Ingressos Programação Contato
Discografia
Hist. Administ.
Linha do Tempo
Notícias
   
   

Notícias

21.04.2007
21 e 22 de Abril: Mikhail Glinka; Alexander Arutyunyan [solista: Paulo Ronqui] ; Aaron Copland; Silvestre Revueltas

  O Solista | A Regente Convidada

Serviço

As Obras

MIKHAIL IVANOVITCH GLINKA (Novopasskoié [Smolenky], 1804 – Berlin, 1857)

Russlan e Ludmilla - Abertura

Era uma vez um poeta que aos 21 anos escreveu um conto de fadas de nome Russlan e Ludmilla, que imediatamente o consagrou como um dos maiores poetas de seu país. Mais tarde um compositor decidiu escrever uma ópera baseada nesse poema e convidou o famoso poeta para escrever o libreto, que prontamente aceitou o desafio. Mas o poeta interrompeu seu trabalho para participar de um duelo e como não era conto de fadas, falhou, e não pôde ser feliz para sempre ao lado da amada. O infeliz herói desta história era Aleksandr Pushkin (1799-1837), um dos maiores poetas de todos os tempos, e sua morte foi um golpe nas pretensões de Mikhail Glinka, que estava compondo a ópera Russlan e Ludmilla. Sem o criador do poema e libretista tudo começou a dar errado, apesar da contratação de cinco profissionais para terminar o texto. O trabalho se arrastou e a ópera, que estreou em São Petersburgo no dia nove de dezembro de 1842, não foi bem aceita. O que resta dela hoje é sua brilhante abertura, considerada uma das peças fundamentais no repertório da música russa, embora Glinka tenha confidenciado que a escreveu durante os ensaios da ópera diretamente na partitura, sem qualquer esboço.

A abertura de Russlan e Ludmilla começa com temas oriundos da alegre cena final da ópera, que são confrontados com um trecho lírico retirado do segundo ato, no qual Russlan, em meio a uma batalha, relembra sua amada Ludmilla. Já no final da peça trombones fazem uma rápida menção a Tchernomor, o típico anão malvado dos contos de fadas, mas a música logo recupera seu ímpeto e chega cheia de alegria aos compassos finais, indicando que os protagonistas, ao contrário de seu criador, viveriam felizes para sempre.

ALEXANDER ARUTYUNYAN (Yerevan, Armênia, 1920)

Concerto para Trompete, em Lá bemol Maior

Arutyunyan estudou no Conservatório Erevan na Armênia, do qual posteriormente foi professor, e na Casa da Cultura Armênia em Moscou. Em 1949 ganhou um prêmio pela cantata Terra Natal, peça de graduação que escreveu enquanto estudante no Conservatório de Moscou. Em 1954 assumiu o cargo de regente da Orquestra Filarmônica da Armênia e em 1970 recebeu o título de Artista do Povo.

A música folclórica da Armênia é fundamental na sua produção musical e freqüentemente sua nacionalidade se expressa através da improvisação característica do ashughner, um tipo de menestrel da Armênia. Suas primeiras obras se aproximaram do estilo forte e vigoroso de Aaram Khatchaturian, mas no começo da década de 1960 optou por formas mais clássicas, de estilo definido e clareza tonal e estrutural.

O Concerto para Trompete foi escrito em 1950 e é, portanto, anterior a essa opção. Concebido em três movimentos executados sem interrupção, foi escrito para o renomado trompetista Timofei Dokschitzer, que o divulgou na Europa e Estados Unidos. Inicia-se com um Andante seguido por um Allegro enérgico, cuja vivacidade, baseada num tratamento virtuosístico do trompete, é contrastada por momentos de recolhimento e diálogos entre o solista e instrumentos da orquestra. O movimento seguinte, Meno mosso, é melódico e seu caráter reflexivo é reforçado pelo uso da surdina no trompete. Tem uma orquestração elaborada e pouca clareza harmônica; não há propriamente um tema, mas uma seqüência de idéias que são expostas em uma sonoridade bastante envolvente. No movimento final, Allegro, cordas e metais se encarregam da forte marcação rítmica. O trompete segue esta linha, mas apresenta um tema mais definido que no movimento anterior. Ao final uma cadenza virtuosística conduz a uma conclusão vigorosa.

AARON COPLAND (Nova York, 1900-1990)

Appalachian Spring

Um dos compositores norte-americanos mais reconhecidos durante o século XX, Copland estudou em Paris com Nadia Boulanger, mas suas primeiras obras eram ligadas à linguagem do jazz e bastante dissonantes. Posteriormente desenvolveu um estilo próprio que combina texturas mais simples, melodias diatônicas e harmonias mais suaves. Ligado à tendência nacionalista, incorporou elementos folclóricos em obras como El Salón Mexico (1932-36) ou os balés Billy the Kid (1938) e Rodeo (1942).

