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Autores e Obras

11/04/2015

RODRIGO LIMA (Guarulhos, 1976)
Nomos (2005)
 

Rodrigo Lima é compositor diplomado pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestre em Processos Criativos pelo IA-Unicamp. Sua música tem sido apresentada em salas de concerto no Brasil, França, Espanha, Chile, México, EUA e Holanda. Recebeu importantes prêmios nacionais e internacionais, tais como: ‘Premio Internacional Iberoamericano Rodolfo Halffter de Composición’ 2008 (México); Prêmio "Francisco Guerrero Martín” no XVII Premio Jóvenes Compositores 2006 Fundación Autor’    em Madri (Espanha); Compositor residente no 5th International Forum for young Composers 2008 em Paris (França) e Prêmio Funarte de Composição Clássica 2010. Sua obra tem sido gravada por grupos como, Ensemble Aleph (França), Sonor Ensemble (Espanha), Camerata Aberta (Brasil), dentre outros. Seus principais professores foram Estércio Marquez, Sérgio Nogueira e Silvio Ferraz. Atualmente é professor de composição da Escola de Música do Estado de São Paulo – EMESP e de matérias teóricas da Academia da OSESP. Lima é membro da 'Sociedade General de Autores y Editores' (SgAe), sediada na Espanha.   

Nomos, palavra de origem grega tendo “lei” como um dos seus significados, também era usada na Grécia antiga para designar o esquema melódico de uma canção lírica ou de um solo instrumental. No caso trata-se de uma obra de inspiração melódica cujo tema principal se apresenta no solo do trompete em diálogo com as madeiras no início da peça. No decorrer da música, esse material será multiplicado e distribuído por toda a orquestra, causando em alguns momentos a sensação de estarmos ouvindo o mesmo material melódico, porém em velocidades diferentes, uns mais curtos e outros mais alongados e sobrepostos. A intenção é revelar a cada momento um estado de espírito novo do material inicial e consequentemente uma nova escuta. Em 2005 Nomos foi agraciada com o 1º Prêmio no Concurso Nacional Camargo Guarnieri de Composição promovido pela Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo – OSUSP. (Texto fornecido pelo compositor)
 
DMITRI SHOSTAKOVICH (São Petersburgo, 1906-Moscou, 1975)
Concerto para Violino e Orquestra n° 2, op. 129 (1967)
 
Último concerto de Shostakovich, o Concerto para Violino e Orquestra n° 2 foi escrito em 1967 em homenagem ao violinista David Oistrakh (1908-1974). A tonalidade escolhida, Dó sustenido menor, não é muito confortável para o violino e acredita-se seja uma referência ao Quarteto de Cordas opus 131 de Beethoven ou à Sinfonia nº 5 de Mahler.
Violoncelos e contrabaixos explorando um conjunto de quatro notas iniciam o concerto, e sobre eles o solista apresenta uma melodia contemplativa. A textura vai se adensando e a música se agita. Um novo tema é introduzido e há um diálogo entre solista e madeiras, tendo a percussão ao fundo. Adiante um crescendo culmina na chegada de uma marcha e a percussão torna-se cada vez mais enfática. Depois de um desenvolvimento, o solista apresenta uma cadenza e há uma recapitulação. O movimento se encerra com uma nuança espectral.
O segundo movimento, Adágio, tem forma tripartite. Começa com o solista em diálogos com instrumentos de sopro. Aqui também há uma cadenza, mas de caráter diferente da anterior, pois além ser escrita sobre um rufo de tímpano, começa com acordes explosivos, seguidos por passagens virtuosísticas; ela se transforma em um tipo de recitativo sobre as cordas orquestrais em tremolo. Enquanto estas em surdina se encaminham para o final, um solo de trompa conduz a uma conclusão suave e poética.
 
A partir da nota deixada pela trompa o solista introduz novo Adágio, enquanto trompas fazem um comentário sarcástico. O Allegro é escrito na forma de um Rondó e seu caráter é por vezes ácido. Entre os temas aparecem três episódios contrastantes: o primeiro, de caráter lírico, o segundo, um scherzo, e o terceiro apresenta um diálogo entre solista e madeiras, concluindo na maior e mais expressiva das três cadenzas que aparecem neste concerto.
 
 
CAMARGO GUARNIERI (Tietê, 1907-São Paulo, 1993)
Brasiliana (1950)

A convivência entre Mário de Andrade (São Paulo, 1893-id., 1945) e Guarnieri foi das mais profícuas, já que o escritor de Macunaíma tornou-se o mentor artístico do ainda jovem compositor e assumiu a tarefa de orientar o rapaz sem recursos que, para poder estudar música, tocava piano no Cineteatro Recreio em São Paulo. O compositor recordava com saudade as reuniões de intelectuais na casa de Mário, onde “discutia-se literatura, sociologia, filosofia, arte, o diabo! Aquilo para mim era o mesmo que estar assistindo aulas numa universidade.” Por influência de Mário aderiu com fervor aos ideais da música nacionalista, o que configurou a maior parte de sua produção musical.

