Os Compositores – BRAHMS

A obra que encerra o concerto regido pelo maestro Karl Martin é a Sinfonia n° 3, em Fá Maior, op. 90, de Johannes Brahms.

JOHANNES BRAHMS (Hamburgo, 1833-Viena, 1897)

Sinfonia n° 3, em Fá Maior, op. 90

Após remoer sua Primeira Sinfonia por mais de duas décadas, foi somente aos 41 anos que Brahms conseguiu se livrar do estigma de Beethoven e, nas palavras do maestro Tintner, “o feitiço se quebrou.” Brahms então partiu para sua segunda sinfonia com mais confiança e em algumas semanas escreveu uma obra que se destaca pela leveza e vivacidade, características pouco encontradas na obra do severo compositor. 

A Sinfonia n° 3 estreou em Viena em dezembro de 1883, sob a regência de Hans Richter. Na época havia uma disputa acirrada pela herança musical de Beethoven, que colocava Brahms e Richard Wagner em lados opostos.

Partidários deste último não hesitavam em desmerecer a obra de Brahms. Um deles, o compositor Hugo Wolf, afirmou havia mais inteligência e emoção em uma simples nota tocada por Franz Liszt (sogro de Wagner) do que nas sinfonias de Brahms.

O próprio Wagner e sua esposa Cosima (a filha de Liszt), diziam que Brahms era rude e grosseiro, além de compor música medíocre. Wagner, entretanto, não chegou a ouvir a Sinfonia n° 3 de Brahms, pois havia falecido no início daquele ano de 1883.

Apesar do desprezo dos wagnerianos, o sucesso de público foi tão grande que muitas orquestras fora de Viena disputavam a oportunidade de programar a obra, o que elevou Brahms ao patamar de um dos maiores compositores europeus.

A sinfonia se abre com um motivo nos sopros, que fica como um apoio ao tema, que aparece nos violinos. Na sequência, outro tema introduzido pela clarineta sobre um pedal das cordas graves introduz um clima pastoral que contrasta com o início da sinfonia.

Depois de diversos momentos contrastantes, a chamada do primeiro tema pelas trompas leva a um trecho repleto de contrapontos e a um final contemplativo. No segundo movimento há o predomínio de clarinetas e fagotes que apresentam o primeiro e o segundo temas.

O momento mais introvertido é o terceiro movimento, cujo tema, melancólico e sombrio, é apresentado pelos violoncelos e desenvolvido de forma soberba.  O último movimento começa sombrio, chega a uma grande agitação e se conclui com uma tranqüila lembrança do primeiro movimento.

Deixamos a palavra com a pianista e compositora Clara Schumann, que escreveu ao compositor em fevereiro de 1884: “Que trabalho! Que poema! Que clima maravilhoso impregna toda a obra. Todos os movimentos parecem ser de uma só peça, uma batida do coração, cada um deles uma jóia! Do começo ao fim o ouvinte é envolvido com o misterioso charme dos bosques e florestas. Não posso dizer qual movimento me agradou mais. No Primeiro fiquei imediatamente encantada pelo cintilar do amanhecer, como se os raios de sol estivessem brilhando através das árvores. Tudo é vida, tudo respira bom prazer, é realmente excelente! O Segundo é puro idílio! Eu podia ver os fiéis ajoelhados no pequeno santuário da floresta. Ouvi o balbucio do cuco e o zunir de insetos. Existe algo que se agita e sussurra em volta e todos são arrebatados pela alegre teia da natureza. O Terceiro movimento é uma pérola, mas é um acinzentado mergulhado em uma lágrima de tristeza. É seguido gloriosamente pelo último movimento com sua erupção apaixonada! Mas a batida do coração é logo acalmada novamente para a transfiguração final, que começa com tal beleza no motivo do desenvolvimento que palavras me faltam!”

Lenita W. M. Nogueira

 

 

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