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15.08.2009
Autores e Obras

 

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)

Sinfonia n° 41 em Dó Maior, K. 551, “Júpiter”

Segundo o musicólogo inglês, Sir George Grove, a Sinfonia n° 41 “é a maior peça orquestral que precede a Revolução Francesa”. Escrita em poucas semanas durante o ano de 1788 em Viena, esta foi a última sinfonia de Mozart e há discrepâncias sobre a estréia, alguns dizendo que nunca foi apresentada durante sua vida, outros afirmando que ela estreou em Dresden ou Leipzig em 1789, sob a regência do compositor.

O clima dessa obra é brilhante e triunfante, contrastando com a atmosfera mais pesada da sinfonia anterior, a de número 40 em Sol menor, embora ambas tenham sido escritas na mesma época.  O mecenas de Haydn, o empresário Johann Peter Salomon,  via esta sinfonia como “o maior triunfo da composição instrumental”, uma obra olímpica, daí o subtítulo “Júpiter”.

A Sinfonia n° 41 não possui introdução, o tema é apresentado imediatamente e é construído a partir de dois sub-temas, um que oscila entre agitação e tranqüilidade e outro de caráter mais leve. O segundo movimento, Andante Cantabile, é bastante expressivo e as melodias de são de grande beleza, em especial a primeira, introduzida pelas cordas. Uma passagem executada pelos fagotes conduz a um segundo tema nos oboés. Após um belo desenvolvimento, o movimento chega ao fim com reapresentação da melodia inicial. O terceiro movimento, Minueto e Trio – Allegretto, é um daqueles trechos que só poderiam ter sido escritos por Mozart, onde qualquer comentário é redundante. O Trio, a parte central, segue o mesmo caráter jovial e é seguido pela repetição do minueto.

O cume da obra mozartiana pode ser encontrado no último movimento de sua última sinfonia. No Finale, Allegro molto, Mozart apresenta completamente o seu gênio e sua técnica ao escrever um movimento fugato, digno da pena de Johann Sebastian Bach.  É baseado em quatro temas, sendo que o primeiro teria sido emprestado de uma canção de sua própria autoria. Após ser apresentado o segundo tema, o compositor retorna ao primeiro, tratando-o como uma fuga, que é seguida pelo terceiro e quarto temas. Através da exploração de diversas sub-unidades temáticas agrupadas em forma de fuga, o discurso é encaminhado para o vistoso final.

Sobre este último movimento, o musicólogo George Grove escreveu: “é para o final que Mozart reservou todos os recursos de sua ciência, e todo o poder, o qual ninguém parece ter possuído no mesmo grau que ele, de conciliar essa ciência e fazê-la veículo para música  tão genial como a que ele criou. Em nenhum lugar ele realizou mais.”

 

CARLOS GOMES (Campinas, 1836-Belém do Pará, 1896)

Il Guarany – Abertura

Graças ao sucesso de sua segunda ópera, Joanna de Flandres, no Rio de Janeiro em 1863, Carlos Gomes recebeu uma bolsa de estudos do Imperial Conservatório de Música e escolheu como destino a cidade de Milão, então a capital mundial da ópera. Ali concluiu seus estudos e escreveu música para duas revistas, Se sa minga e Nella luna, ambas com grande sucesso e que o tornaram conhecido em Milão. Propôs então ao Teatro alla Scala sua nova ópera Il Guarany, baseada no livro de José de Alencar. Após muitas dificuldades, a ópera subiu à cena na temporada de 1870, despertando grande interesse no público italiano, em parte por sua temática exótica, em parte pela utilização de melodias e orquestrações pouco comuns, mas de excelente feitura. A ópera foi muito bem recebida, mas dela ainda não fazia parte a Abertura, também conhecida como Protofonia. Esta foi agregada posteriormente e nela são apresentados os diversos temas que aparecem na ópera. Neste concerto será apresentada uma versão para metais realizada pelo grupo Metallumfonia.

