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Autores e Obras

25/03/2017

Há quase quinhentos anos, no dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg suas noventa e cinco teses para debater com a comunidade acadêmica a respeito do posicionamento da igreja católica. Assim, a escolha do repertório da OSMC teve como norteador compositores e obras significantes para a igreja reformada.

 

 JOHANN SEBASTIAN BACH (1685-1750)
Suíte para orquestra em dó maior, BWV 1066

Um dos mais importantes músicos de sua época e também atualmente, veio de família de músicos e perpetuou essa tradição familiar ao proporcionar a oportunidade da vivência musical para seus filhos. Seu trabalho como músico é diversificado, tanto como compositor, regente e instrumentista, assim como em suas obras de estilos variados. Podemos destacar seus trabalhos vinculados à igreja de tradição luterana.

Em suas Suítes, temos uma abertura que funciona como uma introdução ao ciclo de danças que seguem. Todas escritas em estilo francês. Observamos uma referência às festas da corte de Louis XIV e XV, que aconteciam na França. Acredita-se que obras foram escritas durante a estada de Bach em Köthen, no período em que trabalhava para a corte do príncipe Leopold, amante da música.


GEORG PHILIPP TELEMANN (1681-1767)
Concerto para flauta doce em fá maior, TWV 51:F1
Concerto para flauta doce em dó maior, TWV 51:C1

Tanto o pai de Telemann como seu avô foram pastores luteranos. Seus pais, mesmo preferindo que o filho não estivesse tão ligado à música, não conseguiram distanciá-lo de seus interesses musicais. Desde novo, já podia tocar vários instrumentos.

Devido ao contato precoce do músico com os instrumentos da família das madeiras enquanto criança, o compositor podia escrever para esses instrumentos de forma íntima. Percebemos a relação coerente de escrita, assim como o respeito às características do instrumento. Dessa forma, temos uma música convincente e de escrita que atrai o ouvinte.

De forma geral, os concertos apresentados possuem quatro movimentos que se estruturam com um padrão. Temos um primeiro movimento que traz o instrumento solista como o principal do grupo. Ora com uma melodia envolvente e calorosa (Affetuoso), ora solene (Allegretto). Segue-se então um movimento andado, virtuosístico, também acompanhado pela orquestra, que se manifesta em alguns momentos com a melodia principal ou respondendo ao instrumento solo. Segue então outro momento, em contraste à ação anterior: mais intimista e melancólico, para finalmente uma dança final, em que a flauta doce ora toca como tutti, ora como instrumento principal.


FELIX MENDELSSOHN BARTHOLDY (1809-1847)
Sinfonia 5, Op. 107 “Sinfonia da reforma”

Mendelssohn vem de um contexto de família convertida ao cristianismo. Seu pai foi um abastado banqueiro judeu e, assim, pode apoiar o filho a seguir seus estudos musicais. Desde muito novo, o sofisticado compositor possuía uma inclinação para a música.

A princípio, a Sinfonia da Reforma tinha como intuito ser apresentada em comemoração aos trezentos anos da confissão de Ausburgo, momento importante para a ratificação da fé luterana. Entretanto, não ficou pronta no prazo necessário e teve sua estreia apenas dois anos após seu término, em 1832.

Podemos afirmar que a Sinfonia é uma obra cíclica com elementos programáticos. Além de elementos que são reapresentados durante a obra em movimentos distintos, o compositor também utiliza temas externos da liturgia e cantos luteranos para compor os movimentos. Além disso, características como a escrita polifônica da tradição religiosa de Palestrina se observa no primeiro movimento.

 

Leonardo Augusto Cardoso de Oliveira

 

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