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Autores e Obras

11/10/2014
JOÃO GUILHERME RIPPER (Rio de Janeiro, 1959)
Psalmus

Ripper estudou na Escola de Música da UFRJ, onde atuou como professor e diretor entre 1999 e 2003. Doutorou-se na The Catholic University of America, nos Estados Unidos. Frequentou cursos de Regência Orquestral na Universidad de Cuyo e Teatro Colón, Argentina, e Financiamento e Economia da Cultura, na Université Paris-Dauphine, na França. Sua música tem sido tocada em importantes salas de concerto no Brasil e exterior com destaque para as recentes apresentações na Kean University, University of Texas, Chelsea Music Festival e Universidade de Karlsruhe (Alemanha). Colabora frequentemente com solistas, grupos de câmara e orquestras na criação de novas obras. Compôs várias óperas, sendo o autor do libreto e da música de Domitila (2000), Anjo Negro (2003/2012), Piedade (2012), Onheama (2014), estreada em maio no 18° Festival Internacional Amazonas de Ópera, e “O Diletante” (2014). É diretor da Sala Cecília Meireles e Vice-Presidente da Academia Brasileira de Música.

Nas palavras do compositor “Psalmus é uma obra baseada no Salmo 150 ("Louvai ao Senhor em seu santuário..."). Um grito de esperança e alegria entoado nas intermináveis procissões urbanas que frequentamos involuntariamente todos os dias, onde o religioso e o profano convergem na liturgia cotidiana e eminentemente humana. A obra é construída sobre um fragmento rítmico que se repete gerando tensão e movimento. A seção central possui o caráter melódico contrastante com a ideia inicial, que repete na seção que encerra a obra. Foi escrita em 2002 e dedicada a Henrique Morelenbaum.”


FELIX MENDELSSOHN-BARHOLDY (Hamburgo-1809-Leipzig, 1847)
Concerto para Piano e Orquestra n° 1 em sol menor, op. 25

Felix era neto de Moses Mendelssohn, conhecido como “Platão da Alemanha” após a publicação de Phaedon ou A imortalidade da alma. O pai de Felix, Abraham, casou-se em 1804 com Lea Salomon, herdeira de rica família judaica e, associado ao irmão, fundou em Berlim a casa bancária J. & A. Mendelssohn, que sobreviveu até 1938, quando foi fechada pelos nazistas. Batizou seus quatro filhos na igreja luterana e acrescentou Bartholdy ao sobrenome da família, pois sentia que havia uma hostilidade contra os judeus na Alemanha.

Menino-prodígio como Mozart, Felix realizou diversas viagens de estudo pela Europa, antes de estabelecer-se em Düsseldorf como Supervisor das Atividades Musicais em 1833. Três anos depois se tornou regente da Orquestra Gewandhaus de Leipzig, onde criou o famoso Conservatório de Música em 1843.

Pianista e compositor renomado, desde a juventude pode dar-se ao luxo de realizar longas viagens pela Europa, o que está refletido em muitas de suas obras. Certa vez, quando se dirigia à Itália, ao passar por Munique conheceu a pianista Delphine von Schauroth, então com 17 anos e, inspirado por ela, no caminho até Roma esboçou o Concerto nº 1 para Piano e Orquestra, que concluiu na volta a Munique. Dedicado à Delphine, a obra estreou em 1831 tendo o próprio compositor como solista. Foi um sucesso estrondoso, conforme relatou em carta a seu pai.

Embora tenha alguns elementos do estilo clássico, como a divisão em três movimentos, o concerto incorpora inovações do romantismo, como a continuidade entre os movimentos visando obter maior fluência e coesão, e referências cíclicas, como a introdução de metais presentes tanto na segunda como na terceira seção, e a referência ao primeiro movimento no final.

Não se sabe o destino de Delphine, mas o encontro em Munique propiciou a ampliação da produção pianística de Mendenssohn, que, se não é tão numerosa como a de Liszt ou Chopin, é considerada modelo para o gênero no século XIX.

 

PIOTR ILYICH TCHAIKOVSKY (Votkinsk, 1840-São Petersburgo, 1893)
Sinfonia n° 1, op.13, em Sol menor

Em 1865 o pianista Anton Rubinstein indicou Tchaikovsky para o cargo de professor do Conservatório de Moscou, escola que havia sido estruturada recentemente por ele e seu irmão Nikolai, no modelo do Conservatório de São Petersburgo. O convite fez com que Tchaikovsky se mudasse para Moscou no ano seguinte, instalando-se na casa de Nikolai Rubinstein.

Por esta época começou a compor a Sinfonia n° 1, sua primeira obra de maior envergadura. Anteriormente havia composto peças para piano, um quarteto de cordas e uma abertura baseada na Ode à Alegria de Schiller, a mesma utilizada por Beethoven na Nona Sinfonia, cuja responsabilidade o deixou inseguro e abalou seu sempre delicado estado emocional. A peça só foi concluída devido à insistência de Anton Rubinstein, já que seria a peça final do curso de composição do Conservatório de São Petersburgo e era necessário adquirir um certificado para ensinar em Moscou.

Durante a composição da Sinfonia n° 1, Tchaikovsky teve uma crise nervosa que chegou a afetar seu relacionamento com Nikolai. Escreveu ao irmão: “Estou no limite de uma crise nervosa: 1. Não consigo avançar na sinfonia; 2. Rubinstein e Tarnovsky notaram que sou muito sensível e se divertem me alfinetando; 3. Vou morrer muito cedo, antes de terminar a sinfonia. Eu estou ansiando o verão em Karmenka, como se fosse a terra prometida....”

Nesta vila, próxima a Kiev, morava sua irmã e ali, com mais calma, continuou a escrever a sinfonia. Segundo seu irmão Modest, enquanto compunha, Tchaikovsky sofria de insônia e teve um ataque de nervos acompanhado de alucinações tão terríveis que, “após esta sinfonia, nenhuma nota de qualquer de suas composições foi escrita à noite.”

Antes de retornar a Moscou, Tchaikovsky decidiu ir a São Petersburgo para apresentar a obra em um concerto da Sociedade Musical Russa, mas nada conseguiu. Fez uma revisão da partitura e reapresentou-a, mas só foi executado o terceiro movimento, com pouca repercussão. A sinfonia  completa só foi apresentada em 1868, em Moscou, sob a regência de Nikolai, desta vez com grande sucesso. Revisada em 1874 e 1883-4, foi publicada em 1886, sendo esta a versão ouvida atualmente.

Dedicada a Nikolai Rubinstein, a sinfonia é conhecida como Sonhos de Inverno, derivado do subtítulo do primeiro movimento Sonhos de uma viagem de inverno (Allegro Tranquilo). O segundo movimento tem o subtítulo de Terra de desolação, Terra de névoas (Adagio Cantabile ma non tanto). Nos outros movimentos, Scherzo (Allegro scherzando, giocoso) e Finale (Andante lúgubre – Andante maestoso), Tchaikovsky seguiu os passos de Glinka (1804-1857), mentor do nacionalismo musical russo, integrando magistralmente elementos da música folclórica russa com refinadas técnicas de composição erudita. 

Lenita W. M. Nogueira

 

 

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