 

SAMUEL BARBER (Westchester, 1910-Nova Iorque, 1981)

Adagio para cordas

Em desacordo com a intenção de Barber ao escrever esta peça, o Adagio para Cordas passou a ser considerado nos Estados Unidos como um canto fúnebre não oficial e tem sido executada em funerais de pessoas conhecidas como Franklin Roosevelt, Albert Einstein, Princesa Grace de Mônaco e John F. Kennedy, entre outros. Recentemente serviu como fundo musical das cenas televisivas sobre os escombros do World Trade Center. Em 1981 serviu como canto fúnebre durante as exéquias do próprio compositor em Nova Iorque.

Esse destino não era o que Barber imaginou para sua composição, escrita aos 26 anos durante uma estadia em Roma. Naquele ano de 1936 escreveu o Quarteto de Cordas op. 11, e posteriormente fez um arranjo em cinco partes para orquestra de cordas do movimento lento, daí surgindo o Adagio para Cordas.

Em 1938 o maestro Arturo Toscanini, que havia deixado a Itália com a ascensão do fascismo, estabelecia-se nos Estados Unidos como regente da NBC Symphony Orchestra e procurava obras de compositores norte-americanos para a temporada daquele ano. Barber apresentou-lhe o Adagio para Cordas e Toscanini, entusiasmado, apresentou a peça em uma emissão radiofônica em novembro. O sucesso foi imediato e esta é até hoje obra mais conhecida de Barber. Em 1967 o compositor explorou as qualidades vocais desta obra e a adaptou para um coral sobre o texto Agnus Dei.

O Adagio para Cordas tem um caráter elegíaco e introspectivo e por isso tem sido utilizado como tema em diversos filmes como Platton, O homem-elefante e Amélie.

Ao ser questionado durante uma entrevista para a BBC de Londres porque Adagio para Cordas é considerada uma peça perfeita, o compositor Aaron Copland resumiu: “É realmente muito sentida, é crível... não é falsa... Vem direto do coração, para utilizar termos antigos. O senso de continuidade, a constância do fluxo, a satisfação do arco que cria do começo ao fim, é muito gratificante, satisfatório, e nos faz crer na sinceridade colocada nela.”

A peça, de construção bastante simples, é baseada em uma longa linha melódica, que aparece ora nos graves, ora nos agudos. Possui uma forma de arco e é trabalhada através de inversões, expansões e variações de uma melodia ascendente.

 

IGOR STRAVINSKY (Oranienbaum [atual Lomonosov], 1882-Nova Iorque, 1971)

Circus-Polka: Para um jovem elefante

Esta peça foi escrita em 1942 para um balé que o coreógrafo George Balanchine havia montado para o circo Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus. Em inusitada parceria coreográfica, a dança era executada por cinquenta elefantes e cinquenta bailarinos. Tempos depois, o coreógrafo descreveu como foi a conversa telefônica que teve com Stravinsky ao convidá-lo para escrever esta música:

Balanchine: Eu gostaria muito se você pudesse escrever um pequeno balé comigo.

Stravinsky: Para quem?

Balanchine: Para alguns elefantes.

Stravinsky: Qual idade?

Balanchine: Muito jovens.

Stravinsky: Está certo. Se forem elefantes bastante jovens, eu farei isso.

Dois anos depois da estréia paquidérmica, Stravinsky publicou uma orquestração de Circus-Polka, que entrou para o repertório de orquestras ao redor do mundo. Foram identificados nesta peça ecos da Marcha Militar n° 1 em Ré maior, D. 733 de Schubert. Mas Stravinsky sempre negou esta relação, afirmando que a peça é na verdade uma grande sátira, no estilo dos desenhos do pintor francês Toulouse-Lautrec.

 

Lenita W. M. Nogueira

 

 

 

 

 

 

 




 
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