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Autores e Obras

10/03/2017

MANUEL JOSÉ GOMES (Campinas, 1836 – Belém, 1896)
Sinfonia Concertante para Dois Violinos em Ré Maior

Há alguns anos, a direção artística da OSMC procura manter a tradição de estrear ou resgatar uma obra de compositor campineiro. Nesse sentido, Manuel José Gomes foi o homenageado do ano.

Maneco, como é carinhosamente chamado, foi pai de Carlos Gomes e representou um importante papel na formação musical de seu filho. Foi uma figura importante no cenário musical campineiro, que na época ainda era chamada de Villa de São Carlos.

Além de compositor, foi violinista, mestre de capela, regente coral e copista. Seu trabalho como copista está entre um dos mais significativos na história brasileira e não podemos deixar de dizer que essa iniciativa colaborou para a preservação da memória cultural musical dos séculos XVIII e XIX no nosso país. Sua coleção encontra-se atualmente no Museu de Ciências e Letras de Campinas, assim como no Museu da Inconfidência, na cidade de Ouro Preto.

Vale lembrar que o papel do músico, na época em que Maneco exerceu a profissão na cidade, era vista como o de um artesão e tinha uma relação funcional com a comunidade. Como primeiro mestre de capela no local, pôde desenvolver um trabalho que até então era inexistente. Sua produção esteve ligada a uma mudança dos paradigmas dos centros culturais da época e trouxe uma cultura musical distinta ao interior do país.

As sinfonias concertantes do compositor foram escritas com características de uma forma sonata e ainda observa-se traços dos antigos concertos grossos do período barroco, música de estilo galante, harmonia simples, textura homofônica e transparente.

Essa transição é bem clara no primeiro movimento: Allegro. Percebemos características de um rococó tardio, marcado por características barrocas e clássicas. O que chama a atenção nesse movimento é a comunicação presente entre os instrumentos solistas e os instrumentos da orquestra: a flauta e o oboé. Já no segundo movimento, Rondo Allegretto – Presto, existem dois temas iniciais e um terceiro que aparece apenas na metade do movimento, sempre desenvolvendo-se entre os instrumentos solistas e a orquestra.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salsburgo, 1756 – Viena, 1791)
Sinfonia Concertante para Sopros, KV 297b

Ao pensarmos em Mozart, talvez a primeiras memória que nos venha é a de sua genialidade, que transpassou gerações. Não é à toa. Logo quando criança, seu pai, ao perceber sua facilidade em desenvolver habilidades musicais, apresentou-o para a sociedade como um menino prodígio. Aos seis anos compôs seus primeiros minuetos. Entretanto, não restringiu sua produção a essa forma e, antes de completar nove anos idade, já havia escrito sua primeira sinfonia. Com onze anos, o primeiro oratório e com doze, sua primeira ópera. Até o momento, há mais de 600 composições catalogadas atribuídas ao compositor.

A Sinfonia concertante foi encontrada em meados do século XIX e acreditou-se ser ao menos uma versão, se não a mesma, da obra composta em 1778 que havia se perdido. Entre os pesquisadores existe uma análise ampliada sobre a autoria da obra. Acredita-se que tenha sido uma versão diferente da de 1778, pois a instrumentação citada por Mozart em uma carta ao seu pai na qual comenta a composição não é a mesma que se conhece atualmente.

Algumas particularidades na escrita dessa obra são incomuns no estilo do compositor, a ponto de especialistas afirmarem que essas características colocam o Sinfonia Concertante como sendo uma chave no desenvolvimento de suas grandes obras sinfônicas.

Mesmo com as controvérsias de autoria, pode-se fazer um convite aos ouvintes para que sua escuta seja feita pensando nesse fato. O planejamento da composição é brilhante, expressivo, com um alcance típico de uma obra de Mozart? Ou pelo contrário, os trechos são uniformes, repetitivos e banais? Durante os três movimentos: Allegro; Adagio; e Andantino com Variazioni, podemos manter esse olhar crítico.

RICHARD WAGNER (Leipzig, 1813 – Cannaregio, 1883)

Wagner é o grande expoente da ópera alemã. Sua música é tão significativa que influenciou outras artes, como o teatro, a literatura, além da política e ética. Construiu uma nova estrutura musical que colocou o sistema tonal em seu limite, transformando a natureza e alicerce das formas da música e criando uma nova concepção de arte: o drama musical, que consiste na união de todas elas. Nesse aspecto, colaborou para o desenvolvimento do que é a música na atualidade.

Quando citamos sua relação com a política, devemos considerar seu engajamento em construir um discurso teórico de nação alemã e vê na música uma oportunidade para transformação social. Para analisar sua obra, não podemos ignorar seu caráter híbrido e multifacetado que permeia um contexto significativo na história mundial. Todos os libretos de suas óperas foram escritas pelo próprio compositor e representam esse caminho.

Os Mestres Cantores de Nuremberg, WWV 96, Prelúdio

Essa ópera em três atos está ambientada na cidade de Nuremberg, há 170km de Munique. Conta com a presença do cavaleiro Walther von Stolzing que, após se apaixonar por Eva Pogner, precisa entrar em um concurso de música para poder se casar com ela. Entretanto, é vaiado pela comissão julgadora, pertencente a uma sociedade de concepção rígida do fazer artístico: a dos Mestres Cantores. Comunidade esta de origem nobre, que tinha como finalidade cultivar e estimular o amor à música. Entretanto, não estimulavam a expressão mais moderna do fazer musical.

Tristão e Isolda, WWV 90, Prelúdio, Ato III

É nessa obra que observamos uma grande ilustração ao que Wagner construiu a partir da criação de um drama musical em que há uma interligação orgânica entre o canto, o poema do libreto, a música e a estrutura da performance como uma unidade. A abertura é o prenúncio de uma ópera que há uma continuação de cada ato, sem uma divisão formal e interrompida entre os movimentos. Conta a história trágica do amor de Tristão e Isolda, lenda dos povos celtas do nordeste europeu.

O Holandês Voador, WWV 63, Abertura

Uma das primeiras óperas de Wagner. Rendeu-lhe uma posição de destaque que contribuiu para sua conquista da posição de diretor da ópera de Dresden. O libreto foi baseado em uma lenda cujo pano de fundo é um mar tempestuoso. Nele, o herói se liberta graças ao amor abnegado na heroína Senda. Os temas apresentados na abertura da ópera serão retomados durante toda ela, que chega em seu auge nas danças de maldição e salvação de Senda. Esse é o início da estrutura de leitmotiv utilizada nas composições de Wagner.

Tannhäuser, WWV 70, Abertura

Baseada em uma lenda medieval, conta a história de um menestrel, Tannhäuser, que está dividido entre os amores de Vênus e Elisabeth. Vênus e Elisabeth representam o contraste entre pecado e virtude presentes na história. Sua estrutura e seus recursos são bem desenvolvidos pela orquestra. A abertura é inicialmente de tom majestoso e bucólico, e durante toda a ópera notamos melodias apresentadas no trecho.

 

Leonardo Augusto Cardoso de Oliveira

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