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06.11.2010
Autores e Obras

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)

Sinfonia n° 1 em Mi bemol maior, KV 16 - Andante

Mozart escreveu sua primeira sinfonia em 1764, aos 8 anos de idade. Na época já era reconhecido como menino-prodígio e se apresentava ao lado da irmã Nanerl frente às mais importantes famílias da aristocracia europeia.

A peça foi escrita durante uma turnê das crianças que durou cerca de 3 anos. No meio da viagem, o pai de Mozart, Leopold, adoeceu gravemente e a família teve que se estabelecer por um tempo em Chelsea, subúrbio de Londres.

Mozart vivia em um redemoinho de concertos e viagens e a doença do pai propiciou  momentos de tranquilidade que lhe permitiram dedicar-se à composição, em especial sua primeira incursão no gênero sinfônico.

Na Sinfonia n° 1 nota-se a influência de diversos compositores, em especial Johann Christian Bach, o filho mais jovem de Johann Sebastian Bach, que Mozart havia conhecido em Londres. É estruturada em três movimentos (rápido-lento-rápido), refletindo as origens do gênero na Abertura Italiana, típica do início do período clássico.

A primeira audição ocorreu em 21 de fevereiro de 1765. Posteriormente o segundo movimento, Andante, se descolou do conjunto e passou a ser apresentado isoladamente. Isso se deve a uma interessante relação deste trecho com o último movimento da derradeira sinfonia de Mozart, a de n° 41, Júpiter. Em um movimento marcado por uma pulsação constante em tercinas, o pequeno Mozart introduziu um tema, uma figura de quatro notas apresentada pela trompa, o mesmo que vai reaparecer muitos anos depois no final da Sinfonia n° 41, composta em 1788, obra que segundo o musicólogo inglês Sir George Grove “é a maior peça orquestral que precede a Revolução Francesa”.

 

Ludwig van Beethoven (Bonn, 1770-Viena, 1827)

Sinfonia nº 1 em Dó Maior, op. 21

A Primeira Sinfonia de Beethoven estreou no mesmo concerto em que ele apresentou o Concerto nº 1 para Piano e Orquestra, no Hoftheater em Viena no dia 02 de abril de 1800.  A Sinfonia nº 1 era dedicada ao Barão Gottfried van Swieten, um antigo patrão do compositor e foi publicada no ano seguinte pela editora Hoffmeister & Kühnel de Leipzig.

Como o Concerto para Piano e Orquestra nº 1, esta sinfonia pertence ao primeiro período produtivo de Beethoven e está ainda impregnada do estilo clássico de Joseph Haydn, de quem foi aluno. Mas Beethoven já demonstra algumas características que marcariam sua obra, como o uso frequente de sforzando e a ênfase nos instrumentos de sopros.

Em 1795 ele havia esboçado algumas ideias do que seria o primeiro movimento de uma Sinfonia em Dó Maior, mas abandonou o projeto até 1799, quando revisou o material. Nesse momento percebeu que a música que havia escrito não seria adequada para o primeiro movimento e ela foi adaptada para o Finale, onde aparece como tema principal. Segundo o compositor francês Hector Berlioz (1803-1869), essa obra “por sua forma, por seu estilo melódico, por sua sobriedade harmônica e por sua instrumentação, se distingue das outras composições de Beethoven que a sucederam. O autor, ao escrevê-la, estava evidentemente preso ao império das ideias de Mozart, que ele expandiu algumas vezes e, sobretudo, imitou engenhosamente.” 

A obra tem uma introdução breve, Adagio, e após alguns compassos irrompe o Allegro con brio, formado por dois temas. Sobre o segundo movimento, Andante cantabile com moto, Berlioz afirma que “é cheio de charme, o tema é gracioso e se presta bem aos desenvolvimentos fugatos, dos quais o autor soube tirar partido de forma tão habilidosa quanto fascinante”. Como destaque, observe-se a utilização dos tímpanos como acompanhamento, o que se hoje parece uma prática comum não o era na época, e já prenunciava a exploração inovadora que Beethoven faria deste instrumento.

