PRIMEIRA APRESENTAÇÃO DO 2º SEMESTRE

Karl Martin regendo a OSMC

Concerto dos dias 12 e 13 inicia participação do Regente Convidado Principal Karl Martin na segunda etapa da Temporada 2008

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas realiza, nos próximos dias 12 e 13, concerto especial. A apresentação, que será realizada na Sala Luís Otávio Burnier, marca o início da participação do Regente Convidado Principal Karl Martin no segundo semestre da Temporada 2008 da orquestra.

No programa, o “Prelúdio da Ópera Os Mestres Cantores”, de Richard Wagner; “Concertino para Trombone e Orquestra de Cordas”, de Lars–Erick Larsson; e “Sinfonia nº 8” em sol Maior, de Antonín Dvorák.

Destaque especial para o trombonista da casa Wilson Dias, que será o solista na obra de Larsson. Para saber mais sobre Dias, acesse o link (colocar o link da matéria perfil do Wilson Dias) e conheça um pouco da história do músico.

Wilson Dias (Foto: Teo Taveira)

Serviço: Concerto especial, dias 12 e 13, com a regência de Karl Martin. Sala Luís Otávio Burnier, às 20 e 11 horas, respectivamente. As entradas são vendidas no local, ao preço de R$ 20,00. Estudantes, idosos (acima de 60 anos) e aposentados pagam meia entrada. As bilheterias são abertas das 16 às 21 horas, de terça a sábado, e das 10 às 11 horas aos domingos. Mais informações no telefone (19) 3232-4168.     

Programa:

RICHARD WAGNER (Leipzig, 1813-Veneza, 1883)
Prelúdio da Ópera “Os Mestres Cantores”

A primeira vez que Wagner pensou em compor uma ópera sobre os Mestres Cantores de Nuremberg foi em 1845, após a conclusão de Tannhäuser. Entretanto outros projetos tomaram a frente e esta ópera ficou à espera por mais de vinte anos, vindo a público somente em 1868  na cidade de Munique.

Única ópera cômica e mais leve de Wagner, Os Mestres Cantores teria sido concebida como uma resposta a alguns críticos que duvidavam da sua capacidade para escrever melodias. Para isso nada melhor que um enredo envolvendo a corporação dos Mestres Cantores, grupo de músicos que atuaram na Europa durante o século XVI, e seus concursos de canto, onde entram em confronto conservadores e vanguardistas. Estes estão representados pelo jovem cavaleiro Walther von Stolzing, que durante visita a Nurenberg se apaixona por Eva, filha do rico joalheiro Pogner. Este havia colocado a filha como prêmio em um concurso de canto e Walther, para conquistá-la, participa e vence o certame com a ajuda do mestre Hans Sachs, músico que existiu realmente e compositor de mais de quatro mil canções.

O representante dos conservadores, Sixtus Beckmesser, é derrotado por Walther com a chamada Canção do Prêmio. Fica evidente tanto pela música como pelo texto que Beckmesser, pedante e afetado, simboliza os tradicionalistas e Walther, o herói arrojado e intrépido é a personificação do próprio compositor, que dois anos antes havia abalado as estruturas da ópera com Tristão e Isolda.

Wagner escreveu a abertura para Os Mestres Cantores em 1862, bem antes de iniciar o resto da ópera, mas nela podem ser identificados vários temas que compõem a ópera, demonstrando que a obra já estava totalmente delineada. 

O primeiro tema da Abertura, que identifica os Mestres Cantores, é majestoso e marcial. É seguido pela lírica Canção do Prêmio e na seqüência aparece o segundo tema dos Mestres Cantores, tão majestoso como o primeiro, conhecido como o Motivo da Bandeira, referência à bandeira da corporação, que tinha como símbolo o rei David tocando  harpa.  Aqui o tema é tratado como uma fuga, um aceno à música do século XVI. Outros temas relativos ao amor de Walther e Eva são desenvolvidos e no final há o entrelaçamento dos dois motivos dos Mestres Cantores, levando a uma imponente conclusão.

LARS-ERICK LARSSON (Akarp, 1908-Helsingborg, 1986)

“Concertino para Trombone e orquestra de cordas”

Importante compositor sueco, Larsson estudou no Conservatório de Estocolmo entre 1925 e 1929, seguindo depois para Viena, onde foi aluno de Alban Berg, e Leipzig. Foi regente do coro da Ópera Real de Estocolmo, trabalhou como crítico musical e atuou como regente na Rádio Sueca. Tornou-se professor no Conservatório Real de Estocolmo e foi diretor musical na Universidade de Upsala, onde permaneceu até sua aposentadoria em 1971.

