Autores e Obras

Programa em homenagem a Mozart

Em 2016, foi recorrente a vinculação do recorde de vendas do box de CD’s com todas as obras de Mozart, lançado em parceria pela Decca e a Deutsche Grammophon, em comemoração aos 225 anos de morte do compositor. Ele nos deu a grande oportunidade de conhecer sua habilidade em desenvolver tão brilhantemente a linguagem musical. Cronologicamente, temos suas primeiras composições aos cinco anos de idade, que continuam até sua morte prematura, aos 35 anos de idade. Seu pai, violinista e mestre de capela, ao perceber o talento do filho, dedicou-se a ensinar música a ele e o apresentou intensamente em diversas cortes pela Europa. Seu trabalho incessante nos deixou centenas de títulos, entre sinfonias, concertos, oratórios, óperas e música de câmara. Sua personalidade jocosa e cheia de energia está presente em suas composições.

A OSMC convida o ouvinte a ter um contato inicial com algumas de suas obras, além de uma homenagem de Tchaikovsky feita em comemoração aos cem anos da ópera Don Giovanni.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756 - Viena, 1791)
Don Giovanni, K.527: Overture 
“Se há uma ópera no mundo capaz de pôr-me de joelhos, rendido, submetido, é esta”, diz Saramago sobre Don Giovanni. Nessa ópera de dois atos há como base o mito de Don Juan, que estabelece o arquétipo da oposição entre desejo e virtude. Sua abertura foi composta poucas horas antes da estreia da obra e é possível prever o que ela será dentro da composição como um todo: além de uma ópera de caráter cômico, também há algumas passagens dramáticas, como o dueto final de Don Giovanni e o Comendador Don Pedro.

Sinfonia N° 3, em Mi bemol Maior, K.18/Anh.A 51
Essa foi uma das sinfonias atribuídas a Mozart, porém, sabe-se atualmente que ela funcionou como uma forma de estudo para ele. Ao reescrevê-la, o autógrafo pareceu ser de Mozart, já que era sua a grafia no documento. Entretanto, sabe-se que Carl Friedrich Abel foi quem a produziu inicialmente como Sinfonia em Mi bemol maior, WK 18. Nela, notamos o caráter de Abel, compositor do início do período clássico. Uma estrutura singela, com harmonia e melodias simples que sempre dão um sentido de continuidade.

Sinfonia No.37, em Sol Maior, K.444/425ª
Assim como a obra anterior, Mozart utilizou-se do recurso da cópia de uma obra para poder estudar. Dessa forma, Michael Haydn perdeu a autoria de sua Sinfonia N° 25, MH 334 por alguns anos para Mozart e apenas em 1907 o musicólogo Lothar Perger descobriu a real autoria. Quando comparamos as duas obras, notamos algumas diferenças na escrita. Ao observarmos as sinfonias escritas por Mozart anteriormente e após a Nº37, nota-se uma diferença de caráter e complexidade.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756 - Viena, 1791)
Seis Danças Alemãs, KV 509
As danças foram as composições mais disseminadas durante o final do século XVIII. Especialmente durante o período de carnaval, essas obras eram executadas em casa, nos salões de festas e em eventos sociais de forma geral. Estas danças possuíam uma coreografia em que os movimentos estavam diretamente relacionados à experiência sonora. As Danças Alemãs foram compostas em Viena, no momento das danças de inverno, entre 1787 e 1791. Todas elas foram feitas com uma estrutura simétrica em forma binária. Essas danças eram associadas a uma classe rústica e por isso seu estilo simples é evidenciado.

PIOTR ILITCH TCHAIKOVSKY (Votkinsk, 1840 - São Petersburgo, 1893)
Suíte Nº. 4, Op.61, TH 34 em Sol Maior (Mozartiana)
Tchaikovsky foi o primeiro compositor a divulgar a música russa internacionalmente. Seu caráter, apesar de ocidentalizado em relação aos seus compatriotas, utiliza melodias populares nacionais e ele se sentia na obrigação de divulgar a música de seu país. A Mozartiana recebe esse título por ser uma produção baseada em temas de Mozart. Essa foi a única de suas suítes regida por ele mesmo, em sua estreia, em 1887. Tchaikovsky utiliza-se de Mozart para recriar sua própria personalidade a partir de um olhar neoclássico.