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Autores e Obras

29/08/2015

JEAN SIBELIUS (Hämeenlinna, 1865- Järvenpää, 1957)
Suíte Karelia, Op. 11

Karélia é uma região localizada na região norte da Europa, na linha divisória entre Finlândia e Federação Russa. Na década de 1890 surgiu uma grande onda de nacionalismo que varreu a Finlândia. Neste período a educação era considerada uma das melhores maneiras de preservar a identidade cultural do país e assim fazer oposição à intrusão russa naquele país.

Em 1893 a Associação de Estudantes de Viipuir (hoje parte da Rússia), entidade ligada à Universidade de Helsinki, programou um evento de gala para o mês de novembro visando, segundo constava nos tickets, “melhorar a vida social e cultural nos distritos orientais” e encomendou a Sibelius a composição de uma peça descrevendo a história da Karelia finlandesa.

O compositor ficou bastante animado com a encomenda, pois havia viajado extensivamente pela região no ano anterior e estava precisando de dinheiro. O resultado foi uma suíte de caráter rustico, mas cheia de otimismo, composta por uma abertura e oito números, sendo dois deles cantados.
A peça estreou em Helsinki no dia 13 de novembro de 1893 sob a regência do compositor, que concluiu a apresentação com um arranjo de sua autoria do Hino Nacional Finlandês. Foi um estrondoso sucesso, o que pode ser depreendido da carta que Sibelius enviou ao seu irmão Christian: “Não se podia ouvir uma simples nota da música – todo mundo estava de pé festejando e batendo palmas.”
Entretanto, o compositor parecia não gostar muito da peça, talvez pela situação que gerou sua criação. Um pouco antes da estreia havia escrito a um amigo: “Eu penso que realmente me rebaixei quando fui forçado a compor por dinheiro.” Não se tem certeza disso, mas o fato é que o compositor decidiu deixar a peça de lado, até que em 1894 separou três trechos e criou a Suíte Karelia.
O primeiro deles, Intermezzo, na peça original descrevia uma leva de lenhadores a pagar taxas ao Príncipe da Lituânia. Já o segundo, Ballade, apresenta a deposição do rei Charles Knutsson, que havia fugido para o Castelo de Viipuri, onde ouve uma balada. Esta era originalmente uma das partes cantadas na peça original, na versão orquestral o solo é do corne inglês. Alla marcia, que conclui a suíte, é mais popular dos três movimentos e descreve uma batalha em torno do Castelo Käkisalmi. Apesar de resultar de uma redução da peça original, a Suíte Karelia se tornou uma das peças mais populares do conjunto da produção musical de Sibelius.
 
serguei rachmaninoff (Semyonovo, 1873-Beverly Hills, 1943)
Rapsódia sobre um tema de Paganini, Op. 43
Esta peça tem como ponto de partida o tema que Niccolò Paganini (1782-1840) utilizou nos seus Caprichos para violino solo. Estreou em novembro de 1934 em Baltimore nos Estados Unidos, tendo o próprio compositor como solista e a Orquestra da Filadélfia sob a regência de Leopold Stokowski.
Apesar de nomeada rapsódia, a peça é na verdade formada por uma introdução e vinte e quatro variações tocadas sem separação entre elas. Um aspecto incomum é que o tema principal não é apresentado logo no início, como de costume, mas aparece somente após a primeira variação. Outra peculiaridade é a introdução de outro tema, este baseado no Dies Irae (trecho da Missa de Requiem), que aparece ora utilizado em combinação com o tema de Paganini, ora em oposição a este, nas variações 7, 10 e 24.
Embora a Rapsódia sobre um tema de Paganini não tenha indicação de programa ou narrativa, uma carta de Rachmaninoff ao coreógrafo Fokine, que elaborava um balé sobre Paganini, coloca dúvidas sobre isso: “Porque não fazer ressurgir a lenda de Paganini, que por perfeição em sua arte e por uma mulher vendeu sua alma a um espírito maligno? Todas as variações que tem o Dies Irae representam o mau espírito... O próprio Paganini aparece no tema...”
Desta forma o balé, que estreou no Convent Garden de Londres em 1939, reforça o mito de que Paganini, para ser o maior virtuose de seu tempo, teria vendido a alma ao diabo, recebendo em retorno a perfeição como violinista e o amor de uma mulher desejada. Se o Dies Irae é utilizado para representar o Demônio, enquanto o tema original representa o próprio Paganini, a obra pode ser vista como uma disputa entre a arte e a morte.
 
JEAN SIBELIUS (Hämeenlinna, 1865- Järvenpää, 1957)
Sinfonia n° 1, op. 39
Sibelius é o compositor símbolo da Finlândia, pátria que homenageou no belo poema sinfônico que leva o nome de seu país. Ao contrário de muitos compositores que nunca conseguiram condições ideais para a criação de suas obras, Sibelius ainda jovem tornou-se uma figura nacional e recebeu uma pensão do governo finlandês que lhe permitiu dedicar-se exclusivamente à composição. A admiração em seu país era tanta, que chegou a ser retratado em selo postal ao completar oitenta anos.
Autor de sete sinfonias escreveu a primeira em 1899, mas só conseguiu apresentá-la ao público três anos depois em Helsinki. Considerado um dos grandes sinfonistas da primeira metade do século XX, no período que escreveu Sinfonia nº 1 Sibelius ainda estava bastante influenciado pela música de Tchaikovsky, da qual se libertaria gradualmente durante os próximos dez anos, até desaparecer no Concerto para Violino e Orquestra de 1903.
Embora seja considerada a sua primeira sinfonia, ela foi precedida por outra obra similar, a Sinfonia Coral Kullervo, op. 7, de 1891. Sua obra foi estimulada pelo movimento nacionalista finlandês (a Finlândia foi até 1917 um grande ducado pertencente ao Império Russo), bem como pela mitologia finlandesa, da qual Kullervo é uma consequência. Apesar de sua obra estar impregnada das velhas tradições nacionais e dos mitos finlandeses, Sibelius nunca tomou parte direta em movimentos de resgate da música folclórica finlandesa.
No que diz respeito à linguagem musical, Sibelius sempre foi conservador e mesmo vivendo em uma época de grandes mudanças na composição musical, foi fiel a uma escrita mais tradicional, baseada na tonalidade e nas formas estabelecidas, conforme pode ser verificado durante a audição da Sinfonia nº 1.
 
Lenita W. M. Nogueira
 
 

 

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