Sua obra é extensa e abrange diversos gêneros, mas não se filiou a nenhuma das escolas de composição que predominaram na primeira metade do século XX, explorando uma ampla gama de formas, desde as ligadas ao neoclassicismo, até as técnicas dodecafônicas e atonais, que abordou de maneira bastante pessoal.

Além de composições sinfônicas, concertos, música de câmara e vocais, trabalhou também com música para teatro, cinema e rádio. Entre suas obras mais conhecidas destacam-se a Suíte Pastoral (Pastoralsvit, 1938),  Um conto de Inverno (Em Vintersaga, 1937-8), Sinfonieta para Orquestra de Cordas, Pequena Serenata para a mesma formação, três sinfonias (n°1, op.2, 1928; n° 2 , op. 17, 1937; n° 3, op.34, 1945), além de peças vocais como Missa brevis e concertos como o e para Violino, op. 42.

Entre 1953 e 1957 Larsson, notando que havia uma lacuna no repertório, escreveu uma série de doze concertinos (concertos de pequenas dimensões) para diversos instrumentos e orquestra: flauta, oboé, clarinete, fagote, trompete, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, piano e trombone.

O Concertino para Trombone e Orquestra de Cordas foi o sétimo a ser escrito e se alinha ao estilo neoclássico, ou seja, tem ligações com a linguagem de períodos anteriores da história da música. É dividido em três movimentos, Preludium: Allegro pomposo, Aria: Andante Sostenuto e Finale: Allegro giocoso, e se caracteriza por elementos de sátira e contraste.

ANTONÍN DVORÁK (Nelahozeves, 1841-Praga, 1904)
“Sinfonia nº 8” em sol maior

O mais destacado dos compositores tchecos, Dvorák foi aprendiz de açougueiro até os dezenove anos. Felizmente para a posteridade, recebeu apoio de um tio e foi tentar a sorte em Praga, onde começou a estudar órgão e viola, chegando a violista da Orquestra do Teatro Provisório, e iniciou sua carreira de compositor. Admirador fervoroso de Johannes Brahms, depois de muito hesitar, apresentou a ele algumas de suas composições. Estas agradaram tanto o severo compositor alemão que, além de indicar Dvorák  ao seu editor de música, Simrock, insistiu para que ele participasse de um concurso de composição em Viena, do qual saiu vencedor. Após esse evento, Dvorák abandonou tudo para dedicar-se definitivamente somente à composição.

A Sinfonia nº 8 é um trabalho intermediário entre o desespero da Sétima (1885), composta à sombra da morte de sua mãe, um período que o próprio Dvorák descreveu como “de dúvida e obstinação, tristeza silenciosa e resignação”, e a ambivalência emocional da Nona Sinfonia, chamada Do Novo Mundo (1893), na qual alterna sentimentos de encantamento com as novas culturas da América e de nostalgia por seu país distante.

Começou a ser escrita em agosto de 1889, mas devido a uma série de encomendas teve que trabalhar em várias obras simultaneamente, chegando a comentar que tinha tantas idéias musicais estourando na cabeça que não conseguia escrever nada rapidamente. Talvez por isso tenha evitado algumas complexidades instrumentais de uma sinfonia tradicional, afirmando que era uma obra diferente, na qual procurou trabalhar pensamentos individuais de um modo novo. Para o biógrafo de Dvorák, Kretschmar, a Oitava Sinfonia é um poema lírico que canta a beleza de seu país, mais importante pelo seu espírito do que pela sua forma.

Estreou em Praga no dia dois de fevereiro de 1890, mas desagradou o editor Simrock que, por achar que tinha trechos muito longos e, portanto pouco vendáveis, ofereceu uma soma irrisória pela obra. Indignado, Dvorák procurou o editor inglês Novello, que publicou a obra em 1892. Devido a este incidente, a Sinfonia n° 8 ficou conhecida como Inglesa, embora tenha sido dedicada à Academia Boêmia de Praga.

Lenita W. M. Nogueira

 

Tradição européia, jeito brasileiro

Sala Luís Otávio Burnier: Casa da Sinfônica

Lenita: uma aula de música clássica

Wilson Dias: trombonista desde criança