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08 e 09 de ABRIL: SINFÔNICA APRESENTA SCHUMANN, um dos homenageados do ano (150 anos de morte)

05/04/2006

Sábado - 20h | Domingo - 17h

Conheça mais sobre o solista e regente convidado:

Solista: Antonio del Claro
Regente: Luís Gustavo Petri

Robert Schumann (1810-1856) teve papel importante no desenvolvimento da estética musical ao clamar por uma música livre das restrições da forma clássica e que incorporasse os aspectos mais progressistas do pensamento musical da época.

Expôs seus pontos de vista no Neue Zeitschrift für Music, publicação que editou e manteve por mais de dez anos. Casou-se com a pianista e compositora Clara Wieck, em um dos mais famosos e sofridos romances da história. Incentivou diversos músicos principiantes, em especial Johannes Brahms (1833-1897), um amigo fiel que deu suporte à sua família após sua trágica morte, vitimado por uma doença mental.

ABERTURA MANFRED, OP. 115

“Nunca eu me dediquei a uma composição com tal amor e energia como sobre Manfred”, disse Schumann a um amigo sobre a música que compôs para a obra homônima de Lord Byron (1788-1824), que dizem ser um relato semi-autobiográfico. O enredo relata o remorso de Manfred ao relembrar os atos que resultaram na morte de sua amada Astarte. Ele busca a morte como liberação, mas rejeita a salvação através da religião.

Com o título Manfred: Poema Dramático em três partes por Lord Byron com música de Robert Schumann¸ a obra, que tem no total dezesseis números, foi concluída em 1848 e executada pela primeira vez em 1852 na cidade alemã de Weimar. Nessa ocasião, Schumann recomendou ao compositor Franz Liszt, que faria a apresentação da obra, que esta deveria ser anunciada como “algo completamente novo e sem precedentes”

A abertura apresenta alguns temas que percorrem a obra. Após a introdução, segue-se o tema principal com a indicação “em andamento apaixonado”; na seqüência uma melodia parece representar o lamento de Astarte. Há o reaparecimento do primeiro tema, indicado “com mais força”, seguido por um novo tema bastante enérgico. Na seqüência retorna o tema principal, mas com outro caráter. No final há reminiscências do início e a abertura termina numa passagem que sugere a morte de Manfred.

CONCERTO PARA VIOLONCELO E ORQUESTRA

Em 1850, Schumann mudou-se de Dresden, onde havia passado seis sofridos anos, para Düsseldorf, onde assumiu o posto de diretor musical. Clara Schumann estranhou a “pouco recatada conduta das mulheres, que, às vezes, seguramente transgridem as barreiras da feminilidade e da decência...”, mas Schumann, alheio aos problemas domésticos, passava por um período de grande criatividade e compôs em quinze dias o Concerto para Violoncelo e Orquestra.

Clara, encantada com a composição, anotou em seu diário: “A qualidade romântica, a vivacidade, a frescura e o humor, bem como os diálogos altamente interessantes entre violoncelo e orquestra são na verdade impressionantes, e que eufonia e sentimento profundo encontram-se nas passagens melódicas!”. Vale lembrar que ela própria era compositora e em 1836 compôs um Concerto para Piano e Orquestra no qual há uma longa passagem para violoncelo, que pode ter sido a inspiração para essa obra.

Considerado bastante ousado para a época, o concerto de Schumann está estruturado nos três movimentos tradicionais, mas há um esmaecimento dos limites entre eles, tudo se junta em um grande movimento, unificado pela utilização de temas recorrentes. Um outro procedimento incomum: não há uma exposição do tema pela orquestra como era praxe, após uma breve introdução, já acontece a entrada do violoncelo.

O segundo movimento, de acentuado lirismo, acaba por assumir um caráter de ponte ou intermezzo entre o primeiro e terceiro movimentos. Acredita-se que seja uma homenagem à Clara, pois trabalha com procedimentos semelhantes aos que ela utilizou no seu Concerto para Piano. O terceiro movimento apresenta mais inovações: a cadenza, que geralmente se encontra no final do primeiro movimento, é transferida para cá; além disso, o solista não a executa sozinho, conta com o apoio da orquestra. A conclusão da cadenza é difusa e se funde com a coda final.