O terceiro movimento, Menuetto: Allegro molto e vivace, é a parte que mais se sobressai em toda a sinfonia, principalmente porque aqui Beethoven apresenta o que Berlioz chamou de “deliciosas brincadeiras”, o Scherzo, forma introduzida por Beethoven, que a partir de então substituiu os tradicionais  minuetos em quase todas as suas obras instrumentais, embora nesta sinfonia ainda não tenha usado tal denominação. O movimento é brilhante e tem um conteúdo musical de grande simplicidade derivado de elementos temáticos apresentados anteriormente. A Sinfonia nº 1 termina com um Adagio – Allegro molto e Vivace, que também trabalha com elementos de partes anteriores.

 

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Salzburgo, 1756-Viena, 1791)

Requiem em Ré menor, K626

Conta-se que um estranho bateu à porta de Mozart e encomendou essa obra anonimamente, fato que gerou inúmeras versões. Uma delas dizia que não se tratava de uma pessoa, mas da própria morte, avisando que o fim do compositor estava próximo. Portanto, Mozart teria escrito um Requiem para seu próprio funeral.

A história hoje considerada verdadeira é bem menos romântica: tratava-se de um preposto do conde Franz von Walsegg, que costumava encomendar anonimamente peças a Mozart para depois apresentá-las como suas. No caso deste Requiem, Walsegg queria homenagear sua esposa, falecida em fevereiro daquele ano de 1791.

Mozart, sempre necessitado de dinheiro, aceitou esta encomenda embora estivesse atarefado com a composição da ópera La Clemenza di Tito e a apresentação de A flauta mágica.

Era um momento de grande tensão para o compositor, que viria a falecer em dezembro daquele ano, deixando a composição incompleta. Havia concluído o Introito, o Kyrie e a Sequência (do n° 1, Dies Irae, até o n° 6, Lacrymosa), a estrutura do Ofertório (partes vocais e baixos com algumas indicações de instrumentação) e esboços do Domine Jesu e do Agnus Dei.

Deixou também uma série de dívidas e sua esposa, Constanze, não hesitou em aceitar o pagamento de Walsegg.  Procurou um compositor que pudesse completar a peça, entre ele o aluno predileto de Mozart, Joseph Von Eybler. Mas todos alegavam que não tinham habilidade para tanto. Outro aluno, Franz Xavier Süssmayr, aceitou o desafio e concluiu o Lacrymosa, fez a instrumentação da Sequência e do Ofertório e compôs as partes do Sanctus, Benedictus e Agnus Dei e moldou a Comunhão a partir da música do Kyrie composto por Mozart.

Nunca foi possível esclarecer até que ponto Süssmayr se baseou em notas e esboços de Mozart ou compôs trechos novos. O musicólogo alemão Franz Beyer, que há cerca de 30 anos encontrou alguns esboços de Mozart que Süssmayr nunca utilizou, fez uma revisão e editou uma nova versão baseada nas partes originais de Mozart, completando os trechos Lacrymosa, Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, propondo finais alternativos para os dois Hosannas e uma orquestração mais coerente com o estilo de Mozart.

Plath, outro musicólogo que estudou os esboços de Mozart, reafirma esta posição ao  sustentar que Süssmayr não utilizou nenhum dos esboços conhecidos até hoje. Embora o Requiem tenha se tornado conhecido na versão de Süssmayr, diversos musicólogos e regentes como Richard Strauss e Bruno Walter afirmaram que este trabalho, além dos erros técnicos, é descuidado e indigno de Mozart.

Entretanto, não se pode negar que a intervenção de Süssmayr no Requiem foi da maior importância, pois manteve viva uma obra que, por estar incompleta, poderia ter desaparecido. Ao contrário, preservou esta obra que é um dos ícones da música ocidental.

A obra estreou em Viena no dia 2 de janeiro de 1793, em um concerto em benefício da viúva de Mozart; em dezembro Walsegg a reapresentou durante uma missa para sua esposa. Mozart havia falecido dois anos antes aos 35 anos, provavelmente vítimado por uma peste que assolava Viena. Seu corpo foi jogado em uma vala comum, privando-o de um túmulo onde o grande Wolfgang Amadeus pudesse ser reverenciado.

 

 

Lenita W. M. Nogueira

 




 
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