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14.02.2008
Música

 Parcival Módolo

Quando você se refere à música dos grandes mestres, à música de Bach, Beethoven, Brahms, Chopin, Liszt, por exemplo, que expressão você usa para defini-la? Música "Clássica"? Imagino que sim. De fato, é assim que ela é mais conhecida. Entretanto, para nós que fazemos esse tipo de música, a expressão não soa muito apropriada...

MÚSICA "CLÁSSICA"

"Clássico" é o nome de um período da história da arte, ali do ano 1750 (ou pouco antes) até cerca de 1810 (ou pouco depois - esses períodos da arte não se podem marcar assim, como que numa agenda de mesa!). Tecnicamente, "Música Clássica" é a música composta no período histórico que tem esse nome, logo depois do "Período Barroco" e antes do "Romântico". A propósito, "Música Romântica", aqui, não quer dizer Julio Iglesias ou Roberto Carlos! É a música composta na época do Romantismo, o século 19.

É bem verdade que "clássico" também pode referir-se a algo de muita qualidade, que resistiu ao tempo, que foi preservado por seu notório valor cultural. Pode ser uma obra já consagrada, de comprovada categoria e que deve ser imitada. Nesse caso, é inegável que as obras musicais dos grandes mestres merecem essa definição: é claro que elas são "clássicas". Mas aí complicou pois, usando-se esse critério, também são clássicas muitas outras músicas. É comum alguém dizer que o "Carinhoso" se tornou um clássico! Ou a "Aquarela do Brasil", e tantas outras... E têm razão pois, de fato, essas músicas já merecem ser consideradas "clássicas": já foram provadas pelo tempo e resistiram; elas têm qualidade; são dignas de serem imitadas.

MÚSICA "ERUDITA"

Passemos a considerar a segunda expressão, "Música Erudita".

Nós músicos temos uma grande implicância com esse tal "erudito". Erudito é alguém que sabe muito, que tem muita "erudição". "Música erudita", assim, seria música de quem (e para quem) muito sabe, é intelectual. Um tipo de música "misteriosa", "só para iniciados", para gente que se assenta no alto de seu "Olimpus intelectual" e olha, lá de cima, cheio de compaixão e orgulho, a "plebe ignara" arrastar-se aos seus pés, consumidora do "lixo intragável da cultura popular"... De fato, os livros mais "sabidos" adoram essa expressão: "arte erudita". Ô besteira! Nós, músicos, queremos que todo mundo se aproprie da boa música dos grandes mestres; que a consuma! E para isso não é necessária nenhuma "erudição": é só abrir os ouvidos e prestar atenção; concentrar-se um pouquinho, deixar de lado o dia-a-dia e mergulhar nos sons magníficos que "mexem" poderosamente com nosso corpo e nosso intelecto, a ponto de nos transformar em pessoas diferentes!

Pois é... Definitivamente não gostamos quando somos chamados "músicos eruditos".

Depois disso tudo, nem música clássica, nem música erudita... Como é que ficamos? Vamos chamar essa música de que?

OUTRA POSSIBILIDADE

Ultimamente tem sido cada vez mais utilizada, ao menos entre os músicos, a expressão "música de concerto". Sabe que é uma boa? "Concerto" é um espetáculo musical, local aonde as pessoas vão exclusivamente para ouvir e apreciar música. Demanda uma boa dose de concentração, um certo "desligar-se do mundo exterior". Pois a música que aqui tentamos definir gosta muito disso: atenção dos seus ouvintes.

Pronto! Ficamos com essa: "Música de Concerto". Ficará bem melhor que Música Clássica ou Música Erudita!

Vamos combinar o seguinte: quando você for comprar um CD da música de Bach ou Vivaldi (que são barrocos...), procure na seção dos "Clássicos" e, na loja, com o vendedor, fale em "música clássica"! Nos meios literários fale em "Música Erudita". Mas "em família", entre os músicos que a executam, chame-a de "música de concerto". Você estará sempre se referindo à mesma boa música dos grandes mestres... e todos ficarão satisfeitos!

 

 Dúvidas "Musicais":  Pergunte ao Maestro: parcival@osmc.com.br

 




 
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