Em pouco mais de dois anos, os bons tempos da chegada a Düsseldorf terminaram: Schumann, inábil para o cargo de diretor musical, foi demitido em 1852, e alguns meses depois, sofrendo de problemas mentais, tentou o suicídio nas águas do Reno. Foi internado em uma clínica, onde ficou até o fim de seus dias. A primeira audição do Concerto para Violoncelo aconteceu no Conservatório de Leipzig em 1860, uma homenagem aos 50 anos que o nunca chegou a completar.

SINFONIA Nº 1 EM SI BEMOL, OP. 38 – PRIMAVERA

A Primeira Sinfonia de Schumann foi também escrita em poucos dias em 1841. A estréia aconteceu nesse mesmo ano em  Leipzig, sob a regência de Felix Mendelssohn. O subtítulo Primavera é do compositor, provável influência do momento feliz que vivia após seu casamento no ano anterior. Até então só havia escrito peças para piano e, com o firme apoio da esposa, decidiu escrever a Sinfonia nº 1, cujo sucesso encorajou-o a continuar com outros projetos orquestrais.

Em carta escrita a Wilhem Tauber, regente da primeira apresentação dessa sinfonia em Berlim, Schumann  diz como deveria ser a interpretação: “Você poderia infundir na sua orquestra uma espécie de aspiração pela primavera? A primeira entrada dos trompetes, eu gostaria que soasse como que vinda do alto, como uma chamada para o despertar; depois eu gostaria de ler nas entrelinhas, no resto da introdução, como em toda parte começa a crescer o verde, que as borboletas levantam vôo e, no Allegro, como pouco a pouco todas as pequenas coisas como essa pertencem à Primavera. Na verdade, estes fantásticos pensamentos só vieram a mim após a conclusão do trabalho; sobre o Finale, eu lhe digo que imaginei como um adeus à primavera.”

A sinfonia começa com a chamada do trompete “vinda do alto”, que é respondida pela orquestra, um tema recorrente durante a obra. No trecho seguinte, Allegro, ele aparece transformado. Tudo se move com energia, uma alusão à vida que floresce. No final há  uma canção ritmada e alegre, um hino de graças pela nova vida que brota da terra.

O segundo movimento, Larghetto, é quase uma fantasia, que vem para aquietar a energia do primeiro movimento, um nenúfar flutuando na superfície do acompanhamento orquestral, nas palavras de um crítico. De orquestração mais leve, deixa uma frase no ar, mais uma interrogação que uma conclusão.

A resposta vem, após uma pequena pausa, no vigoroso Scherzo, que Schumann estende em três partes, além das proporções costumeiras. Aqui existem dois trios: o primeiro é um tema original e o segundo revela uma ligação com a antiga forma do Minueto. No final, o tema do primeiro trio reaparece e o andamento termina com um diminuendo.

O último movimento apresenta uma passagem em escalas que perpassa todo o trecho. Aqui a música ora se apressa, ora fica mais lenta. No final, há uma espécie de fanfarra elegíaca e os instrumentos, sobre uma trama apressada nas cordas, sinalizam o final da primavera.

Comentários de Lenita W. M. Nogueira

DICIONÁRIO MUSICAL

Cadenza: passagem virtuosística perto do final de um movimento de concerto em que a orquestra silencia e o solista demonstra a sua virtuosidade; pode ser escrita pelo compositor ou improvisada pelo solista, conforme a determinação da partitura,
Diminuendo: instrução para diminuir gradualmente a intensidade sonora.
Minueto: Dança de origem francesa de caráter cerimonioso e delicado; dançada por um par, geralmente seu ritmo é ternário.
Scherzo: nome dado a uma peça de música ou a um movimento de uma obra longa como uma sinfonia; em geral é rápido e ágil, substituiu o antigo Minueto; a palavra vem do italiano e significa brincadeira.
Trio: diz-se da parte intermediária de certas peças de dança (minuetos, por exemplo), nas marchas, scherzos, etc., executado por um ou mais instrumentos; em geral é a parte mais  moderada de um movimento vivo.

Lenita W. M. Nogueira


 

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