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Autor e Obras

02/10/2014

Carlos Gomes (Campinas, 1836-Belém do Pará, 1896)
LO SCHIAVO
Preludio
Come serenamente
Quando nascesti tu
Lo Schiavo estreou no Rio de Janeiro em 1889, após uma série de problemas na Itália, onde o argumento abolicionista do Visconde de Taunay foi totalmente descaracterizado. Os escravos negros foram transformados em índios e a ação, que originalmente se passava em 1801, foi transferida para 1567, o que tornou o libreto bastante inverossímil. Mas isso não impediu o compositor de escrever um de seus mais belos trabalhos, pleno de momentos inspirados, como o demonstram os trechos apresentados neste concerto. Na aria Come serenamente, a índia Ilara, ao mesmo tempo em que admira a natureza, lamenta seu sofrimento. Já em Quando nascesti tu, Américo canta seu amor por Ilara.
 
CONDOR
Notturno
Último trabalho operístico formal de Gomes, Condor estreou no Teatro alla Scalla de Milão em 1891 e foi a única peça que escreveu por encomenda.
O Notturno precede o terceiro ato e representa musicalmente os sentimentos da personagem principal, a rainha de Samarcanda, Odalea. Após uma cantilena que introduz o ambiente oriental da ópera, segue-se um breve trecho cuja música sugere os questionamentos da rainha sobre sua posição de intocada majestade e de profunda solidão, submetida que está aos rígidos protocolos da tradição local. Já na parte final há um cantábile de rara beleza melódica que representa a libertação de Odalea, demonstrando a intensa paixão por aquele que ousou invadir o recinto sagrado para deleitar-se com a visão de sua amada. A tristeza retorna na retomada da cantilena final. Este trecho sintetiza os eventos dramáticos dos atos anteriores e é uma apresentação antecipada das atitudes de Odalea no ato final.
 
IL GUARANY
Sento una forza indômita – Dueto de Ceci e Peri
Após completar seus estudos em Milão, Carlos Gomes, compôs música para duas revistas musicais (Se sa minga e Nella luna), que o tornaram conhecido no meio musical milanês, o que lhe deu coragem para apresentar ao Teatro alla Scala sua nova ópera Il Guarany. Após muitas dificuldades, a ópera subiu à cena na temporada de 1870, despertando grande curiosidade no público italiano, em parte por sua temática exótica, em parte pela utilização de melodias e orquestrações pouco comuns, mas de excelente feitura. O enredo, baseado na obra homônima de José de Alencar, narra o romance entre Ceci e o índio Peri e o belo dueto “Sento uma forza indomita”, no qual reconhecem seu amor, é um dos trechos mais conhecidos da obra gomesiana.
 
COLOMBO
Derradeira composição de grande porte apresentada por Gomes, estreou em 1892 no Rio de Janeiro. Não se trata de uma ópera no sentido tradicional, mas de um Poema vocal-sinfônico, ou seja, uma obra concebida para ser apresentada em forma de concerto. Este formato não foi bem aceito pelo público brasileiro, que esperava uma obra encenada, com cenários e figurinos, como era habitual nas óperas apresentadas no Rio de Janeiro. Entretanto, é obra de um compositor maduro, com amplo domínio sobre a escrita orquestral e vocal, e traz alguns dos momentos mais marcantes da criação musical de Carlos Gomes, com destaque para a aria de Colombo Era um tramonto d’oro.  
O libreto é de Albino Falanca, que pode ser na verdade um disfarce do político brasileiro Anibal Falcão ou o próprio Gomes, o que nos parece pouco provável. Ainda existem estudos que apontam para o poeta Zanandini como possível autor do libreto.
Gomes pretendia que essa obra fosse apresentada em Chicago, durante as comemorações dos quatrocentos anos do descobrimento da América e por isso escolheu um enredo baseado na saga do navegador genovês. Embora estivesse em situação financeira precária, deslocou-se de Milão até os Estados Unidos, onde já estava uma comissão do governo brasileiro designada para participar dos festejos. Apesar de seu esforço, Colombo nunca foi apresentado naquele país, possivelmente porque o compositor se tornou persona non grata nos círculos republicanos após a queda do império brasileiro e a consequente derrocada de D. Pedro II, de quem era amigo e admirador.
O libreto, em linhas gerais, conta a trajetória de Colombo, desde que seu pedido de apoio aos reis da Espanha, a sofrida viagem marítima pelo Oceano Atlântico, a descoberta do que seria a América e sua volta triunfal à Espanha, onde foi recebido calorosamente. A obra termina com o chamado Inno al nuovo mundo, uma saudação à terra ocidental, que representava uma nova aurora para a coroa espanhola.
 
Lenita W. M. Nogueira
 


 
 

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