Seguindo este ideário, Brasiliana foi composta em 1950 por encomenda da Fundação Koussevitzky com sede em Washington, e dedicada à memória de Nathalie Koussevitzky. Estreou em 1951 e no ano seguinte foi apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em forma de balé, com cenários de Mário Conte, cenografia de Vaslav Vetchek e costumes de Caribé.
A peça tem três movimentos, sendo que o primeiro deles, Entrada, é baseado em um tema exposto pelos instrumentos de madeira, com um caráter fortemente rítmico. O destaque fica para o emprego de notas sustentadas às quais, nos finais de frase, vão se agregando outros instrumentos. Há também um pedal harmônico que dá um caráter bastante forte ao movimento.
 
Em contraste com o anterior, o segundo movimento, Moda, é bem mais lento. Aqui as cordas desempenham um papel delicado e servem de apoio ao tema apresentado pelo clarinete. Na parte central encontramos fragmentos do tema, apresentados de forma cromática. A reexposição do tema inicial fecha o movimento.
O terceiro movimento, Dança, também é contrastante com o anterior, e se caracteriza por uma intensa vivacidade rítmica. O tema é apresentado pelo fagote e há uma grande participação da percussão. Logo após a apresentação do tema inicial, aparece um segundo tema, e com o retorno do primeiro tema, temos, portanto, uma forma ABA. A textura é densa é a peça termina animada.
 
 
LEONARD BERNSTEIN (Lawrence, Massachussets, 1918-Nova York, 1990)
Danças Sinfônicas de West Side Story
 
Após concluir em 1939 seus estudos em Harvard, Bernstein estudou em Tanglewood, onde conheceu o regente Serge Koussevitzky, de quem se tornou assistente. Em 1943 foi contratado como regente assistente da Orquestra Sinfônica de Nova York e em 1945 foi nomeado diretor musical da mesma. Com a morte de Koussevitsky em 1951 assume os departamentos de Orquestra e Regência nos cursos de Tanglewood, onde lecionou durante muitos anos. De 1958 a 1969 foi diretor musical da New York Philharmonic. Desenvolveu importante trabalho didático, principalmente nos “Concertos para a Juventude com a Orquestra Filarmônica de Nova York” e escreveu diversos textos sobre música.
Sua atividade como compositor destaca-se pela junção da música europeia com o jazz. Compôs três sinfonias, muitas obras com solista e orquestra e outros gêneros, mas se destacou nos musicais, em especial West Side Story, que no Brasil recebeu o tosco título de Amor, sublime amor.
 
Foi um dos sucessos mais retumbantes da Broadway e estima-se que já foi apresentado mais de mil vezes desde sua estreia em 1957. Em linhas gerais o enredo gira em torno de um romance proibido, uma espécie de Romeu e Julieta contemporâneo. A cena se passa no bairro nova-iorquino do Bronx, onde há intensa disputa de gangues, uma dominada por nativos do local, os Jets, e a outra por porto-riquenhos, os Sharks.
 
Em 1961 o bailarino e coreógrafo Lukas Foss apresentou com a Filarmônica de Nova York uma coreografia para as Danças Sinfônicas, baseadas em trechos do musical. A adaptação foi feita pelo próprio Bernstein, com dedicatória a Sid Ramin, que, ao lado de Irwin Kostal, preparou a orquestração.
 
Trata-se de uma releitura livre de alguns números musicais da peça e não segue a ordem original. O Prólogo descreve a violência entre duas gangues, Sharks e Jets. Segue-se a conhecidíssima canção Somewhere, na qual os amantes, Maria e Tony, cantam sua esperança em um futuro menos violento. Scherzo introduz a composição seguinte, um animado Mambo, que, na peça original, é o momento no qual Maria e Tony se encontram pela primeira vez. Em Cha-cha os dois se enamoram e em Meeting Scene revelam seu amor mútuo. O antagonismo das gangues rivais, que fica um tanto contido em Cool e em Fugue, reaparece agressivo em Rumble, momento em que os chefes das gangues são mortos. Após uma cadência na flauta aparece o trecho Maria’s I have a love, que traz algumas reminiscências de Somewhere e prenuncia o final dramático da peça.

 
 
 

Lenita W. M. Nogueira

 
 
 
 

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