Appalachian Spring foi escrita entre 1943 e 1944 e rendeu a Copland um Prêmio Pulitzer em 1945. Foi escrita a pedido da bailarina e coreógrafa Martha Graham e descreve uma festa realizada por pioneiros norte-americanos na Pensilvânia em celebração à conclusão da construção da casa uma de fazenda.

Escrita originalmente para treze instrumentos, posteriormente foi transformada em uma suíte para grande orquestra e os números, que eram catorze no balé, foram reduzidos para oito.

Mudanças súbitas de ritmo e textura, acentuações deslocadas e ritmos fortes, aliados à melodias e harmonias que imitam instrumentos rústicos, dão a esta obra o estilo tipicamente norte-americano de Copland, que foi largamente imitado e tornou-se um dos sons mais reconhecidos na música de seu país, freqüentemente ouvido em filmes e na televisão.

Originalmente, Copland não tinha um título para esta composição, chamava-o simplesmente "Balé para Martha". Logo antes da estréia a coreógrafa sugeriu o nome de Appalachian Spring, retirado de um poema de Hart Crane, que não tinha nada a ver com o balé, que se passa na Pensilvânia e não tem qualquer relação com os apalaches, grupo indígena que vivia próximo à baía de Apalache na Flórida. Conta-se que Copland se divertia quando incautos diziam que sua música havia conseguido capturar a "beleza dos Apalaches".

Appalachian Spring estreou no dia 30 de outubro de 1944 na Biblioteca de Congresso em Washington, com Martha Graham no papel principal e cenografia do escultor japonês Isamu Noguchi

SILVESTRE REVUELTAS (Santiago Papasquiaro, 1899Cidade do México, 1940)

Sensemayá

Compositor e regente, Revueltas é considerado uma das figuras mais destacadas do panorama musical mexicano do século XX. Após estudos no México e nos Estados Unidos iniciou sua carreira como violinista e mais tarde assumiu o cargo de regente da Orquestra Sinfônica do México e o de professor de composição Conservatório do México. Em 1935 abandonou tudo e foi para a Espanha lutar ao lado dos republicanos na Revolução Espanhola. Após a vitória de Franco retornou a seu país, mas, traumatizado pela experiência da guerra, não conseguiu se reerguer e faleceu cerca de dois anos depois em precárias condições financeiras.

Sua produção musical está conectada aos movimentos nacionalistas que corriam o mundo. No México, em especial, no calor da Revolução Mexicana, floresceram grandes artistas, como os muralistas Rivera e Siqueiros, e compositores como Carlos Chavez e Revueltas.

A obra de Revueltas compreende balés, composições teatrais, música para cinema, de câmera, canções es peças sinfônicas, entre as quais destaca-se Sensemayá, (1938), baseada no poema Canto para matar a una culebra do cubano Nicolás Guillén, que descreve um ritual afro-caribenho que se consuma com a morte da cobra Sensensemayá.

Escrita originalmente para coro e pequena orquestra e posteriormente arranjada para grande orquestra, a peça tem um clima amedrontador desde o início, onde um ritmo sinuoso sugere o ruído da cobra que se arrasta e que é mantido até o fim da peça. O clima vai se agitando e após um clímax, a música retorna à textura inicial, o ruído da cobra. O ritmo vai se tornando cada vez mais obsessivo e os dois temas apresentados anteriormente são executados simultaneamente num trecho bastante tumultuado, simbolizando a luta entre o homem e Sensemayá, que ao final sucumbe a um golpe de faca.

Somente um poeta da grandeza de Pablo Neruda poderia, em tão poucas palavras, resumir a história de Revueltas: "Por qué haz derramado la vida? Por qué haz vertido en cada copa tu sangre? Por qué has buscado como un ángel ciego, golpeándose contra las puertas obscuras?

Lenita W. M. Nogueira

DICIONÁRIO MUSICAL

Aaram Katchaturian. (Tbilissi, Georgia, 1903-Moscou, 1978). Compositor de ascendência armênia, fascinado pela herança musical desta região. Seu idioma musical é fortemente apoiado no ritmo e dominado pela utilização de intensas cores orquestrais. Entre suas obras mais conhecidas estão Dança do Sabre, movimento final do balé Gayane (1942) e o Concerto para Piano e Orquestra de 1936.

Aleksander Sergeyevich Pushkin (1799-1837). Escritor romântico russo, considerado como o maior poeta de seu país e o fundador da moderna literatura russa. Foi pioneiro no uso da fala vernacular nos seus poemas e peças, criando um estilo de contar histórias que mistura drama, romance e sátira.

Martha Graham (1894-1991). Bailarina e coreógrafa norte-americana, conhecida como uma das pioneiras da dança moderna. Foi fundadora da divisão de dança da Julliard School. Em 1998 foi indicada pela revista Time como a "Bailarina do Século" e uma das mais importantes personalidades do século XX.

Suíte. Um conjunto organizado de peças instrumentais ou orquestrais, em geral executadas separadamente, embora possam ter alguma ligação com ópera, balé ou peça teatral.

Serviço

 




 
    Lotuspró Lexxa Internet