de Debussy e Ravel, entre outros compositores franceses. Durante sua estadia em Paris apresentou seu Quinteto opus 1, obra bastante influenciada por Cesar Franck, que chegou a ele através dos ensinamentos de seu professor Vincent D’Indy. No concerto em que apresentou esta obra estavam presentes seus compatriotas Albéniz e De Falla, os quais não apreciaram muito a obra por seu caráter afrancesado e aconselharam Turina a buscar fonte de inspiração na música folclórica de seu país.
Turina regressou à Espanha em 1913 decidido a lutar pela valorização da música espanhola. E foi dentro desta perspectiva apresentou em 1925 La oración del torero, originalmente para quarteto de alaúdes. Adaptou a peça para quarteto de cordas e posteriormente para orquestra de cordas. Embora Turina já tivesse retornado à Espanha há mais de dez aos, ainda se nota na composição elementos impressionistas, mas é o ambientes espanhol que se destaca, não só pelo tema escolhido como pelas características musicais.
 
Trata-se de uma peça nostálgica, na qual são evocados os sentimentos ambíguos que dominam um toureiro antes de sua entrada na arena. Ao se aproximar este momento potencialmente fatal, o toureiro, acossado por pensamentos sobre  vida e morte, coragem e a honra, amor e ódio, sente uma súbita nostalgia faz uma oração cheia de humildade e súplica.
 
Ao que tudo indica, nesta obra Turina não deseja glorificar a figura do toureiro enquanto representante da cultura espanhola, mas sim refletir sobre as nuances deste momento contraditório em que fragilidade e força se apresentam simultaneamente, sentimentos ambíguos que, no final da contas, dizem respeito à própria condição humana.
 
ANTONÍN DVORÁK (Nelahozeves, 1841-Praga, 1904)
 
Concerto para Violino, op. 53
 
Dvorak escreveu a primeira versão de seu concerto para violino durante o verão de 1869 e no final de novembro o enviou ao violinista húngaro Josef Joachin a quem o concerto foi dedicado. No mês de abril visitou o violinista em Berlim e este sugeriu vários ajustes, em especial na parte do violino solo e apontou que a parte orquestral lhe pareceu um pouco pesada. Isso foi constatado pelo compositor em uma audição na Musikhochschule Orchestra em 1872 e Dvorak fez uma profunda revisão no conjunto da obra que foi apresentada com sucesso em 1873 em Praga com o violinista František Ondñček.
 
Este concerto foi composto em um momento que se considera a primeira fase da produção musical de Dvorák, intensamente nacionalista. O primeiro movimento, Allegro ma non tropo, é introduzido rapidamente pela orquestra com a consequente apresentação do tema principal pelo violino solo. Este tema predomina durante todo o movimento e reaparece várias vezes. Há um segundo tema, mas o sentimento e o ritmo do primeiro sempre prevalecem. O segundo movimento, Adagio ma non tropo, é ligado ao primeiro sem interrupção. Dvorak resistiu às indicações do editor para que não fizesse isso, considerava o primeiro movimento um pouco curto para se sustentar isoladamente. O último movimento. Allegro giocoso, na non tropo, apresenta uma dumka tcheca, uma importante manifestação folclórica desta região. Baseada em uma grande inventividade temática, os episódios são contrastantes e marcados pelo cruzamento dos temas principal e secundário apresentados em um ritmo bastante intenso.
 

Sinfonia n° 7 em Ré menor, op. 70
 
A Sinfonia nº 7 foi composta em 1884, à sombra da morte da mãe do compositor, um período que ele descreveu como “de dúvida e obstinação, tristeza silenciosa e resignação”. Este sentimento traspassa esta obra, que traz alguns dos momentos mais dramáticos e austeros de toda a produção musical de Dvorák.
 
Enquanto escrevia esta sinfonia o compositor descreveu sua expectativa a um amigo: “Minha nova sinfonia deve ser algo que cause tumulto no mundo musical...”. Isso de fato aconteceu, já que a obra chamou a atenção, seja pelo contraste com a sinfonia anterior, cheia de graça e leveza, seja pelo início sombrio e pelo contraste entre os quatro movimentos.
O motivo inicial é baseado em uma ideia breve em uníssono de violas e violoncelos, apoiada em baixos e tímpanos. O segundo tema, bastante contrastante, é apresentado por flauta e clarinete e configura-se como um tributo à melodia de violoncelo no Concerto para Piano n° 2 de Brahms. O segundo movimento afasta o tom sombrio quando a clarineta apresenta uma melodia de caráter folclórico. Mas a entrada de flauta e oboé muda esse clima. Em outro momento violinos e violoncelos, seguidos pelas trompas, desenvolvem os motivos anteriores.
 
O terceiro movimento, Scherzo, como é comum na obra de Dvorák, trabalha com ritmos eslavos. Começa com um tema alegre de caráter dançante, no qual há uma  contra-melodia. Na seção central, o trio, encontramos um clima pastoral, com imitações de cantos de pássaros em uma atmosfera mais serena.
 
No último movimento, um tema inicial conduz a uma segunda melodia cheia de ênfase, na qual é preparado o terreno para um terceiro tema introduzido pelos violoncelos. Se de início o movimento parece carregado de maus presságios, o final da sinfonia acontece em tom triunfante.
 


Lenita W. M. Nogueira
 
 

 

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